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Homem é diagnosticado com demência após notar mudança sutil no trabalho

Para muitas pessoas, chegar ao final dos 40 anos é um marco que marca o início dos planejamentos para a aposentadoria. No entanto, para Peter Alexander, essa fase da vida trouxe um desafio inesperado e devastador.

Aos 49 anos, ele recebeu o diagnóstico de demência frontotemporal (DFT), uma condição que afeta o funcionamento do cérebro e que, nos últimos anos, também foi confirmada em figuras públicas como Bruce Willis e Wendy Williams.

A notícia alterou completamente o curso de sua vida. Peter, que reside na Irlanda do Norte ao lado de sua esposa Jill, precisou abandonar sua carreira e focar exclusivamente na adaptação à nova realidade imposta pela doença. O que começou com pequenos desafios no trabalho logo se tornou um problema significativo, que resultou na descoberta da condição.

Embora seja um diagnóstico difícil de aceitar, Peter compartilha sua história para aumentar a conscientização sobre os sinais da demência e os desafios que ela impõe. Ele acredita que, ao falar abertamente sobre o assunto, pode ajudar outras pessoas a reconhecerem os sintomas precocemente e buscarem apoio especializado.

O que é a demência frontotemporal?

A Clínica Mayo define a demência frontotemporal (DFT) como um grupo de doenças cerebrais que afetam principalmente os lobos frontal e temporal do cérebro.

“Na demência frontotemporal, partes desses lobos encolhem, o que é conhecido como atrofia”, afirma o outlet.

“Os sintomas dependem de qual parte do cérebro é afetada. Algumas pessoas com demência frontotemporal têm mudanças em suas personalidades.”

De acordo com a instituição, os sintomas variam conforme a parte do cérebro afetada. Em alguns casos, a doença pode resultar em mudanças bruscas na personalidade, tornando o indivíduo mais impulsivo, indiferente emocionalmente ou até socialmente inadequado. Já em outras situações, o impacto principal ocorre na linguagem, dificultando a comunicação verbal.

“Eles se tornam socialmente inapropriados e podem ser impulsivos ou emocionalmente indiferentes. Outros perdem a capacidade de usar a linguagem corretamente.”

Essa diversidade de sintomas torna o diagnóstico desafiador, pois nem sempre os sinais iniciais são óbvios. Muitas pessoas acreditam que a demência está ligada apenas à perda de memória, mas a demência frontotemporal pode se manifestar de maneiras inesperadas, como aconteceu no caso de Peter.

Uma mudança sutil no trabalho foi o primeiro sinal

Os primeiros indícios de que algo estava errado surgiram durante sua rotina profissional. A princípio, era apenas uma leve dificuldade em lidar com prazos e reuniões, algo que ele nunca havia enfrentado antes. No entanto, a persistência desses pequenos problemas foi o que o levou a buscar respostas.

Em entrevista à BBC News, Peter relembrou o momento em que percebeu que algo estava diferente:

“Eu estava começando a ter dificuldades para cumprir prazos [no trabalho], o que nunca tinha sido um problema antes, e durante as reuniões, eu não conseguia pensar em uma palavra ao falar”.

O desconforto e a frustração diante dessas dificuldades o levaram a marcar uma consulta com um neurologista. O exame confirmou aquilo que ele menos esperava.

“Lembro-me muito claramente da data, era 14 de janeiro de 2018, quando os resultados chegaram e o médico disse: ‘Peter, eu diagnostiquei você com demência frontotemporal'”.

O impacto da notícia foi avassalador. Ele soube imediatamente que sua vida nunca mais seria a mesma.

“Basicamente, me disseram que não era mais seguro trabalhar porque meu julgamento estava prejudicado e eu estava perdendo meu filtro, então foi muita coisa para me adaptar”.

“Eu ainda sou Peter”

Atualmente, aos 56 anos, Peter segue convivendo com a doença, mas enfatiza a importância de ser tratado como a mesma pessoa que sempre foi.

Ele deseja que as pessoas enxerguem além da condição e reconheçam quem ele é, independentemente das limitações impostas pela demência.

As pessoas pensam que quando você tem demência é só porque você esquece as coisas, mas é algo mais complexo e pode se manifestar de diferentes maneiras

Outro grande desafio enfrentado por quem recebe esse diagnóstico é o longo tempo necessário para que a doença seja identificada corretamente.

“Infelizmente, para muitas pessoas, o diagnóstico pode demorar muito tempo e isso coloca uma enorme pressão sobre a unidade familiar” 

Peter reforça que essa espera prolongada impõe uma carga emocional e física sobre toda a família, que muitas vezes lida com a incerteza e a falta de apoio adequado.

Apesar de tudo, ele insiste que, no seu íntimo, continua sendo a mesma pessoa.

“Posso não ser sempre capaz de expressar isso da mesma maneira, mas ainda sou a mesma pessoa que era, por dentro ainda sou Peter”.

Reflexões sobre a demência e a importância do diagnóstico precoce

A história de Peter Alexander serve como um alerta sobre como a demência frontotemporal pode se manifestar de formas sutis e como o diagnóstico precoce é essencial para garantir qualidade de vida ao paciente.

Pequenas dificuldades no dia a dia, como esquecer palavras ou ter problemas para cumprir prazos, podem ser sinais de algo maior e não devem ser ignorados.

O avanço da ciência tem permitido compreender melhor essa condição, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que pacientes e familiares recebam o suporte necessário.

Enquanto isso, relatos como o de Peter ajudam a desmistificar a demência e mostrar que, apesar dos desafios, ainda há espaço para viver com dignidade e reconhecimento.

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