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Entenda a diferença entre um tradutor e um intérprete de Libras

De grande importância, tanto o tradutor quanto o intérprete de Libras cumprem um papel fundamental dentro da promoção da comunicação eficaz e inclusiva com pessoas surdas. Ambos profissionais têm funções distintas, mas importantes, e garantem que as pessoas surdas tenham o devido acesso à informação e à educação.

O que faz o tradutor de Libras?

Foto: Reprodução/Canva

O tradutor de Libras é o responsável pela conversão de conteúdo escrito ou falado para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), fazendo a comunicação compreensível para os surdos. Esses profissionais atuam em situações onde o conteúdo não é apresentado em Libras, como textos escritos, palestras e até mesmo discursos.

O que faz o intérprete de Libras?

Já o intérprete de Libras é o profissional que atua na comunicação ao vivo, traduzindo a fala e os gestos da pessoa ouvinte para Libras, e vice-versa. Isso permite a comunicação direta entre pessoas surdas e ouvintes. Eles também têm um papel de grande importância em ambientes como salas de aula, reuniões, eventos, consultas médicas, entre outros.

Quais são as principais diferenças entre tradutor e intérprete de Libras?

Como explicado anteriormente, um tradutor é o profissional responsável por converter texto escrito de uma língua para outra, enquanto um intérprete atua na tradução da língua falada para outra.

Na educação, especialmente em escolas bilíngues, o intérprete desempenha um papel importante tanto para os estudantes quanto para os professores.

Os intérpretes auxiliam os alunos surdos ou com dificuldades auditivas a compreender o conteúdo ministrado em sala de aula, permitindo que participem plenamente das atividades educacionais.

Eles também facilitam a comunicação entre os alunos que utilizam a Libras e os professores, garantindo que as informações sejam transmitidas de maneira eficaz.

Os intérpretes desempenham um papel vital na inclusão e no acesso à educação, e também podem desempenhar um papel de ligação importante entre a escola e os pais, fornecendo informações sobre o progresso dos alunos e garantindo que todos estejam a par do desenvolvimento educacional.

Quais são os tipos de interpretações existentes em Libras?

Foto: Reprodução/Canva

Um dos tipos de interpretações é a interpretação consecutiva em Libras, que é caracterizada por uma sequência intercalada entre a fala do orador e a interpretação do intérprete.

Como o nome sugere, nesse método a interpretação ocorre de maneira sucessiva, com o orador fazendo uma pausa para permitir a tradução.

O mesmo princípio da interpretação consecutiva é aplicado em diversas línguas além da Libras. O principal objetivo desse serviço é transmitir informações de forma eficaz no idioma do público-alvo, facilitando a compreensão da mensagem original.

Dessa forma, a interpretação consecutiva desempenha um papel fundamental na comunicação multilíngue e na garantia de que as informações sejam acessíveis a diversos públicos.

Já a interpretação sincronizada em Libras é uma modalidade em que a ação do intérprete ocorre de forma simultânea à fala do orador, mas com um pequeno intervalo de cerca de três a oito segundos entre as duas.

Diferente da interpretação consecutiva, em que o intérprete aguarda uma pausa do orador para traduzir, na interpretação sincronizada, a tradução começa praticamente ao mesmo tempo em que a fala do orador.

Essa técnica de tradução sincronizada é frequentemente aplicada em eventos e reuniões, sendo especialmente projetada e planejada para garantir a fluidez da comunicação.

Ela desempenha um papel essencial em situações em que a tradução imediata é necessária para garantir que o público compreenda o discurso ou a apresentação de maneira contínua e sem interrupções.

Pessoas surdas que fizeram história e contribuíram para o surgimento dessas profissões

Durante muitos séculos, as pessoas surdas foram privadas de educação e de vários outros direitos fundamentais.

No entanto, no século XVIII, ocorreram mudanças profundas com a adoção das línguas de sinais como meios de instrução para a comunidade surda. Essa transformação teve um impacto significativo na educação e na qualidade de vida dos surdos.

De indivíduos que a sociedade costumava considerar como desprovidos da faculdade da razão, as pessoas surdas passaram a aprender de maneira eficaz e a desempenhar papéis que antes eram inimagináveis para elas.

Nesse período, surgiram obras escritas por surdos, como as “Observations de Pierre Desloges”, publicada em 1779.

Além disso, engenheiros, professores, filósofos, intelectuais, líderes e ativistas surdos surgiram em várias partes do mundo. Muitas das escolas para surdos que foram estabelecidas tinham professores surdos e eram lideradas por surdos. A comunidade surda também fundou escolas em diferentes regiões do planeta.

Entre as figuras surdas de destaque desse período, destacam-se personalidades como Laurent Clerc, que era professor surdo no Instituto Nacional de Jovens Surdos-mudos de Paris e desempenhou um papel fundamental na fundação da primeira escola para surdos nos Estados Unidos.

Ernest Huet, um professor que veio ao Brasil em 1855 com o objetivo de estabelecer uma escola para surdos. Com o apoio de D. Pedro II, ele fundou e dirigiu o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) no Rio de Janeiro, em 1857.

Ferdinand Berthier, autor de várias obras e defensor da cultura surda e da língua de sinais, estudou no Instituto de Jovens Surdos-Mudos de Paris, onde também atuou como professor. Ele foi um dos criadores do primeiro comitê de surdos e da primeira associação para surdos, o que contribuiu para o surgimento de outras associações em todo o mundo.

Pierre Pelissier, um professor, poeta e membro ativo da Sociedade Central de Educação de Assistência aos Surdos Mudos, elaborou um manual de sinais chamado “Iconografia de Sinais,” posteriormente reproduzido por Flausino de Gama, um surdo brasileiro.

É importante observar que os registros da comunidade surda desse período podem não ser tão volumosos quanto os das personalidades ouvintes.

No entanto, encorajamos os interessados a explorar outras fontes, como a pesquisa da professora e pesquisadora surda Karin Strobel, cujos materiais são uma referência valiosa para esta discussão. Esses eventos históricos são um testemunho da resiliência e da luta da comunidade surda por seus direitos e reconhecimento.

Protagonismo das pessoas surdas na atualidade

As pessoas surdas continuam a desempenhar papéis de destaque e a demonstrar seus talentos em diversas áreas. Artistas, professores, intelectuais e escritores surdos continuam a emergir, contribuindo significativamente para a sociedade. Alguns exemplos notáveis do século XX incluem:

Antônio Pitanga: Um escultor pernambucano surdo, que se formou na Escola de Belas Artes. Em 1932, ele recebeu prêmios notáveis, como a Medalha de Prata, por sua escultura “Menino Sorrindo”, a Medalha de Ouro, por “Ícaro”, e uma viagem à Europa, concedida por sua escultura “Paraguaçu”.

Jorge Sérgio Guimarães: Autor do livro de crônicas “Até Onde Vai o Surdo,” publicado em 1951 no Rio de Janeiro. Nessa obra, ele compartilhou suas experiências como uma pessoa surda, oferecendo insights valiosos sobre sua perspectiva única.

Marlee Matlin: Tornou-se a primeira atriz surda a receber o prêmio Oscar de melhor atriz por sua atuação no filme “Filhos do Silêncio” em 1986, demonstrando o talento excepcional da comunidade surda nas artes cênicas.

Hoje em dia, a comunidade surda está repleta de indivíduos que continuam a produzir conhecimento e pesquisar sobre a cultura e a história surda. Entre esses notáveis, destacam-se as professoras e pesquisadoras Gladis Perlin (UFSC) e Karin Strobel (UFSC). Encorajamos a todos a se aproximar, conhecer pessoas surdas e explorar mais sobre suas contribuições e rica cultura.

Aplicações e contextos de uso de tradução e interpretação de Libras

Ambos profissionais são importantes dentro da sociedade, mesmo que desempenhem funções relativamente distintas, mas são profissionais que promovem a inclusão e acessibilidade para a comunidade surda.

Em ambientes educacionais, tanto tradutores quanto intérpretes de Libras facilitam a comunicação entre estudantes surdos e seus professores, garantindo que o acesso à informação seja igualitário e democrático.

Esses profissionais também são importantes dentro de contextos médicos, onde podem ajudar os pacientes surdos a compreender informações sobre diagnósticos e tratamentos, garantindo que eles possam receber os devidos cuidados de saúde.

Em reuniões de negócios e eventos corporativos, a tradução e interpretação de Libras permitem que profissionais surdos participem ativamente das discussões e colaborações.

Em eventos públicos, como palestras, conferências e espetáculos, esses profissionais desempenham um papel vital, tornando o conteúdo acessível a um público diversificado.

Fonte: O Segredo Notícias

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