Desde a última terça-feira (29), a Espanha enfrenta um cenário meteorológico extremo. Fortes chuvas atingiram as áreas da Andaluzia e Valência, causando inundações devastadoras que já resultaram em pelo menos 155 fatalidades confirmadas até esta quinta-feira (31). O sudeste espanhol viu suas cidades serem drasticamente afetadas por essa catástrofe sem precedentes.
Origens do fenômeno climático
A Agência Meteorológica Estadual da Espanha (Aemet) identificou que as intensas precipitações são consequências de um bloqueio atmosférico.
Um sistema de baixa pressão em altitudes médias e altas, conhecido como Dana (Depressão Isolada em Níveis Altos), é apontado como o grande intensificador dessa instabilidade climática no país.
“Esse fenômeno se forma quando uma massa de ar frio em altitude se separa da corrente principal de ventos (corrente em jato) e cria um sistema fechado. Ao encontrar ar quente e úmido próximo à superfície, especialmente no Mediterrâneo, que apresenta temperaturas elevadas nesta época do ano, a Dana gera uma forte instabilidade que desencadeia chuvas convectivas intensas”, explicou Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.
Registros impressionantes de precipitação
Segundo dados das autoridades locais, a quantidade de chuva em Valência entre terça e quarta-feira alcançou marcas históricas, sendo o maior volume desde 11 de setembro de 1966.
A Euro News reportou que foram registrados cerca de 302 milímetros no período. Além disso, a plataforma Windy evidenciou densas nuvens de tempestade sobre o Mediterrâneo, particularmente na região da Catalunha.
Diante desse cenário, o Serviço Meteorológico da Catalunha emitiu um alerta vermelho para a área, incluindo Barcelona, indicando que a tempestade poderá atingir essas localidades em breve.
Destruição e mortes
Na madrugada de terça-feira, após a tempestade, equipes de emergência recuperaram corpos na região leste da Espanha, Valência. Carlos Mazón, chefe do governo regional, confirmou essas informações. Até o momento, o governo espanhol não divulgou estimativas dos danos materiais causados às infraestruturas locais.
Em declaração oficial, o primeiro-ministro Pedro Sánchez destacou que o estado de emergência ainda está vigente e comentou sobre os estragos provocados pela enchente.
Há dezenas de municípios inundados, estradas e vidas cortadas, pontes destruídas pela violência das águas disse ele, enfatizando a situação crítica em Valência.
Sánchez também expressou sua solidariedade às famílias afetadas e assegurou que “todos os recursos do Estado e, se for necessário, da União Europeia” serão mobilizados para auxiliar na reconstrução das áreas devastadas.
“A Espanha inteira chora”, afirmou durante seu pronunciamento.
A chuva extrema foi efeito de uma baixa pressão segregada que é chamada de DANA pelo espanhóis. É o maior desastre natural por chuva no país em décadas. O clima é de comoção que é estampado nas capas dos jornais de hoje da Espanha. Mesmo os diários de esportes, como Marca e AS, ocupam suas capas com o desastre do século.
