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Reverenciar o passado para iluminar o futuro 

Pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher onde sou voluntária há quase 20 anos e do qual estou presidente atualmente resolvemos como forma de homenagear a todas as mulheres que foram conselheiras nos 20 anos de sua efetiva atuação, fazer a linha do tempo das ex-presidentes do Conselho. 

No mês de março, mês da mulher, as diversas entidades realizam eventos e apresentam novos projetos direcionados à comemoração e reflexão do dia internacional da mulher, 08 de março.

Mas neste ano, decidimos não apresentar estatísticas alarmantes da violência ou realizar blitz educativa, reuniões e eventos, como temos feito nos últimos anos seguindo a tradição de todas as entidades que lutam pelos direitos da mulher em nossa capital.

Decidimos por falar em paz, primeiro realizando o momento pela paz no Drive Thru realizado pela “DU BEM SUSTENTÁVEL”, de iniciativa da querida amiga Ana Cristina Franzoloso, falando da necessidade de pregarmos a paz, mesmo diante de tanta violência pelo mundo.

E para tanto pensamos em resgatar a história do Conselho na nossa capital, revendo fatos e situações com  a presença de mulheres que foram importantes na construção das políticas públicas de nossa capital e que estão carregando essa bandeira há muitos anos e são por vezes esquecidas.

Afinal, o Conselho tem como objetivo primordial promover políticas de eliminação da discriminação da mulher, assegurar o exercício de seus direitos, a participação e integração no desenvolvimento econômico, social, político e cultural do município, definindo políticas  de promoção e defesa dos direitos da mulher, acompanhar a implantação e operacionalização de programas e projetos nas áreas de educação, assistência social, saúde, geração de renda entre outros.

Sabemos que a mulher ainda tem uma longa caminhada na busca da equidade, bem como, na luta para se livrar da misoginia e de todas as formas de violência a que está exposta.

O Conselho nestes vinte anos de efetividade tem realizado ações nas comunidades para divulgar a Casa da Mulher Brasileira, esclarecer dúvidas e encaminhar serviços e atendimentos às mulheres, pois entendemos que o conhecimento é que poderá conceder mais liberdade e protagonismo á nossas mulheres.

Essas mulheres que por aqui passaram deixaram seus legados de luta e voluntariado pela paz e àdisposição das mulheres campo-grandenses na busca pelos seus direitos e equidade. 

Lembramos de ações presenciais antes do alcance atual das mídias sociais, como abaixo assinado para funcionamento das delegacias da mulher por 24 horas, das inúmeras reuniões com a Secretaria da Mulher para a instalação da Casa da Mulher e da Secretaria da Mulher, das Conferencias Municipais e Estaduais realizadas com muito trabalho e poucos recursos, mas que foram importantes para a criação do Plano Estadual e Plano Nacional que delimitaram os eixos de trabalho.  Também a luta por mais de 10 anos para a criação do Fundo Mulher que está começando a surtir o efeito esperado, haja vista recente convenio firmado da SEMU com o Ministério Publico do Trabalho.

E prosseguimos num trabalho intenso e dedicado com participação dentro das comunidades como o “Mutirão do Povo”, “ações sociais da Secretaria de Direitos Humanos”, ações sociais mensais nas comunidades mais carentes, onde uma informação por mais banal que pareça faz toda a diferença e acreditamos preponderante para reduzir os alarmantes índices de violências e feminicídios na nossa capital.

E não podemos esquecer da luta para que o Conselho seja parte ativa e importante para as politicas públicas posto que foi uma das primeiras representações do controle social, e ainda hoje única forma de participação das entidades civis e das nossas irmãs que longe dos espaços de poder e decisão, sofrem ainda com maior intensidade as violências  discriminações, mas que tem propostas, anseios, sonhos e necessidades que alguém tem que fazer chegar ao poder público e gestores.

Com cada uma das ex-presidentes com quem falamos para convidar para essa homenagem primeiro foi a surpresa em estarem sendo lembradas e depois a emoção, relembrando de momentos de sua gestão e de como foi importante a presença e participação do conselho em cada uma das lutas enfrentadas.  Na mão de muita mulheres que pegamos ou que demos o ombro ou até choramos juntas, e como suas presenças foram inspiradoras para que pudéssemos continuar nesse caminho de luta e de vitórias, num almejado sonho de que um dia as mulheres irão compartilhar muito mais do que competir e as oportunidades serão iguais em todas as áreas, e a violência doméstica ficará no passado, enfim vamos encontrar a paz.

Foram homenageadas: Maria Neuci Ferreira Rocha, Vera Lucia Amorim Costa, Elza Maria Verlangieiri Loschi -Tai, Josenita Cabral Silva Santos, Alelis Izabel de Oliveira Gomes, Marcia Regina Ledesma, Glaucia Silva Leite, Maria Daisi da Silva Pinheiro, Mara de Azambuja Salles (in memoriam), Cleuzenir de Araujo Bento – Nininha (in memorian), Rosimeire Leal de Oliva, Leyde Alves Pedrosa (in memorian), Maritza da Silveira Cogo e Carla Charbel Stephanini Rocha.

A essas mulheres rendemos nossas homenagens e deixamos aqui o registro de nossa admiração pelo caminho trilhado por vocês e que nos alimenta a alma a cada dia, para continuar esse legado deixadoe que será perpetuado.

Por fim, rogamos a Deus coragem e bênçãos para que nossos gestores tenham a sensibilidade pela situação das mulheres, que nos dê inspiração e determinação para tenhamos mais mulheres na política, nos espaços de poder e decisão trazendo o olhar de mais de 50% da população, que o machismo tradicional venha a ser desestruturado com mudanças de paradigmas para as novas gerações e que as minhas colegas conselheiras atuais não desistam e que possamos continuar a caminhada, sempre plantando tâmaras, sem medo de ser feliz!

Dra. Iacita Azamor Pionti

Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres

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