O renomado psicólogo e autor americano Daniel Gilbert define felicidade como a capacidade de visualizar um futuro que nos traga satisfação. No entanto, a questão da felicidade vai além dessa perspectiva e é dividida em diferentes categorias de acordo com os especialistas.
A psicóloga Emma Seppälä oferece uma visão mais profunda sobre o assunto, afirmando que existem dois tipos de felicidade, mas apenas uma delas é verdadeiramente duradoura.
Os dois tipos de felicidade
Emma Seppälä, autora e diretora de pesquisa da Universidade de Stanford, categoriza a felicidade em dois tipos: hedônica e eudaimônica. Essas duas formas de felicidade têm origens, impactos e durações bastante diferentes.
A primeira, a felicidade hedônica, está relacionada com prazeres sensoriais e imediatos. É aquela sensação de satisfação que vem de experiências temporárias, como comer algo delicioso, fazer uma compra desejada ou assistir a um filme agradável.
Esses momentos de felicidade são efêmeros e, por serem baseados em estímulos externos, rapidamente desaparecem, levando as pessoas a buscarem novas fontes de prazer para repetir a sensação. Este ciclo pode resultar em uma constante busca por mais estímulos, e o que inicialmente traz satisfação acaba se tornando uma corrida interminável por mais, muitas vezes levando a sentimentos de vazio ou frustração.
Por outro lado, a felicidade eudaimônica está ligada a uma vida de propósito e significado. É a sensação de realização que surge quando nos dedicamos a algo maior do que nós mesmos, como o bem-estar de outras pessoas ou uma causa que consideramos importante.
Este tipo de felicidade é muito mais duradouro e profundo, proporcionando uma sensação de pertencimento e uma conexão mais significativa com o mundo ao nosso redor.
Seppälä destaca que, enquanto a felicidade hedônica é muitas vezes superficial e temporária, a felicidade eudaimônica tem o poder de oferecer um bem-estar prolongado. Este tipo de felicidade está intimamente ligado a ajudar os outros e construir relações sociais sólidas.
Pesquisas mostram que realizar atos de bondade em prol dos outros traz mais felicidade do que satisfazer desejos pessoais. Ajudar o próximo, além de promover uma sensação de propósito, tem um impacto positivo na nossa saúde mental, reduzindo sintomas de ansiedade e depressão e promovendo a longevidade.
Além disso, estudos científicos comprovam que pessoas que desenvolvem hábitos e atitudes altruístas experimentam menos inflamação corporal e apresentam melhorias na saúde geral. Conectar-se com os outros, construir relações sólidas e dedicar-se a algo que vá além dos interesses individuais são fatores cruciais para a felicidade duradoura e o bem-estar mental.
Benefícios da felicidade eudaimônica
A felicidade eudaimônica, além de proporcionar uma sensação de realização, pode transformar a saúde física e emocional. O impacto positivo de se envolver em atividades altruístas e focadas no coletivo é enorme.
A psicóloga Emma Seppälä sugere que, ao focar em ajudar os outros, as pessoas não apenas promovem o bem-estar de quem as rodeia, mas também ampliam a própria satisfação pessoal. Essa prática diminui o foco no “eu”, o que ajuda a reduzir preocupações, sintomas de ansiedade e até depressão.
A autora também menciona que a construção de conexões sociais e o fortalecimento de relacionamentos genuínos são vitais para a nossa saúde mental e emocional.
Quando estamos mais conectados com outras pessoas e nos sentimos parte de um grupo ou comunidade, tendemos a nos sentir mais seguros e equilibrados emocionalmente. Esses laços sociais têm um impacto direto na felicidade e são fundamentais para nos sentirmos verdadeiramente realizados e plenos.
Equilíbrio entre os dois tipos de felicidade
Embora Seppälä coloque a felicidade eudaimônica como a mais duradoura e profunda, ela também ressalta a importância de manter um equilíbrio entre as duas formas de felicidade. Ela acredita que tanto a felicidade hedônica quanto a eudaimônica são necessárias para uma existência mais prazerosa e saudável.
Ter momentos de prazer imediato, como aproveitar um bom filme, uma refeição deliciosa ou um dia de descanso, é importante para o bem-estar mental e ajuda a aliviar o estresse do cotidiano.
No entanto, esses momentos devem ser complementados com uma busca maior por propósito e significado, que é o que realmente mantém o contentamento a longo prazo.
Seppälä sugere que o ideal é encontrar um equilíbrio saudável entre os dois tipos de felicidade, para que possamos ter momentos de prazer imediato sem perder de vista o que realmente nos faz sentir completos e realizados.