O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, durante a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano. Desde então, a data tem sido determinante para aumentar a conscientização e encorajar a ação global em prol da proteção ambiental. A cada ano, um tema específico é abordado, focando em questões ambientais urgentes, como a poluição do ar, a perda da biodiversidade, a desertificação e a economia circular.
“A Terra é o que todos temos em comum”, citação atribuída ao escritor e ativista Wendell Berry, resume a essência do Dia do Meio Ambiente. Nos lembra de que, apesar das diferenças culturais e geográficas, compartilhamos um único planeta e a saúde dele impacta diretamente a nossa.
A sustentabilidade, em sua essência, busca harmonizar o desenvolvimento econômico e social com a proteção ambiental, garantindo que as necessidades das gerações presentes sejam supridas sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem as suas próprias. A preservação, por sua vez, foca na proteção de ecossistemas e espécies em seu estado natural. Ambas são interdependentes e essenciais para a saúde do planeta.
O Brasil, com sua vasta Floresta Amazônica, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e outros biomas riquíssimos, desempenha um papel insubstituível na manutenção da biodiversidade global e na regulação climática. Porém, o País também enfrenta desafios ambientais significativos, como o desmatamento, as queimadas ilegais, a poluição hídrica e a exploração predatória de recursos naturais.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam a dimensão do problema. Em 2023, o desmatamento na Amazônia Legal, apesar de uma queda em relação a anos anteriores, ainda representou uma perda considerável de cobertura florestal. Embora o governo brasileiro tenha estabelecido metas ambiciosas para combater o desmatamento ilegal e promover a restauração florestal, a efetividade dessas políticas depende do engajamento de todos os setores da sociedade.
A conscientização da população brasileira é fundamental. Campanhas de educação ambiental, incentivo à reciclagem, consumo consciente e apoio a iniciativas de conservação são passos decisivos. Como destaca o renomado biólogo E.O. Wilson: “Se eu pudesse ter um desejo, seria este: que as pessoas entendessem a necessidade e a importância da biodiversidade”. Essa compreensão é a base para a ação individual e coletiva.
Mato Grosso do Sul
No âmbito estadual, Mato Grosso do Sul tem se destacado por suas iniciativas pioneiras em sustentabilidade e preservação, especialmente considerando a presença vital do Pantanal e do Cerrado em seu território. O governo do Estado tem implementado diversas ações que visam conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental, buscando a meta de ser um estado carbono neutro até 2030.
Entre as principais ações, destaca-se a Lei do Pantanal (Lei nº 6.160/2023), um marco legal que visa garantir a conservação, proteção, restauração e a exploração ecologicamente sustentável da Área de Uso Restrito da Planície Pantaneira. Essa legislação moderna e inovadora estabelece diretrizes claras para o uso do solo, proibindo atividades de alto impacto e incentivando práticas produtivas de baixo carbono, como a rastreabilidade bovina e a substituição de pastagens degradadas por eucalipto, além de proibir a expansão de cultivos em áreas específicas e a instalação de novos empreendimentos de carvoaria. A Lei do Pantanal representa um compromisso do estado com a preservação de um dos biomas mais importantes do mundo.
Além disso, o Estado investe em programas de incentivo aos produtores rurais que adotam boas práticas de produção sustentável, como o plantio direto na palha e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Programas como o PDAgro, Precoce MS e Carne Sustentável e Orgânica do Pantanal remuneram o produtor pela adesão a essas tecnologias de baixa emissão de carbono, colocando Mato Grosso do Sul na vanguarda da sustentabilidade no agronegócio. O governo também tem avançado na produção de combustíveis renováveis e energia a partir de resíduos industriais, buscando valorizar a preservação e a bioeconomia.
Na gestão de resíduos sólidos, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Mato Grosso do Sul (PERS-MS) estabelece estratégias concretas para promover a segregação na fonte, a implementação da logística reversa e o fortalecimento das cadeias de reciclagem, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Iniciativas como a da CEASA/MS, que incentiva a separação de lixo reciclável com descontos no aluguel para permissionários, exemplificam o compromisso em reduzir o impacto ambiental.
A proteção da biodiversidade sul-mato-grossense também é reforçada por projetos como o “Sementes do Taquari”, que visa plantar milhões de árvores e recuperar hectares de nascentes no Taquari, a maior ação de conservação da natureza na região. Investimentos significativos são direcionados a unidades de conservação, como o Parque do Ivinhema, para combate a incêndios e proteção ambiental.
A legislação ambiental do Estado também inclui a proibição de incineradores de lixo, a proteção à fauna e a regulamentação da pesca, demonstrando um arcabouço legal robusto para a preservação. Essas ações demonstram o papel ativo de Mato Grosso do Sul na construção de um futuro mais sustentável, servindo de modelo para o Brasil.
Mundo
Globalmente, os impactos das mudanças climáticas são cada vez mais evidentes: eventos climáticos extremos, aumento do nível do mar, derretimento de geleiras e perda de habitats. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), principal órgão científico internacional para avaliar as mudanças climáticas, alerta que a janela de oportunidade para limitar o aquecimento global a 1,5°C está se fechando rapidamente. Isso exige uma transição urgente para economias de baixo carbono, investimentos em energias renováveis e a proteção de ecossistemas vitais que atuam como sumidouros de carbono.
Empresas, governos e cidadãos têm um papel vital. A adoção de práticas sustentáveis na produção e no consumo, a implementação de políticas públicas que incentivem a economia verde e a educação ambiental são pilares para a construção de um futuro resiliente.
O Dia Mundial do Meio Ambiente serve como um poderoso lembrete de que a saúde do nosso planeta está intrinsecamente ligada à nossa própria saúde e bem-estar. No Brasil e em todo o mundo, a conscientização sobre a sustentabilidade e a preservação deve se traduzir em ações concretas no dia a dia. Desde a escolha do que consumimos até o apoio a políticas ambientais robustas, cada indivíduo, empresa e governo tem um papel a desempenhar.
Ainda há tempo para reverter os danos e construir um futuro mais verde e sustentável, mas a urgência é real. Que o Dia do Meio Ambiente seja não apenas uma data de celebração, mas um catalisador contínuo para a mudança, inspirando-nos a sermos guardiões ativos do nosso lar comum.
Olga Cruz
*Com informações de http://www.inpe.br/; https://www.ipcc.ch/; https://www.unep.org/pt-br; https://www.gov.br/mma/pt-br





