Assistindo ao 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Associação de jornalistas de educação – Jeduca 2023, que tratou o tema “A educação midiática vai salvar o jornalismo?”, como jornalista formada há alguns anos… e bota anos nisso rsrsrs, acredito que posso tecer algumas considerações sobre o assunto.
De acordo com o que foi apresentado no painel, a junção da educação midiática com o jornalismo surge como um poderoso aliado, uma poderosa ferramenta na era digital no combate à desinformação e às Fake News.
Mas vamos lá, é bem provável que você desconheça o que significa educação midiática mas com toda certeza, já percebeu como a ausência dela pode ser tão prejudicial. Saber diferenciar um conteúdo verdadeiro de um conteúdo falso, ou ainda saber reconhecer quando se está diante de um fato ou de uma opinião.
De acordo com Stéphanie Habrich (jornalista e empreendedora que – não participou da Jeduca), a educação midiática vem justamente para ajudar as pessoas a compreender e saber analisar de forma crítica os conteúdos midiáticos (disponibilizados por meio das redes sociais, sites…), dos textos de jornais impressos e até de um simples meme publicado em páginas da web.
Aqueles que foram educados e estudaram sobre isso tendem a ter mais cuidado com conteúdos questionáveis, sabem reconhecer a importância do jornalismo e costumam consumir notícias de forma consistente, sendo capazes de interpretar textos e, de fato, usufruir da informação da melhor forma.
Hoje, somos bombardeados por todos os lados com conteúdo, quer seja pelo celular, TV, rádios, painéis de LED distribuídos pela city, entre outros. De acordo com um levantamento feito pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil, em média, os brasileiros passam cerca de 9 horas e 14 minutos por dia na internet. Isso coloca o País no 3º lugar entre as nações em que a população passa mais tempo na rede, perdendo apenas para a Tailândia e Filipinas.
Daí a importância da discussão do assunto abordado no congresso, e até de analisarmos a possibilidade e viabilidade da promoção de algum tipo de treinamento para lidarmos com o ambiente digital.
É verdade que quanto antes começarmos essa preparação, será melhor absorvida, visto que diversos estudos já mostraram que a infância carrega muitos reflexos para a vida adulta, como comportamentos e habilidades adquiridas nessa fase para as outras fases da vida. Por exemplo, uma criança que tiver aulas de educação midiática na escola, terá mais chances de se tornar um adulto consciente e responsável em relação ao “consumo de informações”.
Mas voltando à Jeduca 2023, Alexandre Sayed, jornalista e co-presidente da aliança internacional da Unesco para educação midiática, destacou a importância da simplificação do acesso à informação no ambiente digital. Sob sua visão “facilitar a compreensão é um gesto de educação midiática essencial para a capacidade crítica do cidadão no cenário informacional saturado por tantos tipos de mídias”.
Já Maria Sylvia Spínola, educadora e criadora da marca Três Mídia Educação, destacou que a falta de didatismo no jornalismo brasileiro, ressoa como um alerta à ação, no sentido de tomarmos atitude. A necessidade de diferenciar claramente entre editorial, artigo de opinião, reportagem e notícia é crucial para promover a literacia mediática. Essa clareza, com certeza, vai fortalecer a capacidade do público em geral de discernir entre as diferentes formas de expressão jornalística.
A tríade proposta pelos palestrantes – “ler e escrever criticamente”, “base argumentativa factual” e “participação ética na sociedade” – destaca áreas fundamentais para a educação midiática. Essa tríade alinha-se com a competência de construção do pensamento crítico e reflexivo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), indicando uma integração coesa entre os objetivos educacionais e midiáticos.
Por outro lado, a coordenadora executiva da Viração Educomunicação, Ellen de Paula, defende que a comunicação como direito de crianças, adolescentes e jovens é um apelo à inclusão e diversidade na produção e consumo de informações. Para Ellen, reconhecer a influência de marcadores sociais e proporcionar oportunidades para a expressão verdadeira reforça a necessidade de uma educação midiática que vai além da mera análise de conteúdo.
De tudo o que foi debatido, pode-se concluir que a educação midiática não apenas serve como uma bússola para navegar pelo oceano informativo digital, mas também emerge como um aliado fundamental para o exercício do jornalismo responsável, do jornalismo verdadeiro e não tendencioso. Integrar a educação midiática nas práticas jornalísticas, não apenas beneficia ao público, mas também fortalece os alicerces para uma sociedade mais informada, crítica e ética, resgatando a credibilidade e fortalecendo ainda mais a nossa classe.
Olga Cruz





