Pardas, brancas, pretas, indígenas, trans, mulheres que atuam nas áreas públicas e privadas, representantes de autarquias, autoridades estaduais, municipais e nacional, como a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participaram da Audiência Pública proposta pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT), realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na tarde desta quinta-feira (30).
“A misoginia tem sido discutida principalmente no contexto das plataformas digitais, a violência online, e na violência de gênero e raça. Também ocorre a misoginia na rede de atendimento, sobretudo na Justiça, onde, muitas vezes, são reproduzidos estereótipos de gênero, com desqualificação do relato da vítima”, informou a ministra Cida Gonçalves destacando que de acordo com dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, a misoginia está entre as práticas de ódio que mais cresceram nas redes sociais, um aumento considerável de 251% só entre 2021 e 2022.
Após quase 4h de audiência pública, mesmo apresentando um certo cansaço pela extensa agenda de compromissos, com 60 anos de idade, a ministra Cida Gonçalves, teve o cuidado em dar a atenção a todos que estavam presentes, seja com fotos, abraços e palavras de carinho. Ao MS DELAS ela falou um pouquinho sobre a importância do evento. *Confira no vídeo.
Fazendo o uso da palavra, o deputado Pedro Kemp agradeceu a presença da ministra Cida e declarou sua felicidade em ver o plenário lotado, sobretudo com tantas mulheres participando. “Temos que acreditar que é possível erradicar a violência contra as mulheres, acabar com o feminicídio. E agora temos um ministério específico para discutir políticas públicas e resgate dos direitos das mulheres”.
Após o encerramento da audiência, o deputado Pedro Kemp falou ao MS DELAS que mesmo antes de ser parlamentar, ele já participava de movimentos em defesa dos direitos humanos e das mulheres. Satisfeito pelo sucesso do encontro, o deputado ainda fez um resumo de tudo o que foi proposto na audiência pública, fechando as comemorações do Mês da Mulher na Assembleia Legislativa. *Assista no vídeo abaixo.
Durante o encontro, diversas pessoas, sobretudo mulheres lideranças de movimentos, ocuparam a palavra. Entre elas, a representante das mulheres guarani kaiowá, Jaque Kuna Aranduhá, denunciando que a violência contra as mulheres indígenas não é cultural.
“Essa violência é estrutural, é uma herança da colonização, da invasão de 523 anos de nossos territórios”, disse. “Vamos caminhar juntas, vamos tecer juntas. É preciso ecoar essa dor tão silenciada. Eu trouxe aqui, ministra, um documento da nossa assembleia. É a voz da nossa dor na escrita de vocês. É preciso uma política específica de enfrentamento da violência contra as mulheres indígenas, porque essa violência têm suas especificidades”, cobrou.
Participaram também do encontro o presidente da Casa de Leis, deputado Gerson Claro (PP), as deputadas Mara Caseiro (PSDB) e Lia Nogueira (PSDB), os deputados Lucas de Lima (PDT), João César Mattogrosso (PSDB), Renato Câmara (PDT) e Professor Rinaldo Modesto (Podemos), a deputada federal Camila Jara (PT), o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), a vereadora da Capital Luiza Ribeiro (PT), a secretária adjunta da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Viviane Luiza da Silva, que representou o governador Eduardo Riedel (PSDB), a subsecretaria de Políticas para as Mulheres, Carla Stephanini, entre outras autoridades.
A Ministra
Aparecida Gonçalves, aos 60 anos, foi empossada ministra das Mulheres. Natural da cidade de Clementina (SP), Cida escolheu Mato Grosso do Sul como sua casa e o local onde iniciou os trabalhos em defesa aos direitos das mulheres.
Especialista em gênero e violência contra a mulher , Aparecida ocupou o cargo de secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma. A ministra é formada em Publicidade e Propaganda e atuou como consultora em políticas públicas em favor das mulheres.
Ela ainda trabalha como consultora em políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica e dá workshops a prefeituras e governos estaduais para atuação na área.
Com atuação na militância dos direitos das mulheres, Cida coordenou o processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil. Nos grupos de base, a ministra sempre fez parte dos cargos de direção estadual em Mato Grosso do Sul.
Aparecida Gonçalves chegou a se candidatar pelo Partido dos Trabalhadores (PT) à deputada constituinte, em 1986, sendo a única mulher a disputar esse espaço. Nos anos de 1988 e 2000, a ministra também foi candidata pelo PT à vereadora em Mato Grosso do Sul.
Olga Mongenot