Primeiramente quero dividir com vocês o que ouvi num consultório de um médico amigo sobre a sua devoção a Nossa Senhora ao responder uma crítica à sua fé.
Perguntou a pessoa ao médico se ele poderia deixar sua mãe fazer uma cirurgia em seu lugar, numa referência à condição de Maria, mãe de Jesus.
Sem titubear ele respondeu que ela não poderia tomar seu lugar de médico, mas por certo ele atenderia de graça e com carinho a todo(a) paciente que ela indicasse a ele. Isto é fé e gratidão de todos(as) aqueles(as) que confiam na sua proteção e indicação para chegar ao Pai Celestial.
Eu própria tenho inúmeras situações em que busquei sua força e proteção e sempre fui atendida em minhas preces. Mas respeito aqueles (as) que pensam diferente ou professam outras religiões e tudo certo.
Quanto à padroeira do Brasil, temos um fato curioso é que se acredita que a mudança de sua coloração inicial para marrom escuro, quase preta, se deve às inúmeras velas que sempre lhe cercaram pelos devotos.
Anualmente nesta data, dezenas de igrejas e santuários que levam o nome da santa realizam programação especial.
Segundo o pesquisador da Academia Brasileira de Hagiologia (Abrhagi) Pe. Rubens Miraglia Zani, a história da santa no Brasil começa em 1717, quando a vila de Guaratinguetá, em São Paulo, estava se preparando para receber o governador da Província de São Paulo e Minas Gerais.
O município queria recepcioná-lo com um banquete e pediu para que três pescadores — João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia — trouxessem todos os peixes que conseguissem pescar no rio Paraíba, contudo, não era época de peixe. Eles trabalharam a noite toda e não pescaram nada.
Pela manhã, perto do Porto Itaguaçu, eles lançaram a rede mais uma vez e pescaram o corpo de uma imagem da Nossa Senhora. Um pouco mais abaixo, jogaram a rede novamente e pescaram a cabeça da santa e depois de encontrarem a imagem, eles conseguiram pescar muitos peixes.
A imagem encontrada era de barro, com 36 centímetros de altura e pesando pouco mais de dois quilos, essa imagem ainda existe e está exposta no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, localizado na cidade de Aparecida em São Paulo.
O nome da santa ficou conhecido assim, no Brasil, porque a imagem apareceu para os pescadores. Relata ainda Zani que um dos pescadores, Felipe Pedroso, levou a santa para casa e colou o corpo e a cabeça com cera de abelha. Então, as pessoas começaram a frequentar a casa dele para adorar Nossa Senhora.
Pouco tempo depois, uma capela foi construída. Foi neste local que aconteceu um dos milagres atribuídos à santa.
Segundo o pesquisador, um escravo chamado Zacarias havia fugido e estava sendo procurado por um capitão do mato, quando desesperado entrou na igreja e começou a rezar para a santa, pedindo para que ela o salvasse. O escravo estava com as mãos acorrentadas e as correntes, na época, eram fechadas com fogo, difíceis de serem abertas e com sua oração, as correntes se soltaram.
O conhecido manto azul e a coroa de ouro da santa também têm uma história interessante. Antes da Proclamação da República, a então herdeira do trono, princesa Isabel, e o marido estavam tentando ter um filho. Os dois participaram da celebração e a princesa ao pedir por um herdeiro, doou à imagem um manto ornado com brilhantes, segundo informações do Santuário de Aparecida.
Anos depois, a família, já com três filhos, retornou para agradecer. Desta vez, Isabel ofereceu à santa uma coroa de ouro e brilhantes.
Conforme informações do Santuário de Aparecida, em 8 de setembro de 1904 a imagem foi solenemente coroada com a coroa que a Princesa Isabel doou.
Note-se que a imagem que foi resgatada pelos pescadores era de coloração branca e de Nossa Senhora da Conceição, no entanto, por ter aparecido para eles, passou a ser chamada de Nossa Senhora Conceição Aparecida.
O dia 12 de outubro é feriado para os brasileiros desde 1980, quando a basílica foi consagrada por João Paulo II em sua primeira visita ao Brasil.
A basílica de Aparecida é a segunda maior do mundo, a quarta igreja mariana que recebe mais visitas no mundo, com a incrível capacidade de receber 45 mil romeiros no seu interior.
No dia 20 de abril de 1822, o imperador Dom Pedro I, juntamente com uma grande comitiva, fizeram uma visita à capela para homenagear a imagem milagrosa da Senhora de Aparecida.
A quantidade de pessoas e romeiros que visitavam a imagem aumentava a cada dia. Por isso, em 1834, deram início às obras da igreja que é conhecida hoje como Basílica Velha. Ela era bem maior que a capela e foi consagrada no dia 8 de dezembro do ano de 1888.
Em 29 de abril de 1908, a igreja passou a ser chamada de Basílica Menor e sua ordenação se deu no dia 5 de setembro de 1909.
Para a solenidade o Papa Pio X enviou, de Roma, relíquias de São Vicente Mártir. No dia 17 de dezembro de 1928, a vila que cresceu em volta da Basílica e que pertencia ao município de Guaratinguetá, fica independente, tornando-se o município de Aparecida do Norte. Hoje, a cidade se chama Aparecida.
O Papa Pio XI decreta Nossa Senhora da Conceição Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil no dia 16 de julho de 1930.
Mas a Lei Federal nº 6.802 (30/06/1980) decreta oficialmente o dia 12 de outubro como feriado nacional, dia de devoção à santa. Esta Lei Federal também reconhece Maria como sendo a protetora do Brasil.
Que os romeiros, devotos e outros brasileiros e brasileiras, independente da religião ou crença, possam continuar com sua fé e devoção inabalável e livres, protegidas constitucionalmente, sem medo de ser feliz!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres