Há 523 anos, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, ou a Pindorama como era chamada pelos povos indígenas que aqui habitavam. Com uma tripulação numerosa e com experientes navegadores, a frota da Coroa Portuguesa contava com “nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos” (BERNARDO, 2021).
Experiente como navegador, Cabral foi designado pelo então rei de Portugal, D. Manuel I, para chefiar uma expedição à Índia em 1500, sendo recomendado que seguisse a mesma rota que Vasco da Gama fez anteriormente.
O objetivo da expedição era chegar às Índias para fazer negociações comerciais, uma vez que Vasco da Gama havia obtido sucesso na sua viagem em 1498.
Ou seja, ao sair de Lisboa, Cabral deveria cruzar o Atlântico e contornar o Cabo da Boa Esperança para chegar à Índia, mas não foi o que ele fez.
Na verdade, ele realizou um desvio para a direção sudoeste que, consequentemente, o fez chegar à costa brasileira, mais especificamente no litoral sul do atual estado da Bahia.
Controvérsias
A veracidade desse desvio que teria levado à “descoberta” do Brasil, entretanto, é discutida por diversos historiadores, os quais, ao analisarem as experiências de navegadores, acreditam que a expedição não teria se perdido tão facilmente.
Além disso, alguns estudiosos contestam a chegada de Pedro Álvares Cabral e apontam que outros navegadores teriam avistado e feito expedições às terras da América do Sul antes mesmo do português.
Esse seria o caso de Vicente Pinzón (1462-1514), que teria saído de Palos, na Espanha, com mais 4 caravelas, rumo ao oeste de Cabo Verde.
No entanto, ao enfrentar uma tempestade e avistar terras firmes, teria se deparado com um local que batizou como “Santa Maria de la Consolación” que, por sua descrição, teria semelhança com o litoral do Nordeste brasileiro.
“Em entrevista à Folha de S. Paulo, o almirante Max Justo Guedes, historiador e autor do livro “O descobrimento do Brasil” que morreu em 2011, afirmou que Pinzón conta em seus diários de bordo que, em determinado momento, a tripulação perdeu de vista a estrela Polar, o que indica que cruzaram a linha do Equador e seria inevitável não desembarcar no litoral brasileiro nesse caso.” (FRAGA, 2021).
Apesar das controvérsias em torno do tema, na história brasileira “oficial” e no discurso dominante, Pedro Álvares Cabral é reconhecido como o responsável por encontrar o novo território. Quando se fala de “Descobrimento do Brasil”, o nome do português que é associado ao evento.
Os indígenas já chamavam a terra de Pindorama (que significa “terra livre dos males”). Posteriormente, com a chegada dos portugueses, esse território recebeu vários nomes, como Ilha de Vera Cruz, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, entre outros, até ser chamada de “Brasil” em 1527.
Uma terra já habitada
Em 1500, Pedro Álvares Cabral e aqueles que desembarcaram com ele em busca de ocupar as terras brasileiras, tiveram o encontro com os povos indígenas que habitavam o litoral baiano.
Nesse primeiro contato houve um estranhamento, de ambos os lados, em relação ao que indígenas e portugueses possuíam, pois se expressavam e se relacionavam de forma muito diferente.
Alguns historiadores caracterizam esse momento como um “encontro de culturas” e outros como um “desencontro de culturas”, visto que as relações foram estabelecidas desde o início pautadas numa hierarquia, a qual pressupunha a superioridade do homem branco (europeu) em relação ao “outro” dito selvagem/não “civilizado” (indígena).
É nesse cenário, e a partir desse choque de culturas, que se tem início a colonização portuguesa no Brasil, o qual corresponde a um processo de conflitos entre portugueses e indígenas, doenças contagiosas oriundas de Portugal se espalhando no Brasil e exploração das terras brasileiras.
*Informações: Memoria EBC; Politize; Ebiografia.
Olga Mongenot