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Comissão de Soluções Fundiárias do TJMS realiza vistoria em área de conflitos em Campo Grande

Membros da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul realizaram nesta sexta-feira, dia 19 de setembro, uma vistoria técnica no Bairro Jardim Inápolis, em Campo Grande, para levantar a situação atual de quatro lotes imobiliários privados que foram ocupados por famílias em situação de vulnerabilidade e hoje são objetos de ações de reintegração de posse na Justiça. 

A juíza Sandra Regina Artioli, titular da 5ª Vara do Juizado Especial, compareceu ao local, acompanhada do defensor público Danilo Hamano, para conversar com os moradores e verificar pessoalmente a situação de cada família. Posteriormente, eles apresentarão um relatório detalhado das atividades aos demais membros da Comissão.

“Nesta visita, nós verificamos pessoalmente a situação de cada família, identificando quem são, qual a sua renda, se há idosos, pessoas com necessidades especiais, ou crianças, para entender o nível de vulnerabilidade”, explica a juíza.

Foram levantadas informações socioeconômicas, de saúde e sobre a rede de atendimento disponível. Além disso, foi avaliada a situação física de cada imóvel e o tipo de construções existentes. Com base nesses dados, a comissão pode propor soluções consensuais ou, se necessário, medidas para que a reintegração seja feita da forma mais humanizada possível, apresentando-as ao juízo.

“De modo geral, as famílias colaboram bastante. Elas têm uma atitude muito cooperativa e se sentem bem recebidas pela comissão, que não está ali para fazer a reintegração de forma abrupta, mas para buscar a melhor solução para todos os envolvidos”, complementa a magistrada.

De acordo com a magistrada, uma das maiores dificuldades encontradas pela Comissão ao realizar as vistorias técnicas é que a realidade no local muitas vezes difere do que consta no processo, com outras pessoas morando ou o imóvel modificado. 

“Frequentemente, a situação do imóvel e das pessoas envolvidas já mudou, e a realidade apresentada na ação nem sempre é precisa. Por isso, é essencial que a Comissão faça as vistorias técnicas e intervenha para verificar a atual situação das famílias e do imóvel”, afirma Sandra Artioli.

O defensor público Danilo Hamano explica que, em muitas áreas, há ocupações de longa data, e que os processos de reintegração de posse começaram a se intensificar devido à valorização das áreas e ao interesse dos proprietários em retomar as terras. No entanto, em muitos casos as famílias que ocuparam o local já construíram casas e estabeleceram laços comunitários.

“O problema fica mais complexo conforme o tempo passa, porque as pessoas vão se consolidando lá e criando laços sociais, o que torna a solução muito mais delicada. Para isso que existe a comissão: para facilitar o diálogo entre as partes envolvidas e ajudar a encontrar uma solução que seja razoável para todos”, avalia.

Hamano também destaca a importância de se encontrar soluções que considerem os interesses de todos os envolvidos, sem recorrer a medidas drásticas, como reintegrações forçadas. Neste contexto, ele menciona a necessidade de uma abordagem que permita a conciliação e lembra que, na grande maioria dos casos, as partes envolvidas precisam fazer concessões para alcançar uma solução mais equilibrada.

“A solução não pode ser apenas uma reintegração forçada e violenta, mas também não pode desconsiderar o direito de alguém que originalmente tinha a posse. Antes, a solução judicial era muito rígida, ou você reconhecia a posse do ocupante ou mandava desocupar, mas agora a busca é por soluções consensuais, que resolvem o problema de forma mais equilibrada e menos traumática”, finaliza.

Saiba mais – A Comissão de Soluções Fundiárias, atualmente presidida pelo desembargador Eduardo Machado Rocha, tem como principal objetivo promover a resolução pacífica de conflitos fundiários e buscar soluções consensuais, minimizando os impactos negativos para as comunidades afetadas. Entre suas funções estão a definição de diretrizes para a execução de mandados de reintegração de posse coletiva e o mapeamento dos conflitos fundiários, além da promoção de audiências de mediação e conciliação.

A Comissão também realiza visitas técnicas às áreas em disputa e emite relatórios e recomendações para melhorar os procedimentos administrativos relacionados aos conflitos fundiários. Sua atuação envolve uma estreita colaboração com o Ministério Público, a Defensoria Pública, movimentos sociais e outros órgãos públicos, visando sempre aprimorar a abordagem e resolver os problemas de maneira mais eficaz e menos traumática.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação – imprensa@tjms.jus.br

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