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A incrível sobrevivência de Poon Lim após 133 dias à deriva no mar

O náufrago chinês Poon Lim bateu um recorde inacreditável. Foram 133 dias a bordo de uma jangada. Você consegue imaginar ficar todo esse tempo sozinho à deriva no oceano? Essa foi a experiência vivida por Poon Lim, que trabalhava como Segundo Comissário de Refeições no navio no navio de carga Benlomond da Ben Line, que saíra de Suez e navegava para Nova York, via Cidade do Cabo e Paramaribo, capital do Suriname. Os oficiais eram britânicos, mas a maior parte da tripulação eram chineses. 

Poon Lim nasceu na ilha de Hainan, na China, em 1917. Ele se juntou à marinha mercante britânica em 1937, fugindo da invasão japonesa de Hong Kong. Em 23 de novembro, o submarino alemão U-172 interceptou e atingiu Benlomond com dois torpedos, durante a Segunda Guerra Mundial. Poon Lim estava na cozinha, preparando o almoço, quando ouviu o alarme. Ele correu para o convés e viu o navio se inclinando rapidamente. Mais que depressa, pegou um colete salva-vidas. 

Ali, dois oficiais e um marinheiro haviam retirado um barco salva-vidas, e tentavam jogá-lo ao mar. Mas uma onda levou Lim ao mar. Poucos segundos depois, o navio naufragou arrastando consigo o pobre chinês. Quando ele emergiu, encontrou apenas algumas pranchas flutuando, uma das quais usou para flutuabilidade extra.

Duas horas depois, ainda se debatendo para sobreviver, Lim encontrou e embarcou em uma espécie de jangada em meio aos destroços. À distância, viu outra jangada carregando quatro ou cinco homens, que acenaram para que se juntassem. Lim tentou se aproximar, contudo, exausto, não conseguiu. As duas embarcações se distanciaram, assim, Lim se viu sozinho em alto-mar. 

Sua espécie de jangada, uma pequena plataforma flutuante quadrada comumente usada por navios de guerra à época, continha alguns suprimentos. Entre eles, uma lata de 10 galões imperiais (45 litros) de água doce, seis caixas de biscoitos de chocolate, dez latas de pemican, cinco latas de leite, uma garrafa de suco de limão e uma lata de óleo de massagem. Também tinha sinalizadores, dois lançadores de fumaça e uma lanterna. 

Não havia remos, vela ou rádio. Poon Lim estava sozinho, à mercê das correntes e do clima. Ele não sabia nadar bem, nem tinha noção de navegação. Só tinha uma esperança: ser resgatado por algum navio aliado.

Ele usou a cobertura de seu colete salva-vidas para coletar água da chuva para beber e habilmente transformou um fio da lanterna em um anzol. De maneira idêntica, usou a corda de cânhamo disponível como linha de pesca, tendo feito um anzol mais resistente para peixes maiores com um prego da jangada de madeira.

Sempre que conseguia caçar algo, Lim abria o peixe com uma faca feita a partir das latas de biscoito e deixava pendurado em uma espécie de varal que ele criou, para que o alimento secasse.

Essa prática começou a atrair algumas gaivotas, e para permanecer vivo, certa vez, Poon matou uma das aves para se alimentar e bebeu o sangue no lugar da água doce que já não tinha. 

Em um outro momento, enquanto os dias passavam e Poon não conseguia um resgate, ele viveu um pânico ainda maior. Lim chegou a ficar cercado por tubarões. O chinês costumava nadar em volta do barco para tentar se manter forte e com boas condições físicas na medida do possível. Quando percebeu a presença dos grandes predadores dos mares.  Como maneira de se livrar do animal e também tentando se alimentar, Lim chegou a caçar um tubarão.

A primeira vez que foi avistado, foi junto a um navio cuja tripulação ignorou sua presença. Lim concluiu, então, que o evitaram, talvez devido à sua semelhança com os japoneses.

Na segunda vez, ele foi avistado por aviões de patrulha da Marinha dos Estados Unidos e um deles até deixou cair uma bóia ao lado dele como um marcador. Mas a má sorte dele ainda não havia acabado. Uma tempestade moveu a jangada  para longe da bóia de marcação e ele não pôde ser localizado.

Após passar quatro meses em condições extremamente precárias, Lim notou que a cor do mar havia mudado de azul para verde, mesmo sem saber onde estava o marinheiro percebeu que se aproximava da praia.

Foi aí que um pequeno grupo de pescadores encontrou a jangada de Lim, o homem havia acabado de chegar em terras brasileiras, depois de atravessar todo o Oceano Atlântico, chegando à região norte do país, no Estado do Pará, em Belém, onde foi resgatado por pescadores brasileiros.

Local exato do resgate de Poon Lim.

Durante seu naufrágio, Poon Lim perdeu 10 quilos, mas ainda era capaz de andar sem ajuda quando foi resgatado. Ele ficou duas semanas em um hospital no Brasil, até que o consulado Britânico conseguiu que o mesmo retornasse à Inglaterra via Miami e Nova York. Ele só então ficou sabendo que somente 11 dos outros 55 integrantes da tripulação de seu navio haviam sido resgatados.

Lim chegando na Inglaterra para receber sua condecoração.

Ele se tornou uma figura importante no país, recebendo até condecorações do rei Rei George VI.


Depois de alguns anos na Inglaterra, Lim decidiu se mudar para os Estados Unidos, em busca de uma vida mais tranquila, sem holofotes. Poon faleceu aos 73 anos em Nova York, no dia 4 de janeiro de 1991.

Assista ao vídeo de Poon Lim sendo recebido pelos britânicos, tempos depois após o seu resgate e recuperação no Brasil.  

Uma história verídica, de perseverança e luta pela vida, que nos motiva a persistir e sermos gratos por tudo.

*Fontes: marsemfim.com; Aventuras na História; Wikipédia; Fotografias Históricas. 

Olga Cruz

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