O Governo Federal anunciou nesta terça-feira (1) o valor de R$ 24 bilhões para o Plano Safra empresarial para o biênio 2024 e 2025. Os valores são destinados para financiamento de investimentos na produção agropecuária do Brasil. O montante foi até bem visto pelos produtores de Mato Grosso do Sul, mas altos juros preocupam o setor.
A Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), disse que o financiamento teve aumento nominal, mas a inflação poderá reduzir o poder de compra do produtor em MS.
“Embora os valores representam aumento nominal em relação ao ciclo anterior, de 2,89% para a agricultura familiar e 1,49% para a empresarial, o reajuste não acompanha a inflação acumulada de 4,73% no ano de 2024 […] O resultado é um plano que aparenta crescimento, mas que não garante, de fato, maior força financeira para quem está no campo”, divulgou a Famasul.
O presidente da federação, Marcelo Bertoni, disse que valores podem não atender nem a agricultura familiar e nem a agricultura empresarial e apontou potencial problema enfrentado. “A CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil] fez um estudo, levou para o governo e o pedido da CNA era R$ 594 bilhões e saiu R$ 516 bilhões. Uma das nossas preocupações foi no seguro rural, que a CNA pedia mais de R$ 4 bilhões.
Bertoni afirma que a confederação da agricultura pediu o valor, mas Governo Federal definiu em R$ 1 bilhão o seguro rural. “Traz uma insegurança para os produtores, principalmente pelas questões climáticas que a gente tem visto aí acontecer no Brasil inteiro”, disse.
Produtores de MS dizem que Plano Safra pode ser ‘inviável’
Bruno Ribeiro, presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, foi enfático ao apontar que, mesmo com o valor expressivo, os custos do financiamento são proibitivos para o produtor. “De acordo com a taxa Selic, ficou muito caro. O juro do Pronampe, que era 8% ao ano, passou para 10%, e o juro empresarial, que era 12%, agora é 14%. Isso dificulta muito o produtor fazer investimento”, afirmou ao Primeira Página.
Segundo Bruno, o cenário pode provocar uma retração no mercado e, consequentemente, limitar o alcance do plano. “O banco não repassa esse valor de 14%. Ele vai repassar 16% ou 17%, porque tem que ganhar em cima. Então vai ficar difícil fazer plantio na próxima safra. O investimento ficou comprometido. Para o setor produtivo, essa notícia não é boa. Vai travar negócio, diminuir operação. O produtor não vai tomar crédito ou vai tomar só 50%. Para nós, é péssimo.”
Em Dourados, a avaliação segue a mesma linha. Gino Ferreira, presidente do Sindicato Rural local, destacou que o valor anunciado é importante, mas reforça a crítica aos juros. “O valor anunciado é um valor satisfatório, porém tem que sair do anúncio e chegar ao produtor na base. São juros fora da realidade, caros demais. Inviabiliza o segmento”, disse à reportagem.
Plano Safra 2025
Os Fundos Constitucionais de Financiamento das regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), administrados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, vão destinar R$ 24 bilhões ao Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (1), durante o lançamento do Plano pelo Governo Federal, que totaliza R$ 516,2 bilhões em crédito para impulsionar o agronegócio brasileiro.
O valor representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior e será destinado a operações de custeio, comercialização e investimento. Os recursos dos Fundos Constitucionais têm papel estratégico no financiamento da produção rural nas três regiões, contribuindo para o desenvolvimento regional com foco na geração de emprego, renda e na sustentabilidade ambiental.

Entre os R$ 24 bilhões disponibilizados pelos Fundos, o FCO destinou R$ 4,4 bilhões para a agricultura empresarial, enquanto o FNE reservou R$ 10,1 bilhões, e o FNO, R$ 9,6 bilhões. Quando somados aos valores anunciados no Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado na segunda-feira (30), os três fundos totalizam cerca de R$ 37,7 bilhões em crédito para o setor agropecuário na safra 2025/2026.
*Com informações do Portal Primeira Página e Governo de MS