O “pocketing”, termo derivado da palavra inglesa “pocket” (bolso), descreve a situação em que alguém esconde seu parceiro(a) das redes sociais, como se o guardasse em um bolso secreto, longe dos olhares de amigos, familiares e, principalmente, outros potenciais interesses amorosos. É como se o relacionamento existisse apenas no privado, numa dimensão paralela à vida online da pessoa que pratica o “pocketing”.
Identificar essa dinâmica pode ser mais complexo do que parece, afinal, nem todos se sentem confortáveis expondo sua vida amorosa online. A frequência com que se publica nas redes sociais também varia de pessoa para pessoa.
A questão central não é a ausência total de fotos juntos, mas sim um desequilíbrio evidente e a ocultação sistemática do relacionamento. Observe se o seu parceiro(a) publica ativamente sobre outros aspectos da sua vida, como amigos, família, hobbies, viagens, mas jamais sobre você ou o relacionamento de vocês. Essa discrepância é um forte indício de “pocketing”.
Outro sinal importante é a recusa constante em tirar fotos juntos ou, quando aceita, a justificativa para não publicá-las é sempre vaga ou inconsistente. “Minha rede social é só para coisas profissionais”, “Não gosto de expor minha vida pessoal” ou “Essa foto não ficou boa o suficiente” são exemplos clássicos.
Se essas desculpas se repetem com frequência, mesmo quando você demonstra interesse em compartilhar momentos juntos online, é hora de acender um sinal de alerta.
Além disso, preste atenção ao comportamento do seu parceiro(a) quando vocês encontram conhecidos dele em público. Se ele(a) demonstra desconforto ou tenta evitar que vocês interajam, pode ser um sinal de que ele(a) está escondendo o relacionamento. A esquiva em apresentar você como namorado(a) ou o uso de termos vagos como “amigo(a)” ou “conhecido(a)” também reforçam a suspeita de “pocketing”.
As possíveis motivações por trás do Pocketing
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Compreender as razões por trás do “pocketing” é fundamental para lidar com a situação. As motivações podem ser complexas e variadas, desde a simples insegurança até comportamentos manipuladores.
Uma das causas mais comuns é o desejo de manter as opções em aberto. A pessoa pode estar relutante em assumir publicamente o relacionamento para continuar flertando ou se envolvendo com outras pessoas sem levantar suspeitas.
Outra motivação possível é a vergonha do parceiro(a). A pessoa pode considerar que você não se encaixa nos padrões de beleza ou status social que ela projeta online. Nesse caso, o “pocketing” se torna uma forma de evitar julgamentos de amigos, familiares ou colegas de trabalho. Essa situação pode ser particularmente dolorosa, pois envolve uma desvalorização da sua pessoa e do relacionamento.
Em alguns casos, o “pocketing” pode estar relacionado a traumas ou experiências negativas do passado. A pessoa pode ter sofrido com relacionamentos anteriores expostos publicamente que terminaram mal, gerando constrangimento ou exposição indesejada. Como consequência, ela desenvolve uma aversão a demonstrar afeto online, buscando proteger sua privacidade e evitar novas decepções.
Por fim, uma das motivações mais preocupantes por trás do “pocketing” é a manipulação. A pessoa pode estar ocultando o relacionamento intencionalmente para exercer controle e poder sobre o parceiro(a). Ao mantê-lo(a) em segredo, cria-se uma dinâmica de insegurança e dependência, dificultando a percepção da realidade e a tomada de decisões.
Independentemente da motivação, o “pocketing” raramente é um comportamento saudável em um relacionamento. Identificar a causa por trás dessa atitude é o primeiro passo para uma conversa franca e a busca por uma solução que respeite os sentimentos de ambos os envolvidos.
Pocketing e a sombra da traição: existe uma relação?
A conexão entre “pocketing” e traição é complexa e nem sempre direta. Nem todo caso de “pocketing” implica necessariamente uma infidelidade consumada, mas a ocultação sistemática do relacionamento pode criar um terreno fértil para a desconfiança e, em alguns casos, para o surgimento de segredos e mentiras que abrem caminho para a traição.
Quando um parceiro é mantido escondido nas redes sociais, a sensação de que algo está errado se instala. A falta de transparência alimenta a insegurança e as dúvidas sobre a natureza real do relacionamento. Afinal, se o sentimento é genuíno, por que escondê-lo?
Esse questionamento constante corrói a confiança e gera um clima de suspeita, mesmo que não haja uma traição propriamente dita.
Além disso, o “pocketing” pode ser um facilitador para a infidelidade. Ao manter o relacionamento em segredo, a pessoa que pratica o “pocketing” tem mais liberdade para flertar e se envolver com outras pessoas sem levantar suspeitas. Afinal, para o mundo exterior, ela está solteira. Essa situação aumenta as chances de que uma simples paquera evolua para algo mais sério, configurando uma traição.
É importante ressaltar que a traição não se limita ao contato físico. A infidelidade emocional, caracterizada pela troca de confidências, intimidade e afeto com outra pessoa, também pode ser devastadora para o relacionamento. E o “pocketing”, ao criar um ambiente de sigilo e ocultação, favorece o desenvolvimento dessas conexões emocionais paralelas.
Portanto, embora o “pocketing” não seja sinônimo de traição, ele pode ser um sinal de alerta. A falta de transparência e a ocultação do relacionamento criam um contexto propício para a desconfiança, a insegurança e, em alguns casos, para o surgimento de comportamentos que configuram uma infidelidade, seja ela física ou emocional.
É fundamental conversar abertamente com o parceiro e buscar entender as motivações por trás do “pocketing” para evitar que a sombra da traição se instale no relacionamento.
Como lidar com o Pocketing em seu relacionamento
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Diante da suspeita de “pocketing”, o primeiro passo é a autoanálise. Reflita sobre suas próprias expectativas em relação ao relacionamento e à exposição nas redes sociais. É importante reconhecer que nem todos compartilham o mesmo nível de conforto com a exposição online e que a ausência de fotos juntos não significa, necessariamente, um problema.
Uma vez que você tenha clareza sobre seus sentimentos e expectativas, o próximo passo é o diálogo. Converse abertamente com seu parceiro sobre o “pocketing” e como essa situação te afeta.
Expresse suas inseguranças e dúvidas sem acusações ou julgamentos. A comunicação franca e respeitosa é fundamental para a construção de um relacionamento saudável e transparente.
Durante a conversa, procure entender as motivações do seu parceiro. Ouça atentamente suas explicações e tente se colocar no lugar dele. Talvez ele tenha inseguranças, traumas do passado ou simplesmente não se sinta à vontade com a exposição online.
Compreender suas razões não significa concordar com o “pocketing”, mas sim criar um espaço para o diálogo e a busca por uma solução em conjunto.
Caso o “pocketing” persista mesmo após a conversa, e você continue se sentindo desconfortável com a situação, é importante estabelecer limites. Deixe claro para seu parceiro quais são seus limites e o que você espera do relacionamento. Se a ocultação nas redes sociais for um fator crucial para você, explique que essa situação é insustentável e que você precisa repensar o futuro do relacionamento.
Em alguns casos, buscar ajuda profissional pode ser benéfico. A terapia de casal pode auxiliar na comunicação, na compreensão das motivações por trás do “pocketing” e na busca por soluções que respeitem os sentimentos e as necessidades de ambos os envolvidos. Lembre-se de que um relacionamento saudável se baseia em respeito, confiança e transparência, tanto online quanto offline.
Quando o Pocketing é um sinal de alerta
Embora o diálogo e a compreensão sejam fundamentais, existem situações em que o “pocketing” transcende a mera questão da exposição online e se torna um sério sinal de alerta para problemas mais profundos no relacionamento. É crucial estar atento a esses sinais para proteger sua autoestima e bem-estar emocional.
Um dos principais indicativos de que o “pocketing” é problemático é a incongruência entre o comportamento online e offline do parceiro. Se ele demonstra afeto e carinho em particular, mas te esconde nas redes sociais, pode haver uma desconexão preocupante entre o que ele sente e o que projeta para o mundo.
Essa discrepância pode indicar insegurança, medo de compromisso ou até mesmo a existência de uma vida dupla.
Outro sinal de alerta é a constante desvalorização e manipulação. Se o “pocketing” é acompanhado de críticas, humilhações ou tentativas de controle, a situação se torna ainda mais grave. O parceiro pode estar usando a ocultação nas redes sociais como uma forma de te isolar e minar sua autoestima, tornando-o mais dependente e vulnerável.
A resistência em apresentar você para amigos e familiares também é um forte indício de que algo não vai bem. Se o parceiro inventa desculpas constantes para evitar que você conheça seu círculo social, pode ser um sinal de que ele não te enxerga como parte integrante da sua vida ou que está escondendo algo.
Essa falta de integração demonstra uma falta de comprometimento e respeito pelo relacionamento.
Por fim, se o “pocketing” te causa sofrimento e afeta negativamente sua autoestima, é fundamental levar seus sentimentos a sério. Não minimize a dor e a insegurança que essa situação provoca. Sua saúde emocional é prioridade, e você merece estar em um relacionamento que te valorize e te faça sentir bem, tanto online quanto offline.
A importância do diálogo e dos limites pessoais
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Reconhecer os sinais de alerta e entender as possíveis motivações por trás do “pocketing” são passos importantes, mas insuficientes se não forem acompanhados de diálogo e da firmeza em estabelecer limites pessoais. A comunicação transparente é a base de qualquer relacionamento saudável e, nesse contexto, torna-se crucial para confrontar o problema e buscar soluções conjuntas.
O diálogo deve ser conduzido com respeito e empatia, mas também com clareza e assertividade. Expresse seus sentimentos e incômodos abertamente, sem receio de ser julgado(a). Compartilhe como o “pocketing” afeta sua autoestima e segurança no relacionamento. Lembre-se: seus sentimentos são válidos e merecem ser considerados.
A escuta ativa é tão importante quanto a expressão dos próprios sentimentos. Procure entender a perspectiva do seu parceiro, suas motivações e receios. Esteja aberto(a) a ouvir suas justificativas, mesmo que não concorde com elas. O objetivo do diálogo não é encontrar culpados, mas sim compreender a raiz do problema e construir pontes para a resolução.
Estabelecer limites pessoais é fundamental para proteger sua saúde emocional e garantir um relacionamento equilibrado. Defina o que você está disposto(a) a tolerar e o que é inegociável. Comunique esses limites ao seu parceiro com firmeza e respeito. Se o “pocketing” é uma questão central para você, deixe claro que essa situação é insustentável a longo prazo.
A definição de limites não se trata de impor suas vontades, mas sim de se respeitar e valorizar. Um relacionamento saudável se baseia na reciprocidade e no respeito às individualidades. Se seus limites não são respeitados, é preciso reavaliar a dinâmica do relacionamento e considerar se ele realmente te faz bem.
Lembre-se: o diálogo e os limites pessoais são ferramentas poderosas para construir um relacionamento saudável e equilibrado. Não hesite em utilizá-las para confrontar o “pocketing” e proteger seu bem-estar emocional.
Em última análise, lidar com o “pocketing” requer uma combinação de autoconhecimento, comunicação aberta e firmeza na defesa dos próprios limites. Reconhecer seus próprios sentimentos e necessidades é o primeiro passo para navegar nessa situação complexa.
A partir daí, o diálogo sincero e respeitoso com o parceiro se torna essencial para buscar um entendimento mútuo e encontrar soluções que beneficiem ambos. E, finalmente, se o “pocketing” persistir e causar sofrimento, lembrar-se do valor da autoestima e priorizar o próprio bem-estar emocional é crucial para tomar decisões sábias e construir relacionamentos mais saudáveis no futuro.
Se você se identificou com este artigo e está passando por uma situação semelhante, saiba que não está sozinho(a). Buscar apoio em amigos, familiares ou profissionais da saúde mental pode ser fundamental para lidar com as emoções envolvidas e encontrar o caminho para um relacionamento mais saudável e feliz.
*Lembre-se: você merece ser valorizado(a) e respeitado(a), tanto online quanto offline.
O Segredo





