O termo Responsabilidade Social surge neste século com o objetivo de guiar as corporações no que diz respeito à importância e a necessidade de preservar os recursos culturais, ambientais e sociais para as gerações futuras são questões primordiais para que haja a responsabilidade social, de forma que é fundamental que haja uma compreensão dos princípios éticos, estabelecendo assim, um desenvolvimento sustentável.
Contribuindo com um ambiente mais sustentável e uma sociedade justa, a responsabilidade social visa trazer medidas que ofereçam boas condições para a sociedade e diversidade cultural.
O termo ESG veio à tona no ano de 2004, quando o Pacto Global em parceria com o Banco Mundial publicou um relatório conhecido como “Who Care Wins”, que significa “Quem se Importa Vence”. Esse documento reunia diversas diretrizes para o crescimento sustentável, estimulando que as empresas fossem mais comprometidas com essa causa. Começamos a ouvir essa terminologia no Brasil em 2020, principalmente devido à pandemia.
Para melhor entender cada letrinha da sigla, é importante saber que cada área dessas (ambiental, social e governança), possui tendências estratégicas, senão vejamos:
Ambiental (E do ESG): Mudanças climáticas e emissões de carbono; uso dos recursos naturais, poluição e resíduos sólidos.
Social (S do ESG): Projetos sociais; relação com comunidades; saúde mental dos colaboradores; diversidade e inclusão; responsabilidade com o consumidor.
Governança (G do ESG): Inteligência e segurança de dados; ética e transparência; política de prevenção à corrupção e fraudes.
Quando se fala no “S” do ESG, nos lembramos logo das organizações sociais, pois se referem a relação com a comunidade e os projetos socioambientais.
Dentro dessas temáticas, se encontram grandes frentes de atuação do terceiro setor para impulsionar as métricas do ESG dentro das empresas e também alavancar o trabalho das organizações. Podem ser desenvolvidos através do Investimento Social Privado com os projetos sociais; Relacionamento com comunidades, por meio de programas de voluntariado, por exemplo, e através da Preservação ambiental, desenvolvendo a educação e voluntariado ambiental.
É certo que o mundo está mudando, a sociedade está mais atenta aos impactos positivos e negativos gerados pelas empresas e também conhecendo melhor as organizações do terceiro setor, que representam um braço forte para resolver problemas complexos da nossa sociedade.
Não são apenas as empresas que podem implementar as metas ESG e contar com as Organizações, mas também as ONGs podem trabalhar com práticas ESG, como as de mensuração de impacto e governança, contribuindo para a sua transparência, prestação de contas e sustentabilidade. Por sua vez, a parceria com essas organizações se torna mais atrativas para as empresas que tem foco em gerar um impacto social positivo dentro do contexto em que atuam.
Podemos observar que essa parceria gera benefícios para todos os lados, no qual as ONGs se beneficiam com programas de voluntariado e/ou práticas de apoio às instituições pelas empresas e em contrapartida as empresas ganham maior credibilidade com boas práticas sociais, de governança e ambientais. Dessa maneira, surge um benefício mútuo onde todas as partes se apoiam no desenvolvimento e fortalecimentos de boas práticas socioambientais.
Com isso, podemos perceber que essa parceria entre ONGs e empresas interessadas em implementar metas ESG pode alavancar projetos socioambientais, contribuir para a imagem de ambos e gerar impacto positivo.
A depender da parceria, propor e executar políticas públicas voltadas à educação, saúde e desenvolvimento de áreas em situação de vulnerabilidade. Sobre a preservação ambiental, as organizações podem contribuir com a elaboração de pesquisas, e na sensibilização de vários públicos sobre a temática, nos pilares:
Responsabilidade ambiental – a empresa precisa ter responsabilidade sobre a preservação do meio ambiente e realizar o uso racional dos recursos naturais disponíveis, a fim de promover maior cuidado para as gerações atuais e as futuras.
Responsabilidade econômica – Ações que possibilitam a inserção de novas pessoas no mercado de trabalho, aumentam o poder de compra e aquisição da população e fomentam outras áreas que estão diretamente ou indiretamente ligadas às suas atividades, pois o negócio precisa ser sustentável economicamente.
Responsabilidade, desenvolvimento e apoio social – A necessidade da empresa atuar de forma responsável com a sociedade que está inserida, tanto na estrutura micro quanto macro, reconhecendo sua importância no desenvolvimento e apoio de grupos mais vulneráveis, com políticas de ações afirmativas, projetos de capacitação, divulgação e parceria com projetos sociais e Ongs são formas importantes de trabalhar esses pilares internamente.
Movimentar a economia regional e fortalecer as comunidades locais- Empresas precisam incentivar o crescimento local, investindo na capacitação de pessoas na sua região de atuação, em situação de vulnerabilidade social ou, não. Quando um negócio decide atuar de forma responsável, a comunidade local sai mais fortalecida. O que se percebe é que o desenvolvimento de negócios numa determinada região, trabalhando em priorizar o fornecimento de produtos e serviços deles para a sua empresa, em vez de contar com concorrentes de outras localidades, aquela cidade ou macrorregião ganha maior poder econômico.
Melhorar a imagem da empresa no mercado – Atualmente, é fundamental proporcionar um cuidado exemplar com a imagem da empresa e tem sido um ponto cada vez mais determinante para a tomada de decisão dos consumidores, que não querem apenas uma marca com produtos de qualidade, mas que coaduna com seus valores e que esteja engajada em boas causas, portanto, relacionada a melhoria de resultados.
Reforçar os valores do negócio – Não se aceita mais abrir uma empresa apenas com o objetivo de independência financeira, maior rentabilidade ou conquistar status e sucesso estão atreladas à responsabilidade social, aliás, muito negócio nasce, justamente, a partir de uma vontade de melhorar a sociedade.
Incentivo à sustentabilidade – Outro ponto importante quando uma empresa atua com responsabilidade social é proporcionar maior incentivo à sustentabilidade. E isso repercute em ganhos para o mundo como um todo. Afinal, preservar os recursos naturais e o meio ambiente é uma urgência no contexto atual.
Ações sustentáveis ajudam para que os recursos naturais sejam poupados e se evite a escassez não só para as gerações futuras, mas para a atual também; se promova o desenvolvimento de iniciativas focadas em proporcionar mais cuidados com o meio ambiente; se reduza a geração de resíduos; se proporcione maior fortalecimento da economia nacional, já que o critério de ter ações de proteção ao meio ambiente tem sido uma das grandes demandas pelos parceiros e Estados internacionais; se minimizem os impactos sobre o clima, que poderão proporcionar diversos prejuízos a longo prazo.
Redução de desigualdades – Quando as empresas atuam com Responsabilidade Social, é possível proporcionar ações que reduzam desigualdades sociais, seja na região, seja para um grupo social como um todo. Ações afirmativas têm se mostrado essenciais nisso a fim da reparação de questões históricas.
Assim sendo, temos que refletir sobre a importância da Responsabilidade Social e estas parcerias entre empresas e organizações sociais para a sociedade como um todo.
Mesmo que pareçam simples e pequenas, as medidas adotadas podem ter um profundo impacto nesse cenário. Ainda que elas sejam implementadas internamente, sem grandes ações ambiciosas, poderá fazer a diferença.
Que nossos empresários se sintam tocados com o cenário atual e as mudanças em nossa sociedade, cujas atitudes responsáveis podem contribuir grandemente para um mundo mais justo e igualitário, afinal… “Who care wins”…quem se importa, vence, sem medo de ser feliz!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres