A campanha internacional é de 16 (dezesseis) dias de ativismo, mas no Brasil temos 21 (vinte um) dias de ativismos pelo fim da violência contra as mulheres porque se inicia no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e segue até o dia 10(dez) de dezembro (Dia dos Direitos Humanos) e meu aniversário (rs).
No Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada hora, cinco pessoas são estupradas Pior do que isso: o número de estupros denunciados cresceu 38% entre 2016 e 2017, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). E acredita-se que menos de 15% das vítimas denunciam seus agressores.
E o que faz com que exista e persista essa subnotificação e as diversas entidades que atendem mulheres vítimas, o diminuto número de denúncias se dá por diversos motivos:
Dentre eles: o medo, a vergonha, dependência financeira, falta de credibilidade no sistema judiciário, falta de apoio familiar, social e de rede de apoio.
Muitas reclamam da falta de empatia dos profissionais que atuam nas delegacias da mulher, pois, muitas vezes, a mulher que quer denunciar é desqualificada e desrespeitada quando procura ajuda.
E vejam que a violência contra a mulher não se resume ao abuso físico, mas grande parte da sociedade acredita e enxerga apenas a violência aparente e física, mas na nossa legislação também são criminalizadas as violências psicológica, moral, sexual e patrimonial.
Segundo o Instituto Datafolha, a cada hora 503 mulheres são vítimas de um desses tipos de violência. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que 70% dessas vítimas sofreram violência doméstica.
No Brasil, a mobilização foi iniciada por ativistas no Instituto de Liderança Global das Mulheres, em 1991, e continua a ser coordenada anualmente pelo Centro para Liderança Global das Mulheres. É uma estratégia de mobilização de indivíduos e organizações, em todo o mundo, para engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra as mulheres e meninas.
Em apoio a esta iniciativa da sociedade civil, a campanha do Secretário-Geral da ONU “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres até 2030” pede ações globais para aumentar a conscientização, estimular os esforços de defesa e compartilhar conhecimentos e inovações.
Embora os nomes, horários e contextos possam diferir, mulheres e meninas sofrem universalmente estupro, violência sexual e abuso, em tempos de paz ou guerra.
O estupro está enraizado em um conjunto complexo de crenças patriarcais, poder e controle que continuam a criar um ambiente social no qual a violência sexual é generalizada e normalizada. O número exato de estupros e agressões sexuais é notoriamente difícil de confirmar devido à impunidade frequente para os estupradores e o estigma em relação às sobreviventes e seu silêncio.
Nos últimos anos, as vozes das sobreviventes e ativistas, por meio de campanhas como #MeToo, #TimesUp, #Niunamenos, #NotOneMore, #BalanceTonPorc e outros, destacaram a questão da violência sexual e alcançaram um impacto que não pode mais ser silenciado ou ignorado.
No Brasil, além dos 21 dias de ativismos, é importante destacar as campanhas como “Agosto Lilás”, “SinalVermelho”, “Não é Não”, “Feminicídio Zero”, “Paridade de Verdade”, que durante todo o ano buscam chamar a atenção para a importância do combate à discriminação e à violência contra a mulher.
Muitas pessoas pensam que esse não é um problema delas, mas é sim, é um problema social e todos devem estar envolvidos, principalmente a educação. A mulher que sofre violência tem uma série de prejuízos na sua saúde física e psicológica, comprometendo suas funções pessoais, profissionais e sociais.
Importante que possamos refletir sobre o tema nestes 21 dias de ativismo, chamando a atenção do Poder Público para implementação de políticas públicas que possam auxiliar no combate a todo tipo de violência contra a mulher, posto que, já se concluiu que ela tem impacto direto no PIB, uma vez que os reflexos na economia são inegáveis, vez que provoca falta ao trabalho, queda da produtividade, aumento dos atendimentos pela saúde e serviços sociais, bem como a busca pelos benefícios sociais e previdenciários.
Desta forma, importante essa campanha e sua divulgação como uma forma de contribuição ao combate à todo tipo de violência contra a mulher e que possamos discutir com a nova geração que formará o pensamento futuro, com mudanças de paradigmas importantes e para que possamos concretizar um mundo mais justo e igualitário.
Nas palavras de Audre Lorde: “Não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.
Que sigamos em frente com respeito, oportunidades e dignidade a todas as mulheres, sem deixar ninguém para trás, plantando tâmaras, pelo caminho do sol e sem medo de ser feliz!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e Coordenadora Municipal da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande-MS





