Com a quantidade de bets fazendo propaganda sobre ganhos fáceis, fazendo a cabeça de muita gente atrás de ganhar um dinheiro rápido quando aposta, pensando estar fazendo um investimento.
Contudo, trata-se de um ledo engano, posto que, aposta não é investimento.
O que me levou a fazer algumas pesquisas e alguns estudos e conceitos de especialistas no assunto, e o que se verifica é que o investimento é quando a pessoa aplica seu dinheiro, por exemplo, numa fábrica ou numa loja, de olho num retorno futuro, ou quando alguém compra ativos financeiros, como ações de uma empresa ou títulos do governo, que, apesar de não ser um investimento direto no setor produtivo, acaba sendo canalizado para que uma empresa compre máquinas e equipamentos, ou seja, tem um lastro em investimentos produtivos.
Portanto, existe um retorno. Não é, porém, o que acontece quando se aposta. “Quando você tem apostadores, esse dinheiro é distribuído entre quem ganha e quem perde e uma parte vai para o organizador, quem está organizando aquela aposta. Não tem uma geração de valor no sentido daquele dinheiro ser aplicado produtivamente e gerar um retorno”, explica o professor Nakabashi em evento sobre educação financeira promovido pela Anbima e disponibilizado em sua página.
E prossegue suas explicações: “Ao longo do tempo, a quantidade que as pessoas apostam e o tanto que elas recebem de volta acaba sendo menor, porque uma parte fica para o organizador.
Quanto mais tempo a pessoa aposta, é mais certeza que ela vai ter um retorno negativo.
Ora a pessoa faz o investimento para ter um retorno maior, para ter o principal de volta, aquilo que apostou mais algo adicional, que pode ser um dividendo, que pode ser a valorização da ação, que podem ser os juros daquele título da dívida da empresa.
Então quando pensamos no investimento ao longo do tempo, o retorno é maior e é positivo, para receber mais do que o valor que apostou no começo.
E quanto maior o prazo, é mais certeza que vai receber de volta, mesmo quando tem investimento em ações que tem uma oscilação.
No curto prazo pode ter perdas, mas, ao longo do tempo, se fizer um bom investimento, uma boa análise, por certo, vai ter um retorno positivo.
E o que acontece com as apostas? Não existe um retorno. A pessoa pode ganhar num determinado período e ter um retorno, de fato, mas, ao longo do tempo, quanto mais se aposta, maior é a probabilidade de ter um retorno negativo.
Se a pessoa quer investir, ela tem que aprender sobre os ativos financeiros, sobre as possibilidades, sobre o que de fato é investimento, para que ela faça esse investimento de forma mais consciente e tenha um retorno sobre isso”, conclui.
“Já havia algum aprendizado de pesquisas anteriores de que aposta não é só diversão, você encontra também pessoas usando como complemento de renda ou até como renda principal”,
Nesse sentido existem alguns perfis identificados: 1 – a pessoa adepta da fortuna, que joga com fé, confia que um dia a sorte virá; 2 – o expert da realidade, que aposta com método, analisa, calcula, acredita que tem como “vencer o sistema”; 3 – o matador de leões, que usa o jogo para resolver a fatura do dia, o aluguel, o básico; 4- o caçador de emoções, que aposta pelo prazer, curte os jogos com amigos e está atrás do desafio e da adrenalina.
A última pesquisa da Anbima com o Raio-X do investidor brasileiro mostrou que 15% da população fez pelo menos uma aposta em plataformas on-line no ano passado.
Extrapolando os dados, isso quer dizer que haveria cerca de 3 milhões de pessoas que apresentam alta tendência à compulsão.
Além disso, o equivalente a 4 milhões de pessoas considera as plataformas como investimentos.
O que nos parece importante e esclarecedor para não se deixar levar pelas propagandas de apostas para não ser induzido ao entendimento equivocado, esperar retorno que não vai alcançar e que pode até lhe causar déficit financeiro sem medida.
Seguimos em frente, refletindo e conscientes pela diferença gritante entre aposta e investimento, pelo caminho do sol, sem medo de ser feliz!
*Dra. Iacita Azamor Pionti – Advogada, Coordenadora Municipal da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande-MS e presidente do Conselho Municipal da Mullher





