Não é algo comum afirmar, de maneira categórica, que o regime comunista cometeu atrocidades muito semelhantes àquelas perpetradas pelo nazismo e pelo fascismo. Sempre há uma certa complacência e defesa dos regimes comunistas, ainda muito presentes. No entanto, a realidade é que existem muitas semelhanças nos métodos e nos resultados alcançados, especialmente no que diz respeito à brutalidade do regime, como bem apontado na obra “O Livro Negro do Comunismo”.
Os três tipos de crimes definidos pelo Tribunal de Nuremberg – Crimes contra a paz, Crimes de guerra e Crimes contra a humanidade – foram cometidos por todos os regimes autoritários mencionados. Se houver dúvidas, examinemos as definições desses crimes e os fatos históricos que sustentam essa afirmação:
1. Crimes contra a paz, definidos como “a direção, a preparação, o início ou a continuação de uma guerra de agressão, ou de uma guerra de violação de tratados, garantias ou acordos internacionais, ou a participação em um plano concertado ou em uma conspiração para realizar qualquer um desses atos anteriores”. Stalin, ao firmar acordos secretos com Hitler para a divisão da Polônia e a anexação de países bálticos, bem como o acordo de não agressão para permitir que a Alemanha não enfrentasse batalhas em duas frentes simultâneas, praticou atos que possibilitaram à Alemanha desencadear os ataques que levaram à Segunda Guerra Mundial. A guerra entre a Coreia do Norte e do Sul, assim como a agressão soviética à Finlândia em 1939, também se encaixam nessa definição.
2. Crimes de guerra, definidos como “violações das leis ou costumes de guerra. Essas violações incluem, mas não se limitam a, assassinato, maus-tratos ou deportação para trabalhos forçados, ou com outro propósito, de populações civis em territórios ocupados, assassinato ou maus-tratos a prisioneiros de guerra e pessoas no mar, execução de reféns, saques de bens públicos ou privados, destruição injustificada de cidades e vilas ou devastação não justificada por necessidades militares”. As execuções sumárias de Stalin, a manutenção de campos de trabalho forçado com assassinato de centenas/milhares de pessoas lá, estupros em massa de mulheres alemãs por soldados de Stalin, bem como o saque sistemático promovido pelo Exército Vermelho são exemplos claros e inequívocos do cometimento de crimes de guerra pelo comunismo.
3. Crimes contra a humanidade, definidos como “assassinato, extermínio, escravidão, deportação e qualquer ato desumano cometido contra qualquer população civil, antes ou durante a guerra, ou perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos, quando esses atos ou perseguições ocorrem após qualquer crime sob a competência do Tribunal de Haia, ou que estejam relacionados a esse crime, independentemente de violarem ou não as leis internas do país onde foram cometidos”. Vários atos e políticas oficiais do Estado na era de Lenin e Stalin podem ser claramente abrangidos por essa definição.
A perseguição oficial soviética aos cossacos, bem como aos ‘kulaks’, prósperos agricultores que foram reunidos em campos de trabalho forçado, e o episódio da Grande Fome Ucraniana de 1932-1933, que resultou em milhões de vítimas, configuram genocídios de classe e raça. Diversas deportações realizadas em países do leste europeu pelos soviéticos, assim como a perseguição e destruição dos tibetanos no regime comunista chinês, exemplificam como práticas genocidas foram executadas nos diversos regimes comunistas.
Quanto aos crimes contra a humanidade e à relação entre comunismo, nazismo e fascismo, não surpreende constatar que até mesmo métodos operacionais do campo de concentração em Auschwitz foram adotados com base nos campos de concentração russos, como afirmou o idealizador e comandante Rudolf Hoess, conforme o “Livro Negro do Comunismo”. As semelhanças, portanto, vão desde estratégias macro até a implementação prática. O próprio Manifesto Comunista serviu de inspiração e sete das dez medidas propostas foram adotadas pelo regime nazista, como observou Jean François Revel em ‘A Grande Parada’.
Além dessas considerações qualitativas, é importante ressaltar outro ponto que nos dá a dimensão do que foi (e ainda é) o Comunismo. Na verdade, um retrato honesto desse regime nefasto deve sempre incluir o número total de mortos causados por ele:
URSS – 20 milhões; China – 65 milhões; Vietnã – 1 milhão; Coreia do Norte – 2 milhões; Camboja – 2 milhões; Europa Oriental – 1 milhão; América Latina – 150 mil mortos; África – 1,7 milhão; Afeganistão – 1,5 milhão.
O total dessas mortes se aproxima de 100 milhões, como resultado desse regime ultratotalitário cruel. Diante disso, surge a pergunta: por que o movimento comunista não é criticado e combatido com a mesma intensidade das condenações públicas ao nazismo, se ambos são tão similares e igualmente assassinos? Há ganhos políticos para aqueles que defendem o comunismo, e, portanto, a resposta é, em parte, evidente. Surpreende, no entanto, que grande parte da mídia e da academia ainda seja tão complacente e condescendente com esse regime.
Todos temos o dever moral de conscientizar esta geração sobre o que foi e é o comunismo. Como afirmou Ayn Rand, “ter pena dos culpados é trair os inocentes”.
Thiago Manzone
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*Fonte: Conexão Política