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A verdade – o discurso e a realidade

Numa reflexão sobre acontecimentos e situações que nos deparamos diariamente, venho percebendo que por vezes o que se fala, o que se discursa, o que se prega fica anos luz do que realmente acontece ou se realiza nas mais diversas áreas. 

Trazendo um adágio antigo “faça o que eu digo e não o que eu faço.” Se percebe que essa distorção entre o discurso e a realidade, o que prega e o que faz é antigo mesmo, pouco mudou, acontece que exemplo marca mais, ensina mais e direciona mais.

Na política isto é tão aviltante que os candidatos contratam grandes empresas especializadas em criar personagens, numa maquiagem marqueteira que conduz os atores políticos e suas campanhas eleitorais e esconde o significado profundo da verdade, resultando em debates carentes de profundidade de argumentos e que induzem os eleitores a erro.

E por falar em filosofia, para Sócrates a verdade está ligada à sabedoria humana, o discurso verdadeiro, segundo Platão, é aquele que diz como as coisas são. Na profundidade do pensamento de Santo Agostinho, a verdade não é minha e nem tua para que seja nossa, ou, como muito bem conceituou Santo Tomás de Aquino, a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa, ou seja, a realidade das coisas. Em tempos de mídias sociais, fake news, do egocentrismo, parece que nenhum deles se ajusta ao contexto atual.

Esquecemos muitas vezes de sublinhar que a verdade tem uma dimensão ética de compromisso com aquilo que é anunciado publicamente no discurso.

Os contrastes entre o discurso e a realidade, a riqueza de experiências humanas dos candidatos e a superficialidade de suas propostas, a carência de discussões e debates de temas de relevância para o país, ficam longe da realidade.

E porque estou frisando as campanhas políticas, porque são os homens e as mulheres que vão legislar sobre todos os assuntos e serviços que precisamos, que vão gerir nossas cidades, estados e país, e se votamos em pessoas que não são comprometidas com a verdade essa será a realidade que enfrentaremos, diferente do discurso apresentado.

E essa dificuldade de sair do discurso e enfrentar a realidade, ou inverter trazer a realidade para o discurso está nas diversas esferas e áreas da sociedade.

E o que dizer das promessas que não são cumpridas confiando no esquecimento do eleitor, que não acompanha seu candidato depois de eleito e não exige o cumprimento das promessas feitas durante a campanha.

E nunca é demais lembrar que a calunia, a injuria e a difamação por vezes incluídas nos discursos de campanha, são penalizados no nosso Código Penal como crime, apesar das penas brandas.

E para encerrar essa reflexão, já que estamos diante de uma eleição municipal seria bom que passássemos a cobrar maior comprometimento de nossos(as) candidatos(as) com a verdade em suas promessas e nas acusações aos demais candidatos(as).

“Como a verdade é o que nos liberta, segundo os ensinamentos de Jesus Cristo, temos a esperança que nestas eleições possamos ter a verdade como princípio inspirador dos debates políticos, não subestimando a inteligência de nosso povo, pois o mesmo conhece bem a realidade das coisas, estando ávido para ouvir as propostas e assumi-las como verdadeiras, subsidiando as suas escolhas e pensando melhor no futuro de nosso Brasil. (colhido da coluna no O Globo de Josafá Carlos de Siqueira-reitor da PUC-Rio)

Que nossa campanha eleitoral possa melhorar seu nível de discussão e comprometimento dos candidatos reduzindo o distanciamento com a verdade trazendo a realidade para o discurso e vice versa, que por certo trará melhoria significativa para nosso povo e nossa cidade, sem medo de ser feliz!

Dra. Iacita Azamor Pionti

Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres

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