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REDAÇÃO DO ENEM – “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”

Como todos sabem tenho uma bandeira de defesa dos direitos das mulheres desde há muitos anos, e fico muito feliz quando vejo avanços nessa luta diária de discriminação e desigualdades como politicas públicas e ações positivas que trazem o tema á discussão e reflexões.

Esse tema trouxe diversas discussões acadêmicas ou não e que por certo trará visibilidade ao problema enfrentado pelas mulheres e que lhes é obstáculo na disputa de cargos de poder e decisão ou até mesmo em ascensão profissional e até dificuldades para estudar e se candidatar a funções mais exigidas.

Situação que aumenta a feminização da pobreza, onde as mulheres abdicam de suas carreiras e estudos para cuidar dos filhos e outros familiares, se submetendo a menores salários para poucas horas de dedicação, funções subalternas e trabalhos em sua própria casa como cuidar de outras crianças para as mães trabalharem, vendas de produtos etc.

Dificuldades que o homem não enfrenta, posto que tem sempre uma mulher para cuidar de seus filhos e seus pais, afazeres domésticos, com os quais não precisa se preocupar ou se ocupar.

Aliás, este enfrentamento começa na entrevista para emprego, o que a mulher faz em sua casa e com seus filhos, quem os cuida, tem todo o peso para sua contratação, quando o homem sequer é indagado sobre esses cuidados.

O G1 da Globo.com, registrou opiniões de professores e mestres muito oportunas que a seguir vamos reproduzir:

Daniella Toffoli, coordenadora de linguagens do Curso Anglo comentou:  “a mulher que cuida dos filhos e dos pais não é valorizada”; “a sobrecarga com o trabalho fora e em casa, no geral, não é reconhecida pela sociedade”; “a dupla jornada e as cobranças sociais são naturalizadas, ou seja, são vistas como normais”.

E ainda para Danieli Ferreira, professora de Redação do Curso e Colégio Oficina do Estudante, sobre o tema do Enem, assim se manifestou: “trata-se de um tema extremamente interessante e pertinente dado que a mulher enfrenta no Brasil, às vezes, uma dupla ou tripla jornada de trabalho – o trabalho fora e de casa, para poder dar o sustento para a família”.

Além das questões cotidianas, dos afazeres da casa, ela pondera que, muitas vezes, sobra para a mulher o cuidado com os idosos e enfermos da família, além da responsabilidade pelos próprios filhos.  E complementa: 

“Esse é um tema extremamente relevante que vai tocar nas dores de muitas mulheres, espalhadas pelo Brasil, e que, realmente, não têm esse trabalho reconhecido”.

O diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Educação, Ademar Celedônio, ressalta que o trabalho doméstico e de cuidados, tradicionalmente executados pelas mulheres, não é contabilizado na economia formal. Esse desafio envolve superar barreiras culturais, promoção de políticas públicas eficazes e implementação de medidas que valorizem essas atividades essenciais. Em especial no contexto brasileiro, é importante entender como essa invisibilidade afeta a participação econômica das mulheres e perpetua desigualdade de gênero.

Na elaboração da redação, o coordenador de redação do Colégio Etapa, Luiz Carlos Dias, sugere, por exemplo, a possibilidade de citar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que focava na questão das trabalhadoras domésticas, destacando, nesse caso, a importância da economia do cuidado como um elemento central da intervenção.

Outro ponto levantado pelos professores é o fato de que a invisibilidade desse tipo de trabalho realizado pelas mulheres se trata de uma questão histórica.

É bom relembrar que, como nossa cultura e nossa história sempre colocaram a mulher nesse lugar de dona de casa, esse comportamento social de não valorizar o que ela realiza também é histórico, uma vez que, se o lugar dela é ali, e ela nasceu para exercer esse papel de ser dona de casa e cuidar dos filhos, não tem porque valorizá-la.

Para Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Objetivo, “o tema deve ter proporcionado ao candidato o reconhecimento ao trabalho tão importante e imprescindível da mulher.”

“O tema seguiu o que esperávamos em relação a trabalhar uma problemática social do Brasil que envolve um grupo prioritário que tende a ser esquecido.    Neste sentido, é um assunto de grande relevância justamente para dar visibilidade a este grupo”, diz Isabela Canella, professora de Redação da Escola SEB Lafaiete.

Para Thiago Braga, professor de redação do Colégio e Sistema pH, esse tema é sensível na nossa sociedade.

“Trata-se de um tema que não é esperado, uma questão extremamente sensível e invisibilizada e, por isso, não é esperado. Daí vem a importância de uma discussão como essa para jovens de todo o Brasil. Os alunos, certamente, têm argumentos e repertórios para lidar com a questão, porque discute-se muito o papel da mulher nos eixos temáticos da redação”, afirma.(Site Globo.com/G1-Educação).

Essa questão deve ser debatida e estar presente nos meios acadêmicos para uma mudança de cultura e de comportamento a partir dos jovens que estão nos bancos escolares.

As questões relacionadas às mulheres foram por muitos anos esquecidas e tratadas como um tema sem expressão, menor, como a própria mulher, o ser frágil, seu lugar era na cozinha e no tanque, mas isso mudou muito depois que foram para os bancos escolares e se permitiram alçar voos maiores.

Que mais ações afirmativas desse tipo possam continuar a trazer não somente reflexão para realizar a redação, mas que sirva para dar visibilidade necessária ao assunto e a verdadeira modificação de comportamentos e da situação da mulher na sociedade e que continuemos plantando tâmaras, sem medo de ser feliz!

Dra. Iacita Azamor Pionti

Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres

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