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Cientistas identificam o “ponto sem retorno” em relacionamentos fracassados

Para muitas pessoas, o período que antecede o fim de um relacionamento pode ser ainda mais doloroso do que o término propriamente dito. A menos que você seja um dos poucos sortudos que encontrou o amor verdadeiro desde cedo, é provável que já tenha enfrentado (ou venha a enfrentar) uma separação ao longo da vida.

Esse processo, muitas vezes lento e desgastante, pode deixar marcas profundas na saúde emocional e no bem-estar psicológico dos envolvidos.

Segundo um levantamento publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, aproximadamente 41% das pessoas que passam por um término significativo desenvolvem sintomas de depressão leve a moderada.

Isso reforça a importância de compreender os sinais que precedem o rompimento, para que seja possível buscar apoio psicológico e até mesmo tentar salvar a relação.

Quem já passou por um rompimento sabe que ele dificilmente acontece de forma repentina. Em geral, há sinais claros que indicam que as coisas não estão mais como antes, e a convivência começa a se tornar desgastante e conflituosa.

Muitas vezes, um dos parceiros percebe primeiro que a dinâmica mudou, enquanto o outro pode levar mais tempo para notar.

Buscando entender melhor esse processo e identificar os fatores que levam ao esgotamento emocional, pesquisadores da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz (JGU), na Alemanha, realizaram um estudo abrangente para identificar o momento em que os relacionamentos entram em um caminho sem volta.

Estágio terminal dos relacionamentos: duas fases distintas

O estudo realizado pela JGU analisou dados coletados em pesquisas nacionais na Alemanha, Austrália, Reino Unido e Holanda, abrangendo diferentes contextos culturais e sociais. A conclusão dos pesquisadores aponta para a existência de um estágio específico em que o relacionamento se torna irreversível — denominado “estágio terminal”.

De acordo com os especialistas, esse estágio ocorre em duas fases distintas, que podem ser identificadas e compreendidas para facilitar intervenções antes que o vínculo chegue ao colapso.

A primeira fase é chamada de fase pré-terminal inicial, que pode se prolongar por vários anos e é caracterizada por um leve declínio na satisfação do casal. Durante esse período, os parceiros podem perceber um aumento nas discussões, menor interesse em atividades conjuntas e uma gradual perda de conexão emocional.

Após essa fase inicial, surge um ponto crucial denominado transição ou ponto de inflexão. A partir desse momento, o declínio na satisfação se intensifica de maneira significativa e rápida.

Segundo os especialistas, a fase terminal propriamente dita pode durar entre sete e 28 meses, com uma média de duração estimada entre um a dois anos. Durante esse intervalo, é comum observar um aumento no distanciamento físico e emocional, além de uma diminuição expressiva na demonstração de afeto.

Diferenças na percepção do término

A professora Janina Bühler, do Instituto de Psicologia da JGU, esclareceu que o estágio terminal é praticamente irreversível e inevitavelmente conduz ao fim do relacionamento.

“Quando essa fase terminal é alcançada, o relacionamento está fadado ao fim”, afirmou a especialista.

No entanto, a percepção desse processo nem sempre é igual para ambos os parceiros. Em muitos casos, a pessoa que toma a iniciativa de terminar já está insatisfeita há um longo tempo, tendo enfrentado dilemas internos e tentativas de resgatar a relação.

Enquanto isso, o parceiro que recebe a notícia do rompimento geralmente percebe o declínio muito pouco antes da separação efetiva, experimentando um rápido e doloroso agravamento na satisfação conjugal.

“Os parceiros passam por várias fases. Eles normalmente não se separam de um dia para o outro, e a maneira como essas fases impactam os dois parceiros difere”, acrescentou Bühler.

Estudos realizados pela American Psychological Association (APA) indicam que a diferença na percepção do término está ligada ao tempo que cada parceiro passa processando os problemas relacionais.

Quem toma a iniciativa geralmente já elaborou suas emoções e está mais preparado para enfrentar o rompimento, enquanto o parceiro impactado lida com a perda de maneira mais abrupta e dolorosa.

Conselhos para preservar o relacionamento

Diante das conclusões do estudo, Janina Bühler, que também atua como terapeuta de casais, compartilhou recomendações práticas e valiosas.

Ela enfatiza a importância de identificar os primeiros sinais de insatisfação ainda na fase pré-terminal, pois esse é o momento em que as intervenções podem ser mais eficazes para preservar o vínculo.

“Portanto, é importante estar ciente desses padrões de relacionamento”, disse Bühler.

“Iniciar medidas na fase pré-terminal de um relacionamento, ou seja, antes que ele comece a piorar rapidamente, pode ser mais eficaz e até mesmo contribuir para preservar o relacionamento.”

Algumas estratégias sugeridas por especialistas incluem:

  • Promover o diálogo aberto e sincero entre os parceiros, abordando insatisfações e expectativas.
  • Buscar apoio de um terapeuta de casais para compreender os padrões de comunicação que estão prejudicando a relação.
  • Reconhecer e valorizar os momentos positivos, fortalecendo o vínculo afetivo.
  • Evitar a rotina desgastante, promovendo atividades que reavivem a conexão emocional.
  • Investir na escuta ativa e no respeito às diferenças individuais.

Se você percebe que sua satisfação com o relacionamento está diminuindo, mas ainda deseja salvá-lo, é fundamental agir antes que o vínculo chegue ao temido “estágio terminal”. Identificar e enfrentar os problemas precocemente pode evitar o desgaste emocional irreversível e abrir caminhos para uma reconciliação saudável e madura.

O Segredo

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