Tomar decisões e lidar com novidades exige uma boa dose de autoconfiança. Entretanto, conviver com o novo é o gatilho perfeito para despertar inseguranças em algumas pessoas. Esse sentimento pode te impedir de viver boas experiências e, por isso, a psicóloga Aline Silva explica as causas e como lidar com a insegurança.
Segundo Aline, “a insegurança é um estado emocional relacionado à falta de confiança na própria capacidade e o medo de falhar”. A pessoa acredita ser incapaz de conquistar algo ou realizar seus sonhos, além de ser um possível reflexo da baixa autoestima ou até mesmo uma manifestação da síndrome da impostora.
“Situações ameaçadoras, reais ou imaginárias, podem desencadear a insegurança. Assim, esse sentimento pode voltar a se repetir em situações semelhantes ou que apresente algum tipo de perigo para a pessoa”, finalizou a psicóloga.
As causas variam muito, podendo vir da infância, da falta de autoconhecimento ou estarem relacionadas a situações que afetam negativamente a autoestima. Assim, quem lida com a insegurança tem uma necessidade grande de agradar o outro. Aline cita outros exemplos:
- Falta de encorajamento por parte dos pais e pessoas próximas: “isso você não vai conseguir; você é pequeno demais para isso; você não consegue; deixa que eu faço para você. Frases como essas podem gerar a crença de incapacidade, fazendo com que a pessoa limite fazer o que deseja ou tenha receio por acreditar que não vai conseguir”.
- Traumas: podem ser desencadeados ao “presenciar violência doméstica, sofrer bullying e frequentar ambientes violentos. O medo experienciado pode trazer a insegurança como consequência. Traumas vividos que podem ter acontecido na infância ou em fatos recentes também estão relacionados com o bloqueio emocional”.
- Superproteção dos pais na infância: “ser protegido para não sofrer ou não lidar com frustrações pode causar a insegurança, pois a pessoa acredita não conseguir lidar com seus problemas ou resolver situações”. Inclusive, pode prejudicar no desenvolvimento da maturidade emocional.
- Pais muito rígidos ou críticos: “podem contribuir para que a pessoa tenha uma visão negativa de si mesmo e não acredite em seu potencial”. Também resulta em uma pessoa com pouco equilíbrio emocional e que se afeta facilmente pelo ambiente a sua volta.
Além dessas causas, o sentimento de rejeição também pode despertar a insegurança, especialmente, quando existe a expectativa de sempre agradar ao outro.
Quando atinge níveis extremos, a insegurança pode prejudicar a pessoa até mesmo em atividades básicas, como fazer novos amigos ou ir a uma entrevista de emprego. As principais consequências, citadas pela psicóloga, foram:
Contexto profissional
“A pessoa insegura pode ter dificuldade de enfrentar uma entrevista de emprego por não acreditar em si. E mesmo no trabalho, a pessoa pode sentir dificuldade de desempenhar determinada função ou executar tarefas que ela conseguiria”. Nesse ponto, é possível que a insegurança dificulte o desenvolvimento da inteligência emocional em variadas situações.
Vida amorosa
Segundo a especialista, “a insegurança pode atrapalhar no relacionamento gerando ciúmes e dúvidas quanto ao sentimento do parceiro. Pode surgir também a dependência emocional, fazendo com que a pessoa precise do outro para tomar decisões, mesmo as mais simples”.
Vida pessoal
Na vida pessoal, “esse indivíduo pode fugir de situações em que se sinta ameaçado ou em algum risco. Isso atrapalha para que ele possa realizar sonhos, os quais não executa por medo de falhar, ser rejeitado ou criticado”. Assim, concretizar projetos e objetivos podem ser complicados para pessoas que lidam com esse sentimento.
Autoimagem
Como a insegurança afeta a autopercepção, a pessoa emocionalmente insegura pode, também, passar a se preocupar com partes do corpo que não atenderiam ao referencial inalcançado que possui sobre si. A alimentação desse sentimento parte da comparação com outras pessoas, desencadeando a baixa autoestima e a levando a esconder seu corpo para não chamar atenção.
Aline também ressaltou que pessoas inseguras sentem dificuldade de expressar suas opiniões, expor seus sentimentos, ter controle emocional e tomar atitudes. Consequentemente, há uma grande sensação de frustração, como se não conseguissem sair do lugar e a opinião de terceiros valesse como lei.
Os impactos da insegurança podem variar de pessoa para pessoa. Apesar dessas camadas existirem, não deixe isso te dominar e busque entender quais são os seus gatilhos. Aline cita algumas situações para manter a saúde mental em dia:
- Identifique suas dificuldades: é importante “para poder trabalhar em cima delas para superá-las”. Ter dificuldades é normal, mas você não pode ver isso como um obstáculo intransponível.
- Identifique e reconheça seu potencial e suas habilidades: “a partir disto, focar nestes fatores ao realizar uma tarefa”. Todas as pessoas possuem facilidade em algo, sentem-se bem com alguma atividade e é um bom começo reconhecer isso.
- Não se compare: você pode ter inspirações, mas não compare sua vida com a de outra pessoa. Cada um vivência experiências diferentes e lida com elas de maneira singular. Opte por ver o que você já conquistou e como chegou até determinado lugar.
- Respeite o seu tempo: não existe regra para alcançar algo, seja um relacionamento, um emprego ou uma casa própria. O respeitar seu tempo anda de mãos dadas com o não se comparar. Busque entender que o seu tempo é diferente do tempo das outras pessoas e está tudo bem.
- Faça terapia: “neste processo será possível identificar a origem da insegurança para poder trabalhar em cima deste foco. Sem contar o tratamento de outras questões relacionadas com a falta de segurança, como a ansiedade, a depressão ou os transtornos alimentares”.
A insegurança pode aparecer em sua vida, mas isso não é um problema. Você apenas não pode deixar que ela te domine e te trave. Tente olhar com mais carinho para si, busque a autoaceitação e trabalhe o amor-próprio. Além disso, não tenha medo de contar com ajuda profissional e sinta-se à vontade para procurar a terapia.
Fonte: @dicasdemulher