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Ela fugiu para casar, criou 4 filhos sozinha e hoje celebra 106 anos

Com 106 anos recém-completados, Maria Pereira da Costa lembra com clareza de sua casa em Caiçara, na Paraíba. Mãe de quatro filhos, coragem, determinação e força foram qualidades que nunca lhe faltaram, desde fugir com o namorado para casar até criar os filhos sozinha em uma cidade assolada pela pobreza.

Maria começa contando quando conheceu o marido, Pedro, aos 16 anos. Ela disse que ele era “um moço que veio de fora” e que logo começaram a namorar. Ainda aos 16, colocou na cabeça que queria casar, mesmo com o pai sendo contra a união repentina.

Mas nada nem ninguém tirou a ideia da cabeça de Maria, que até fugiu com o rapaz para selar a união. Sem alternativa, ela conta que seu pai acabou indo atrás de “arrumar as coisas para o casamento”.

“Quando eu cheguei à igreja, o padre começou a conversar comigo e perguntou qual era o nome do meu noivo. Eu disse: ‘é Pedro’. Aí ele disse: ‘Quem já viu Maria casada com Pedro? Eu nunca vi’. E eu respondi: ‘pois está vendo agora’”, relembra a idosa sobre a cerimônia.

Quando estava grávida do quarto filho, Maria ficou viúva e conta que teve que trabalhar lavando e passando roupas, engomando vestidos de casamento para famílias que tinham dinheiro para conseguir sustentar os filhos e mais dois sobrinhos que moravam com ela. “Para criá-los foi muita força. Foi lavando roupa, caminhando duas, três léguas [quilômetros], e essa é a vida”.

Hoje, aos 106 anos, Maria compartilha que o segredo para aguentar os desafios da vida está em cuidar das pessoas ao seu redor, além de contar com o amor e apoio da família. “Eu não tinha amizade com gente fraca”, resume.


Maria chegou em Campo Grande aos 87 anos, trazida pelo filho Antônio Pereira da Costa, de 83 anos, o único entre os irmãos que ainda está vivo. O motivo da vinda de Antônio para a Capital sul-mato-grossense foi por conta das dificuldades financeiras enfrentadas em Caiçara. Na época, seis irmãos vieram, e Maria ficou sob os cuidados do filho, Luiz, até ele morrer e Antônio trazer a mãe para Campo Grande.

Hoje, ela tem nove netos, 15 bisnetos e oito tataranetos, e segue sendo o maior alicerce e exemplo de força para toda a família, principalmente para a neta, Karenyne Godoy, de 63 anos, que expressa ser inspirada pela avó todos os dias.

“Uma coisa que eu aprendi com ela é que a gente nunca pode desistir dos nossos sonhos. Por mais difícil que seja, você tem que buscar e não deixar nenhuma pedra atrapalhar a sua caminhada. Essa força, essa garra que ela tem, eu aprendi muito com ela”.

Mulher de fé inabalável, até a bisneta, Daniela Godoy, de 35 anos, já procurou a bisavó para pedir sua benção para encontrar um namorado, ou como Maria chama, um ‘broto’. Ela até diz que aumentou as preces, pois quer ver logo Daniela casar e costurar as roupas dos futuros tataranetos. “Eu to rezando muito para ela encontrar um rapaz bom, rico e de família para casar”.

Texto: Campo Grande News

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