Nos dias 3 e 4 de agosto se realizará no Bioparque o Congresso Nacional Mulheres pela Paridade – 1º Congresso Estadual, e terá como tema Diálogos pela Equidade.
Promovido pelo Fórum Permanente Pela Paridade Institucional e Política das Mulheres, quando completa seu segundo ano de instalação reunindo, estudiosas, mestres e doutoras para discutir as discriminações, os avanços e os desafios enfrentados pelas mulheres na luta pela paridade.
Não é novidade que as mulheres estão sub-representadas em espaços de poder.
No ano de 2019, o estudo das Estatísticas de Gênero do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 37,4% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres, apesar de elas possuírem mais anos de estudo.
A mesma pesquisa aponta que as mulheres são mais instruídas que os homens, portanto, não se deve à instrução essa falta de oportunidades e efetivação da equidade.
Acredito que para mudar, é preciso que a sociedade inteira se movimente para entender que precisamos aproveitar todo o potencial que existe no mundo. E isso significa incluir as mulheres em todas as esferas.
No entanto, dentro das organizações, as mulheres raramente encontram identificação com essas referências na liderança.
Existem poucas mulheres ou poucas mulheres-mães, mulheres-negras, mulheres-trans que conseguem alçar cargos de chefia ou eletivos.
No caso do Brasil a situação é ainda mais crítica, apenas 8,6% (oito vírgula seis por cento) de mulheres ocupam cargos de liderança, informa o estudo da Deloitte (Mulheres no Conselho). No mundo todo, a proporção é de 16,9% (dezesseis vírgula nove por cento).
A partir da identificação de gêneros, a sociedade segue com uma segregação funcional do homem e da mulher.
Há um papel a ser cumprido por cada um, enquanto as meninas, desde pequenas, são imersas em um espectro de delicadeza, vulnerabilidade e doçura, aos homens são ensinados a serem provedores e ocuparem os cargos de liderança e poder.
Para as meninas cabe internalizar esses conceitos por meio de representações infantis, dentre estas, a brincadeira. As bonecas para brincar de cuidar de bebês, as cozinhas para já ir entendendo que vai precisar cozinhar para a família, as maquiagens porque é preciso estar sempre bonita e arrumada. As crianças vão se familiarizando com o que a sociedade espera e exige delas.
Na ausência ou falta de políticas públicas de cuidado, as mães tornam-se reféns de responsabilidades que cabem não só a ela, mas à sociedade como um todo.
André Simões, pesquisador do IBGE, apontou que: “Ao observar em uma perspectiva de raça e classe, o cenário é ainda mais grave. Enquanto só 49,7% (quarenta e nove vírgula sete por cento) das mães negras com filhos de até 3 anos estavam trabalhando, a parcela de mães brancas na mesma situação era de 62,6%.” Já sabemos o quanto tais fatores impactam negativamente no Brasil quando se discute sobre equidade de gênero e suas transversalidades.
Caso as organizações não se movam, de maneira eloquente, numa força disruptiva contra a dupla jornada feminina em busca de dias melhores, os ambientes organizacionais seguirão sem a menor diversidade. A presença das mulheres no topo da pirâmide tem a ver, portanto, com o desejo de rever a cultura machista e a própria existência de um topo da pirâmide e de mudar as estruturas que a sustentam.
Sem o avanço dentro dessas perspectivas, o intuito de colaborar com o aumento da representatividade torna-se um objetivo somente rentável, voltado para os resultados financeiros, sem impulsionar a percepção de valor pela sociedade para com as mulheres pretas, brancas, ricas ou periféricas, mães ou sem filhos e deficientes.
Precisamos urgente de políticas públicas voltadas a alcançar a paridade necessária para equilíbrio dos direitos humanos das mulheres.
Continuemos a plantar tâmaras, sem medo de ser feliz!!!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres