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Campo Grande será a 1ª cidade do país a contar com espaços preparados para atendimento mais humanizado a autistas

Na vanguarda quanto às práticas inovadoras visando a melhoria da qualidade do serviço de saúde prestado à população, a Capital Sul-Mato-Grossense caminha para ser a primeira cidade do país a contar com espaços sensoriais projetados para proporcionar maior conforto e atender as necessidades de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas unidades de urgência e emergência do município. Os pacientes TEA ainda passam a ter prioridade em toda a linha de cuidado.

A iniciativa, pioneira no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), lançada nesta Semana de Conscientização do Autismo, será implementada inicialmente em duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), localizadas nos bairros Coronel Antonino e Universitário. Essas unidades foram escolhidas por estarem localizadas em regiões estratégicas e possuírem atendimento adulto e infantil 24h todos os dias da semana, além de estarem estruturadas para atender às demandas espontâneas de pacientes TEA e encaminhados via Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Para a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, o projeto é a materialização do compromisso da gestão com a humanização do atendimento à população. “Elencamos a humanização no atendimento à população como um dos pilares fundamentais de nossa atuação. Entendemos que cada indivíduo possui suas particularidades e necessidades, e é nosso dever, enquanto gestores públicos, assegurar que todos sejam acolhidos e atendidos com respeito e dignidade”, pondera.

A secretária enfatiza ainda que a melhoria no acolhimento e a humanização dos atendimentos a pessoas com autismo nas unidades de urgência representa um marco significativo neste processo. “Ele reflete o nosso compromisso não apenas com a melhoria dos serviços de saúde, mas também com a inclusão e o respeito à diversidade. Estamos dedicados a implementar políticas que garantam um atendimento mais sensível e adaptado às necessidades de todos os cidadãos, reforçando assim o nosso compromisso com uma saúde pública de qualidade, inclusiva e humanizada”, diz.


A atmosfera dos ambientes foi pensada para diminuir os estímulos sensoriais e visuais, com iluminação e cores claras, materiais táteis e elementos visuais simples, contribuindo para um melhor acolhimento e conforto do paciente TEA, conforme a médica e designer de interiores Fernanda Fávero, responsável pela criação do projeto de interiores para consultório de internação e acolhida Neurodiversa. “Isso permitirá que pais, familiares, cuidadores e acompanhantes também recebam um atendimento humanizado, inclusivo e respeitoso nas unidades de urgência e emergência”, diz.

Mãe de autista e entusiasta da causa, Mara Rúbia Gamon, coordenadora do Instituto Juliano Varela, destaca a importância de iniciativas focadas no acolhimento e humanização para pessoas com autismo.

“A implementação de projetos voltados ao acolhimento humanizado não é apenas um avanço na maneira como prestamos assistência; é uma transformação na vida dos autistas. Esses projetos oferecem um ambiente onde eles se sentem compreendidos, respeitados e, acima de tudo, valorizados. Isso não apenas melhora significativamente a qualidade do atendimento que recebem, mas também fortalece sua autonomia e confiança, influenciando positivamente em seu desenvolvimento e integração social. É um passo fundamental para reconhecermos e celebrarmos as diferenças, criando uma sociedade mais inclusiva para todos”, comenta.

A vice-presidente da Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande (AMA-CG), Flávia Caloni, diz que as pessoas com autismo e seus familiares enfrentam dificuldades para encontrar ajuda médica adequada. Isso pode envolver desde falta de compreensão dos profissionais até ambientes inadequados que podem causar problemas.

“Essas dificuldades aumentam o estresse em situações já desafiadoras e também podem impedir que nossos entes queridos recebam os cuidados de que necessitam. A iniciativa de implementar projetos focados no acolhimento e humanização nas unidades de saúde é um marco importante. Ela demonstra uma mudança positiva na abordagem da gestão de saúde, que visa entender e também agir para romper o ciclo de dificuldades no acesso ao atendimento para pessoas com autismo. Este é um passo louvável em direção a uma sociedade mais inclusiva e empática, onde todos possam receber cuidados adaptados às suas necessidades específicas”, enfatiza.

A previsão é de que os espaços, tanto consultórios quanto salas de descompressão e estabilização, estejam em funcionamento nos próximos 60 dias nas duas unidades escolhidas para iniciar o projeto. O projeto deve avançar gradativamente para as demais unidades de urgência e emergência seguindo um cronograma a ser estabelecido.

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