Independentemente do momento da vida em que você se encontra, em algum ponto acabará recorrendo a um ditado popular.
Essas expressões fazem parte do cotidiano dos brasileiros e carregam lições práticas que se aplicam a diversas situações.
No entanto, muitos desses provérbios são tão antigos que, ao longo do tempo, acabaram sofrendo modificações, seja na pronúncia, seja no próprio significado.
Vamos corrigir alguns desses erros para garantir a fidelidade às suas origens e mensagens.
1. Errado: “Cuspido e escarrado” – Correto: “Esculpido em Carrara”
Significado: a expressão correta é “Esculpido em Carrara”, fazendo referência ao mármore de Carrara, um material nobre da Itália, conhecido por sua qualidade e beleza desde o Império Romano.
O ditado sugere que alguém é semelhante a outro, “esculpido” com precisão, como se fosse uma réplica fiel do original. Ao dizer “cuspido e escarrado”, perde-se o refinamento e o verdadeiro sentido da frase.
2. Errado: “São ossos do ofício” – Correto: “São ócios do ofício”
Significado: com o tempo, o ditado se transformou para “ossos do ofício”, que também faz sentido, pois indica as dificuldades que acompanham cada profissão.
Entretanto, a expressão original “ócios do ofício” enfatiza que, além das obrigações, toda atividade tem momentos de descanso ou períodos ociosos. Assim, o ditado original aborda as nuances do trabalho, onde há tanto obrigações quanto pausas.
3. Errado: “Cor de burro quando foge” – Correto: “Corro de burro, quando foge”
Significado: o ditado correto “Corro de burro, quando foge” refere-se ao comportamento de um burro assustado, que foge em disparada.
Assim, o ditado incentiva as pessoas a se afastarem de situações problemáticas ou de caráter duvidoso. A versão modificada, “cor de burro quando foge”, não possui lógica nem transmite a intenção original de cautela.
4. Errado: “Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão” – Correto: “Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão”
Significado: este ditado popular retrata o crescimento da planta de batata, cujas ramas (folhas e caules) se espalham pelo chão quando crescem.
A frase tem um tom poético, mas a modificação para “se esparrama pelo chão” não só altera a expressão, mas também perde o sentido original, deixando de ilustrar o comportamento real da planta.
5. Errado: “Quem tem boca vaia Roma” – Correto: “Quem tem boca vai a Roma”
Significado: este provérbio é muitas vezes mal interpretado, mas sua forma original revela um significado bem diferente. “Quem tem boca vai a Roma” sugere que, ao se comunicar bem, é possível obter orientação e alcançar qualquer lugar ou objetivo, até mesmo chegar a Roma.
A expressão incorreta “vaia Roma” transforma a frase em algo sem sentido e acaba distorcendo a importância da comunicação.
6. Errado: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que cura” – Correto: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”
Significado: este ditado é uma metáfora para perseverança e resiliência, ilustrando como a persistência pode superar até as barreiras mais duras.
A versão correta, “tanto bate até que fura”, enfatiza que a insistência pode trazer resultados, enquanto a versão alterada “até que cura” perde o contexto original e o sentido de perseverança.
7. Errado: “Enfiar o pé na jaca” – Correto: “Enfiar o pé na barraca”
Significado: a expressão original “enfiar o pé na barraca” fazia referência a perder o controle e arruinar algo. Com o tempo, o ditado se transformou para “enfiar o pé na jaca”, o que passou a significar exagerar ou fazer algo de forma descontrolada, especialmente no que se refere a consumir bebidas alcoólicas.
Embora a versão “na jaca” seja hoje mais popular, a original possuía um significado mais amplo e era associada a qualquer situação de exagero.
8. Errado: “Pagar o pato” – Correto: “Pagar ao pato”
Significado: esse ditado teve origem no período colonial, quando se referia a uma prática de jogos de azar. O pato era um dos prêmios e “pagar ao pato” significava ter que arcar com as despesas do jogo ou com as consequências.
Com o tempo, transformou-se em “pagar o pato”, que significa assumir a culpa ou arcar com prejuízos causados por outra pessoa.
Preservando a tradição dos ditados populares
Esses ditados populares carregam uma bagagem cultural e histórica que reflete a sabedoria acumulada ao longo dos anos. Ao recuperarmos e corrigirmos a forma original dessas expressões, garantimos que o significado e o valor cultural dos provérbios sejam transmitidos corretamente.
Afinal, entender o sentido original de cada expressão é também uma maneira de preservar nossa identidade e sabedoria popular.
Revisitar esses ditados é um exercício de conscientização sobre a riqueza da língua portuguesa e das tradições que moldaram nosso vocabulário cotidiano.
Ao usar as expressões corretamente, perpetuamos essas lições e respeitamos a autenticidade cultural que elas representam.
Imagem: tudoporemail.com
Fonte: O Segredo





