“O importante é competir” é uma citação atribuída ao Barão Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna. Embora frequentemente interpretada como um incentivo ao espírito esportivo e à participação, ela reflete valores como igualdade, justiça e respeito, presentes nas competições olímpicas, mas também pode ser vista como uma busca pela excelência e pelo crescimento pessoal através do esforço e superação de limites.
Apesar da ênfase na competição, a frase não exclui a importância da vitória, mas sim a coloca em perspectiva, mostrando que o aprendizado e o crescimento obtidos durante o processo são igualmente valiosos.
A competição pode ser um motivador para superar limites e alcançar objetivos, tanto no esporte quanto em outras áreas da vida. A competição saudável envolve respeito às regras, aos adversários e ao espírito esportivo, promovendo valores importantes na sociedade. E pode ser um catalisador para o crescimento pessoal, através da dedicação, do esforço e da perseverança.
Não se pode olvidar que vivemos numa sociedade altamente competitiva.
O que se diz é que o capitalismo moderno introduziu, cada vez mais, esse modelo no comportamento das pessoas, e estas, de forma aberta ou dissimulada, competem sem cessar umas com as outras.
De forma geral, isso é realmente um fato constatável nos diversos setores socais: no trabalho, na escola, nos esportes e até no ambiente familiar.
Desde que o pedagogo e historiador francês Pierre de Frédy, mais conhecido como Barão de Coubertin, idealizou e fundou os jogos olímpicos da era moderna, surgiu uma oportunidade para que se pensasse em competições, nas quais nem sempre o vencedor é o que obtém o melhor resultado.
Numa rápida gloogeada na web, é possível ver que ela é odiada por muitos e adorada por outros tantos. Os que a odeiam, parece-nos, levam seus termos ao pé da letra, esquecendo-se de seu sentido mais profundo.
Na sociedade capitalista em que vivemos qual empresa se sustentaria e seria bem sucedida sem a participação conjunta de seus vários empregados e colaboradores? Certo que se pode dizer que uns são melhores que outros, mas sem o trabalho em parceria tudo ruiria.
O Chef de um restaurante é um artista criador, mas sem um bom preparador, sem um bom garçom e um bom maitre, seu restaurante fracassaria.
Até para a preparação de um único atleta que vença uma batalha sozinho, é preciso que outros o auxiliem: técnicos e preparadores físicos, fisiologistas, nutricionistas, psicólogos e até meros ajudantes do dia a dia.
Há escolas que fazem jogos com crianças, nos quais todos ganham ou nos quais não haja perdedores e, com isso, acabam, naturalmente, desestimulando a competição, mas, em tais escolas as crianças, ainda em fase de formação, aprendem sobre colaboração, solidariedade e senso de equipe, afinal com a diversidade existente no ambiente escolar, certamente a criança sem o porte atlético necessário para vencer ou com dificuldades físicas, jamais seria escalada para participar do time e seria inevitavelmente excluída.
Refletindo… Será que vale a pena ganhar a qualquer preço? Em competições esportivas, o adversário deve ser considerado um inimigo? Ora, não é verdade que é nas derrotas que se aprende? Uma criança que sempre vença, que não conheça o sabor da derrota, estará bem formada para enfrentar os desafios da vida adulta? Conseguirá administrar as frustrações que a vida lhe reserva? Será que existe mesmo alguém que vença sempre em qualquer situação?
É comum existir competição entre os alunos, para ver quem tira a melhor nota ou quem é o melhor estudante ao final do ano ou do curso. Perguntamos: o melhor aluno de um curso, no qual competiu com seus colegas e venceu, será mesmo o melhor profissional? Será que nós só devemos nos consultar com o médico que tirou as melhores notas nos bancos escolares? E os demais?
Aquele que chegou em segundo, terceiro e, quem sabe, o último: todos se formaram, obtiveram o diploma e tornaram-se aptos para o exercício da profissão. É assim que, por exemplo, procuramos um médico para nos atender? Ou um advogado?
Logicamente, não estamos retirando o mérito dos que se saíram melhor nos bancos escolares, mas os demais também não serão bons profissionais? É apenas a vitória que determina ou foi a competição – mesmo sem a vitória – que forjou o profissional?
Quem é que pode garantir que o melhor aluno será o melhor profissional? Na área jurídica, temos, infelizmente, exemplos de maus profissionais que passaram em difíceis concursos públicos, às vezes muito bem colocados.
Isso mostra que para se tornar um bom profissional, a pessoa deve possuir, além da formação acadêmica adequada, um conjunto de competências e inteligências, que envolve os aspectos psicológicos e emocionais, e que são condições para que ela realmente alcance um patamar elevado no seu mister.
Vencer competições não é garantia segura de eficiência ou qualidade profissional posterior, e nem de sucesso na carreira ou na vida.
Portanto, dentro das escolas, talvez seja até mais importante desenvolver nos estudantes outros valores que não o da competição. E porque não refletir sobre o aprendizado na competição, para dar valor à experiência da derrota e ao necessário elemento do trabalho solidário.
Que possamos caminhar com valores maiores do que a simples competição, como compartilhar mais, valorizando o esforço, a perseverança, a dedicação e a resiliência, enfrentando os desafios no caminho do sol, sem medo de ser feliz!
*Dra. Iacita Azamor Pionti – Advogada e Coordenadora Municipal da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande-MS





