O Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul participou da audiência pública – “O impacto da prevenção da saúde mental nas crianças e adolescentes”, realizada na tarde da última terça-feira (26), na Assembleia Legislativa. Representantes dos poderes do Estado e do município, especialistas da área da educação, saúde, assistência social e direitos humanos, debateram o delicado tema, que integra as ações do “Setembro Amarelo” – mês de combate e prevenção ao suicídio.
No encontro, o presidente do TCE-MS, conselheiro Jerson Domingos, foi representado pela chefe da Diretoria de Comunicação Institucional, Alexsandra Oliveira, que ressaltou a seriedade da discussão e a importância do envolvimento de toda a sociedade, na busca de soluções que ajudem a combater e reverter os dados alarmantes.
A audiência pública foi proposta pelo deputado estadual Lídio Lopes, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente (Fenacria). O deputado também é autor do Projeto de Lei 259/2023, que estabelece as diretrizes para criação da política de promoção à saúde mental, com prevenção ao suicídio e autolesão, dentro das escolas estaduais e privadas do Estado.
“O compromisso assumido pelo Tribunal de Contas, implementando o Programa Integrado pela Garantia dos Direitos da Primeira Infância, nos motivou a fomentar parcerias com a Corte, com o Poder Judiciário, com a Assembleia Legislativa, com as Secretarias de Educação e Saúde do Estado e do município, para que a gente possa realmente ir para a fronte na prática. Penso que através desse pacto do TCE-MS a gente possa movimentar parcerias também com os municípios, para que a gente possa alavancar e fazer com que esse atendimento preventivo da saúde mental chegue efetivamente a todas as crianças e adolescentes”, declarou Lídio Lopes.
A tarde seguiu com a palestra proferida pela psiquiatra Gislayne Budib Poleto, coordenadora municipal da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Ela destacou que Campo Grande é a sexta capital que apresenta altos índices de suicídio em crianças e adolescentes, e que os números só têm aumentado. “Os últimos dados demonstraram que a idade está ainda menor, são agora crianças entre 5 e 9 anos de idade que tentam o suicídio. A criança pode ter transtornos psiquiátricos, temos que trabalhar, por exemplo, algumas frases negativas que ela repete e trabalhar ainda fatores de proteção, para não chegar a pensarem em suicídio, como autoestima elevada, bom suporte familiar, entre outros. A prevenção é uma responsabilidade de todos”, afirmou.
Na palestra da psicóloga Céres Mota Duarte, do Instituto de Terapia Cognitivo Comportamental (ITCC), explicou com detalhes sua tese sobre a “psicoeducação”, como estratégia na prevenção à saúde mental nas escolas. “Fico feliz em poder participar de uma audiência em que posso trazer e aprender sobre conteúdos que serão propostos. A saúde mental é uma parte integrante da Saúde, determinada por fatores socioeconômicos, psicológicos e ambientais. A criança externaliza de forma mais sincera quando passa por algum problema, o adolescente às vezes não. Convivência e habilidades sociais são desenvolvidas na escola também. É necessário também diminuir o estigma, lembrando que a prevenção busca impedir que um transtorno mental se instale ou o impacto deste transtorno. É necessário que toda a escola esteja envolvida no processo, estratégias de enfrentamento, autoajuda, e para isso temos programas em grupos, com sessões individuais e com envolvimento dos pais”.
Olga Cruz