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Espátulas de plástico preto na cozinha: um risco à saúde

A preocupação com os utensílios de cozinha não é recente e vai além de preservar a qualidade das panelas e frigideiras. A segurança dos materiais que utilizamos para preparar alimentos tem sido cada vez mais questionada, pois certos itens podem liberar substâncias tóxicas que afetam a saúde.

Cientistas alertam sobre os riscos dos utensílios feitos de plástico preto, que podem liberar compostos químicos prejudiciais, alguns dos quais estão associados a câncer e outros problemas de saúde.

Estudo revela riscos do plástico preto

Um estudo recente conduzido pela Toxic-Free Future e pela Universidade Vrije, na Holanda, publicado em outubro na revista Chemosphere, investigou os riscos de utensílios de cozinha e outros produtos feitos de plástico preto.

Essa pesquisa analisou 203 itens domésticos, como utensílios de cozinha, recipientes de alimentos, acessórios para cabelo e brinquedos infantis, buscando identificar a presença de substâncias tóxicas conhecidas como retardantes de chama bromados e organofosforados. Esses compostos são usados para retardar o fogo em caso de incêndio, mas podem representar riscos graves à saúde quando liberados em ambientes comuns.

Os resultados do estudo são alarmantes: 85% dos produtos analisados continham níveis variados desses compostos químicos. Entre os itens com maior concentração de toxinas estavam uma bandeja de sushi, uma espátula de cozinha e até mesmo um colar de miçangas.

Esse composto é especialmente preocupante, pois já foi proibido em vários países, incluindo o Brasil, onde está banido há mais de 20 anos. Inicialmente, ele era usado em carcaças de eletrônicos, como televisores, mas foi classificado como um poluente orgânico persistente devido ao seu potencial de causar danos graves e permanentes ao meio ambiente e à saúde humana.

A exposição prolongada ao decaBDE tem sido associada a um risco maior de câncer e a problemas de desenvolvimento em fetos e crianças. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) alerta que o decaBDE é extremamente tóxico para o sistema reprodutivo e para o desenvolvimento de bebês e crianças.

O estudo também aponta para outro problema: o uso de embalagens de plástico preto em serviços de delivery. Muitas vezes, essas embalagens são reutilizadas em casa e aquecidas no micro-ondas, o que potencializa a liberação de toxinas.

O aquecimento desses recipientes causa a decomposição dos compostos químicos presentes no plástico, aumentando o risco de contaminação dos alimentos. Assim, o conselho dos especialistas é claro: evite ao máximo o uso de utensílios e embalagens de plástico preto, que não só são difíceis de reciclar, mas frequentemente contêm substâncias nocivas para a saúde.

Por que o plástico preto é perigoso?

O plástico preto, além de conter compostos tóxicos como o decaBDE, é muitas vezes fabricado a partir de plásticos reciclados provenientes de carcaças de eletrônicos antigos, que contêm uma alta concentração de retardantes de chama e outros poluentes.

Esse tipo de reciclagem, embora seja uma tentativa de reaproveitar materiais, introduz resíduos químicos em itens de uso diário, como utensílios de cozinha e recipientes de alimentos.

O problema se agrava quando consideramos que a exposição a essas toxinas não se limita apenas ao uso de utensílios de plástico, mas também ocorre de forma ambiental, devido à contaminação do solo e da água por microplásticos que liberam esses compostos ao longo do tempo.

Outra questão preocupante é que o plástico preto é mais difícil de reciclar do que outras cores de plástico. Isso ocorre porque o pigmento preto interfere no processo de identificação óptica nas instalações de reciclagem, resultando em uma menor taxa de reaproveitamento desses materiais. Assim, além dos riscos diretos à saúde, o plástico preto também representa um problema ambiental significativo.

Materiais recomendados para utensílios de cozinha

Diante dos riscos associados ao plástico preto, é importante considerar alternativas mais seguras ao escolher utensílios de cozinha.

Especialistas recomendam materiais como inox, vidro e silicone, que são livres de toxinas e suportam altas temperaturas sem liberar substâncias prejudiciais.

  • Silicone: o silicone de qualidade alimentar é seguro, resistente ao calor e fácil de limpar. Ele não libera toxinas e é ideal para utensílios como espátulas e colheres, além de suportar altas temperaturas sem alterar os alimentos.
  • Inox: o aço inoxidável é amplamente usado na culinária e é um dos materiais mais seguros para cozinhar. É resistente ao calor, durável e não libera substâncias tóxicas, sendo ideal para panelas, frigideiras e outros utensílios de cozinha.
  • Vidro: o vidro é uma das melhores opções para recipientes de alimentos e utensílios de cozinha, pois não contém compostos químicos prejudiciais e é totalmente reciclável. Além disso, ele suporta altas temperaturas, o que o torna seguro para uso em micro-ondas e fornos.

Essas alternativas não apenas reduzem o risco de exposição a compostos químicos nocivos, mas também contribuem para um estilo de vida mais sustentável, diminuindo a dependência de plásticos de uso diário.

A escolha dos utensílios de cozinha vai muito além de estilo e funcionalidade. É uma questão de saúde e segurança, que pode ter impactos significativos no bem-estar a longo prazo.

Fonte: O Segredo

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