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Casamento sem sexo: quanto tempo pode durar essa relação?

ideia de que o sexo é o cimento indispensável de um casamento está profundamente enraizada no imaginário coletivo. No entanto, para uma parcela significativa de casais, a intimidade física se torna esporádica ou desaparece por completo. Esta é uma realidade envolta em silêncio e desconforto, um tabu que impede diálogos honestos e a busca por soluções.

Longe de ser um problema de nicho, o casamento sem sexo é um fenômeno complexo e multifacetado que afeta milhões de pessoas. A questão central que emerge deste cenário — “Quanto tempo pode durar essa relação?” — transcende uma simples contagem de anos. Ela nos convida a uma investigação profunda sobre a natureza da intimidade, a resiliência do compromisso e os múltiplos pilares que sustentam um vínculo afetivo.

Este texto se propõe a desvendar essa complexa realidade, substituindo o achismo e as inverdades por uma análise rigorosa, pautada em dados científicos, estudos clínicos e análises de especialistas.

Ao longo das próximas seções, será delimitado o que define um casamento sem sexo, investigadas suas causas psicológicas, fisiológicas e socioculturais, analisadas suas profundas consequências para os indivíduos e para a relação e, finalmente, explorados os fatores que determinam sua longevidade e os caminhos para uma possível reconexão.

O retrato de um fenômeno: definindo e quantificando o casamento sem sexo

Direitos autorais: Reprodução / Canva

Para compreender a durabilidade de um casamento sem sexo, é imperativo primeiro definir seus contornos. A ausência de intimidade física não é um conceito monolítico; ela abrange desde escolhas consensuais até crises profundas marcadas pela frustração e pelo distanciamento.

Delimitação clínica: o que define um casamento “sem sexo”?

Embora não exista um único padrão universalmente aceito, a definição clínica mais utilizada na literatura especializada considera um casamento como “sem sexo” quando o casal mantém menos de 10 relações sexuais por ano. Esse parâmetro, amplamente aceito entre pesquisadores e terapeutas, serve como referência para estudos e intervenções.

Outros especialistas usam limites ligeiramente diferentes, como ter relações menos de uma vez por mês ou até mesmo uma vez a cada três meses. Veja um resumo na tabela abaixo:

CriteriologiaParâmetro
Definição clínica mais comumMenos de 10 relações sexuais por ano
Outros benchmarksMenos de uma vez por mês ou uma vez a cada três meses

É fundamental ressaltar que esses números são ferramentas de diagnóstico e pesquisa, não metas prescritivas. A compatibilidade e a satisfação mútua do casal são os fatores mais importantes, como ressaltam diversos especialistas em sexualidade e relacionamento.

O “casamento branco”: a distinção determinante do consenso

A distinção mais importante a ser feita é entre a ausência de sexo consensual e a não consensual. O chamado “casamento branco” (do francês “blanc”, que também pode significar “vazio”) descreve uma relação onde a falta de atividade sexual é uma decisão consciente e mútua.

  • O vínculo afetivo, o companheirismo e o carinho permanecem preservados.
  • Motivações podem ser religiosas, filosóficas, assexualidade ou simples acordo mútuo.
  • Não há sofrimento ou frustração para nenhuma das partes envolvidas.

Em contrapartida, a situação se torna uma crise quando a ausência de intimidade não é consensual e reflete uma “discrepância de desejo”. Nesses casos, um parceiro deseja a intimidade física enquanto o outro, por diferentes razões, a evita ou a recusa, causando conflito, sofrimento e instabilidade na relação.

Prevalência e demografia: quão comum é o fenômeno?

Longe de ser uma raridade, o casamento sem sexo é um fenômeno surpreendentemente comum. Estudos indicam que entre 10% e 20% dos casais nos Estados Unidos vivem em relações assexuadas, o que poderia equivaler a cerca de 40 milhões de pessoas. Outras estimativas apontam taxas entre 2% e 10%, com algumas pesquisas ampliando esse número para 14-15% ao incluir casais com sexo “muito infrequente”.

Um levantamento de 2017, publicado pelo Archives of Sexual Behavior, revelou que 15,6% dos indivíduos casados não tiveram relações sexuais no último ano e 13,5% não tiveram nos últimos cinco anos.

Entre os achados mais surpreendentes está o perfil demográfico: a psiquiatra Bárbara Vilela aponta que os millennials — a geração atualmente na faixa dos 30 a 40 anos — são “a geração que mais vive um casamento sem sexo”. Esse dado desafia o estereótipo que associa juventude a maior vitalidade sexual.

variabilidade das estatísticas (de 2% a 20%) e a ausência de uma definição única apontam para um “problema de medição” significativo. O fenômeno tende a ser subnotificado devido ao estigma social, já que muitos casais evitam falar sobre sua intimidade.

Além disso, a falta de critérios uniformes dificulta comparações entre pesquisas. Isso sugere que a verdadeira prevalência é provavelmente ainda maior do que os dados indicam — e o problema, mais amplo e nebuloso do que as estatísticas conseguem capturar.

Estatísticas-chave sobre casamentos sem sexo

MétricaDado
Definição clínica comumMenos de 10 relações sexuais por ano
Prevalência geral (estimativas de estudos)7% a 20% dos casamentos
Prevalência (abstinência no último ano)15,6% dos indivíduos casados
Correlação com divórcio
(em um estudo específico)
74,2% dos casamentos sem sexo terminam em divórcio
Infidelidade como estratégia
(em um estudo específico)
26% dos participantes admitiram ter casos extraconjugais

As raízes da abstinência: uma análise multifatorial

ausência de sexo em um casamento raramente tem uma única causa. Na maioria das vezes, é o resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, fisiológicos e socioculturais que se acumulam ao longo do tempo, erodindo o desejo e a conexão do casal.

  • Fatores psicológicos: depressão, ansiedade, traumas, estresse crônico, baixa autoestima.
  • Fatores fisiológicos: alterações hormonais, doenças crônicas, efeitos colaterais de medicamentos, envelhecimento.
  • Fatores socioculturais: tabus sobre sexualidade, pressão social, rotina exaustiva, influências religiosas ou morais.

Entender essas causas é o primeiro passo para buscar soluções eficazes e, quando necessário, a reconexão do casal e o restabelecimento da intimidade.

A erosão do vínculo: causas psicológicas e relacionais

A base para a maioria dos casamentos sem sexo reside na deterioração do vínculo emocional entre os parceiros. Diversos fatores podem contribuir para esse afastamento, desde falhas na comunicação até a perda da admiração e a presença de conflitos não resolvidos.

  • Falha na comunicação e desconexão emocional: a ausência de um diálogo aberto, o acúmulo de ressentimentos e a perda da intimidade emocional são os principais gatilhos. Quando os parceiros se sentem como “dois estranhos”, o sexo é uma das primeiras áreas a ser afetada. A incapacidade de conversar sobre a própria vida sexual cria um ciclo vicioso de evitação e distanciamento.
  • Raiva e conflitos não resolvidos: a raiva é um componente comum em casamentos assexuados. Conflitos não resolvidos geram uma tensão contínua, que bloqueia a intimidade. A sensação de desvalorização ou desrespeito leva a um “desgosto” gradual e ao afastamento defensivo entre os parceiros.
  • Perda de admiração e rotina: em relacionamentos de longa duração, a prática sexual pode se tornar rotineira e desinteressante. A perda de admiração pelo parceiro é um fator crítico que reduz o desejo.
  • Medos e inseguranças: o ato sexual envolve vulnerabilidade. Medo da rejeição, ansiedade de desempenho e vergonha em relação ao próprio corpo — muitas vezes intensificada pela pressão estética das redes sociais — podem resultar em evitação do sexo.

O corpo em questão: causas fisiológicas e de saúde

Casamento Sem Sexo: Quanto Tempo Pode Durar Essa Relação?
Direitos autorais: Reprodução / Canva

Fatores biológicos e condições de saúde desempenham um papel fundamental, embora muitas vezes subestimado, na diminuição da atividade sexual dentro do casamento.

  • Disfunções sexuais específicas: Problemas como disfunção erétil, impotência e ejaculação precoce nos homens, ou dor durante a relação (dispareunia), vaginismo e dificuldade de atingir o orgasmo nas mulheres, são barreiras físicas diretas à intimidade.
  • Condições médicas e hormonais: Doenças crônicas como diabetes, desequilíbrios hormonais (principalmente tireoide) e as alterações naturais da menopausa podem reduzir drasticamente a libido. O uso de certos medicamentos, especialmente antidepressivos, pode também provocar a supressão do desejo como efeito colateral.
  • Fadiga e exaustão: O cansaço físico extremo decorrente de rotinas de trabalho exigentes e responsabilidades domésticas é um fator frequente. A vida sexual de muitos casais não se recupera após a chegada dos filhos devido ao acúmulo de tarefas e à mudança de prioridades.

O peso do mundo moderno: fatores socioculturais e de estilo de vida

O contexto social e o estilo de vida contemporâneo impõem novas camadas de pressão, impactando diretamente a vida íntima dos casais.

  • A geração millennial sob pressão: Essa geração é frequentemente descrita como workaholic, enfrentando intenso estresse financeiro e profissional. A busca por estabilidade e o desafio de criar filhos pequenos frequentemente deixam pouca energia física e mental para a intimidade.
  • O impacto da tecnologia: Redes sociais promovem padrões irreais de beleza e sucesso, gerando insatisfação corporal e diminuindo a autoconfiança sexual, especialmente entre mulheres. Além disso, o consumo excessivo de pornografia pode criar expectativas irreais e tornar a intimidade conjugal “desinteressante” em comparação.
  • Transição para a paternidade: A chegada dos filhos é um divisor de águas. O período é marcado por exaustão, falta de privacidade e uma reorientação das prioridades para o cuidado da criança, frequentemente em detrimento da vida sexual do casal.

A análise dessas causas revela uma poderosa cadeia causal. Frequentemente, o problema não começa no quarto. Ele se inicia com pressões externas, como o estresse financeiro da geração millennial, que leva a estados internos de ansiedade e exaustão. Esse estado psicológico impacta diretamente a libido, diminuindo a frequência sexual.

A redução da frequência, por sua vez, não é um evento neutro: gera consequências relacionais, como sentimentos de rejeição e desconexão. Esses sentimentos podem desencadear ou agravar disfunções sexuais específicas, como a ansiedade de desempenho causando disfunção erétil. Assim, a disfunção solidifica o distanciamento emocional, transformando os parceiros em “estranhos” e fechando um ciclo vicioso de reforço negativo.

Consequências da intimidade ausente: impactos individuais e relacionais

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Quando a ausência de sexo não é consensual, as consequências reverberam muito além do quarto, afetando profundamente a saúde mental e física dos indivíduos e a estabilidade do próprio casamento.

O sofrimento silencioso: o preço para a saúde física e mental

DimensãoImpactos Observados
Saúde MentalAumento de depressão e ansiedadeSentimentos de solidão, insegurança, rejeição e vergonhaQueda na autoestima e no autoconceitoPara homens, risco de “desamparo aprendido” e retraimento emocional
Saúde FísicaAusência de liberação de hormônios benéficos durante o sexoSistema imunológico potencialmente enfraquecidoEm homens, possível aumento do risco de alguns problemas de saúde
RelacionamentoSentimentos de rejeição e distanciamentoRedução do vínculo emocionalMaior risco de conflitos e instabilidade conjugal

É fundamental considerar a nuance trazida por especialistas em sexualidade: para indivíduos completamente desinteressados em sexo — como pessoas no espectro assexual ou com libido cronicamente baixa devido a condições médicas — a ausência de atividade sexual pode não causar nenhum sofrimento relevante.

Ou seja, o sofrimento depende da existência de um desejo não realizado. O impacto negativo aparece quando há um desejo sexual não atendido ou expectativas frustradas dentro da relação.

A erosão do vínculo: o impacto no casamento

No nível relacional, a ausência de intimidade física atua como um corrosivo, desgastando os alicerces do casamento. Os impactos vão muito além do quarto, atingindo o centro do vínculo afetivo.

  • Desconexão e solidão: Esta é uma das consequências mais relatadas. A falta do vínculo sexual leva a uma profunda sensação de desconexão, fazendo com que os parceiros se sintam mais como colegas de apartamento do que um casal. Isso gera uma solidão paradoxal e dolorosa, justamente por ocorrer dentro de uma relação que deveria promover proximidade e companheirismo.
  • Infidelidade: A falta de intimidade é um fator de risco significativo para casos extraconjugais. Estudos indicam que uma parcela relevante dos casais sem sexo acabam recorrendo a relações fora do casamento como forma de lidar com a insatisfação, o que pode pôr fim até a casamentos que eram funcionais em outros aspectos.
  • Divórcio: A correlação é alarmante: embora nem todos os casamentos sem sexo terminem, o risco é muito alto quando a situação não é consensual. Pesquisas apontam que uma grande parte dos casamentos sem sexo termina em divórcio, especialmente quando um dos parceiros valoriza fortemente a expressão sexual.

Uma análise mais profunda revela que o dano central de um casamento sem sexo não consensual não é a falta de prazer físico, mas sim o ataque ao senso de ser desejado. O parceiro com maior desejo interpreta a ausência de sexo como um veredito pessoal sobre sua atratividade, valor e dignidade de ser amado.

Muitas vezes, a frase mais ouvida nesses casos é: “Não é a falta de sexo em si. É a rejeição”. Por isso, as consequências emocionais — como depressão, baixa autoestima e solidão — são tão severas. O foco do problema deixa de ser “consertar o desejo sexual” e passa a ser sobre “curar uma profunda ferida emocional”.

A sobrevivência do vínculo: quanto tempo pode durar um casamento sem sexo?

Casamento Sem Sexo: Quanto Tempo Pode Durar Essa Relação?
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A resposta para a longevidade de um casamento sem sexo não está em um número de anos, mas sim na dinâmica interna da relação e, principalmente, na presença ou ausência de consenso entre os parceiros.

O fator consenso: linha divisória crítica

Esta é a variável mais importante para determinar a durabilidade da relação. Um casamento pode sobreviver por tempo indeterminado sem sexo se ambos os parceiros concordarem mutuamente e estiverem satisfeitos com esse arranjo. Nesses casos, a situação não é vista como um problema, mas como uma escolha compartilhada.

  • Motivações comuns: assexualidade, libidos naturalmente baixas e compatíveis, convicções religiosas ou filosóficas.
  • Elemento-chave: ausência de frustração, ressentimento ou coerção.

Entretanto, pesquisas mostram que casamentos genuinamente felizes e consensualmente assexuados são muito raros. Na maioria dos casos, a ausência de consenso gera sofrimento, afastamento e maior risco de término.

Para além do quarto: os pilares de sustentação alternativos

Quando o pilar sexual está ausente ou enfraquecido, a sobrevivência do casamento depende da força de suas outras estruturas. Uma relação pode permanecer estável se houver uma base sólida de amor, conexão emocional, projetos de vida compartilhados e companheirismo.

O modelo do Triângulo da Paixão, associado ao Instituto Gottman, oferece um framework útil para entender essa dinâmica. Segundo esse modelo, uma relação amorosa é sustentada por três componentes essenciais:

  • Intimidade: proximidade psicológica, amizade, comunicação aberta, lealdade e capacidade de resolução de conflitos.
  • Emoção (Thrill): romance, diversão, encontros, apreciação mútua e o esforço para manter a relação vibrante.
  • Sensualidade: todo o espectro do toque erótico, desde gestos como dar as mãos até a relação sexual apaixonada.

De acordo com este modelo, um casamento pode se manter estável e até feliz se os componentes de Intimidade e Emoção forem robustos o suficiente para compensar uma Sensualidade fraca ou ausente. Muitos casais permanecem juntos porque, apesar da falta de sexo, consideram o parceiro ideal em outros aspectos e valorizam a forte amizade construída ao longo dos anos.

Esse equilíbrio depende do cultivo ativo da intimidade não-sexual, por meio de gestos como abraçar, beijar, andar de mãos dadas, ter conversas de qualidade e oferecer apoio mútuo. São esses elementos que podem fortalecer a estrutura do casamento mesmo diante da ausência de vida sexual.

Análise de risco: fatores que predizem a ruptura

O principal fator que prediz o fim da relação é a discrepância de desejo não consensual. Quando um dos parceiros se sente constantemente rejeitado, ignorado e aprisionado, o ressentimento se acumula — corroendo os outros pilares da relação (Intimidade e Emoção) e tornando a convivência insustentável.

  • Acúmulo de ressentimento: esse sentimento age como um ácido, fragilizando os pilares emocionais da relação.
  • Ponto de inflexão: a ruptura pode ser desencadeada por eventos como a descoberta de uma infidelidade ou a percepção de que não se deseja mais viver sem intimidade.
  • Análise de custo-benefício: os parceiros avaliam se os “benefícios” (amizade, segurança, história compartilhada) compensam os “custos” (dor da rejeição, solidão, frustração).

O casamento dura enquanto, para ambos os parceiros, a balança pender para o lado dos benefícios. Ou seja, o caminho para a sobrevivência de um casamento sem sexo não consensual pode não ser apenas “ter mais sexo”, mas sim “melhorar radicalmente a amizade e a diversão”, tornando a ausência de sexo um custo mais tolerável para o casal.

Reconstruindo a ponte: estratégias e terapias para a reconexão

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Para casais que sofrem com a ausência de sexo e desejam reverter o quadro, existem caminhos baseados em evidências que podem promover a reconexão. O processo exige coragem, comprometimento e, frequentemente, o apoio de profissionais qualificados.

O ponto de partida: a coragem do diálogo

A comunicação aberta, honesta e sem julgamentos é o primeiro passo indispensável. No entanto, simplesmente dizer “precisamos conversar” não basta. Algumas técnicas de comunicação eficazes incluem:

  • Usar “declarações de eu”: exemplo: “Eu me sinto…” em vez de acusações como “Você nunca…”. Isso reduz a defensividade e cria um ambiente mais receptivo.
  • Escolher o momento e local certos: prefira ambientes neutros, evitando conversas sensíveis no quarto ou logo após uma tentativa frustrada de intimidade.
  • Focar na empatia e escuta ativa: o objetivo não é “vencer” a discussão, mas compreender verdadeiramente a perspectiva do outro, praticando empatia e atenção genuína.

A ajuda profissional: terapia de casal e terapia sexual

A intervenção de um profissional qualificado costuma ser necessária porque oferece um espaço seguro e estruturado para abordar temas delicados, quebrando o ciclo de evitação, culpa e ressentimento.

Tipo de TerapiaFoco e Benefícios
Terapia de CasalFoco nas dinâmicas relacionais mais amplasMelhoria dos padrões de comunicaçãoResolução de conflitos subjacentesFortalecimento dos pilares de Intimidade e Emoção
Terapia SexualAtuação direta sobre disfunções sexuaisTrabalho com ansiedades e crenças disfuncionaisResgate do prazer e da conexão eróticaReconstrução do pilar da Sensualidade

O sucesso na reconstrução da intimidade depende da disposição dos parceiros em buscar mudanças concretas e de encontrar o apoio profissional adequado às necessidades do casal.

Entre as abordagens eficazes estão a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que auxilia na modificação de crenças e pensamentos disfuncionais sobre sexo, e o “foco sensorial” (sensate focus), um exercício progressivo que reintroduz o toque de forma gradual e sem pressão, diminuindo a ansiedade de desempenho e promovendo maior conexão entre o casal.

Essas terapias têm se mostrado altamente eficazes para ajudar casais a reformular o problema, melhorar a comunicação e aumentar a satisfação. A necessidade de um terapeuta especializado se torna evidente diante do chamado “paradoxo terapêutico”: a principal ferramenta para consertar a relação (comunicação vulnerável) é justamente o que a crise destruiu (confiança e segurança para ser vulnerável).

Neste contexto, o papel do terapeuta é funcionar como um “continente de segurança”: um terceiro elemento que absorve emoções iniciais de raiva e medo, impõe regras de respeito mútuo e cria um ambiente artificialmente seguro para que o casal possa romper o ciclo de insegurança e iniciar a reconstrução genuína da confiança.

Passos práticos para a reconexão

  • Abordar a saúde: realizar check-ups médicos para investigar e tratar possíveis causas fisiológicas, como desequilíbrios hormonais ou efeitos colaterais de medicamentos.
  • Reconstruir a intimidade Não-Sexual: antes de focar na relação sexual, é fundamental reforçar a base da intimidade. Inclua pequenos gestos no cotidiano, como agendar encontros, dar as mãos, abraçar, fazer massagens e expressar verbalmente carinho e apreciação.
  • Explorar a novidade: para casais presos à rotina, experimentar novas atividades juntos pode reacender a conexão. Isso pode envolver hobbies compartilhados, explorar fantasias em um ambiente seguro e consensual, ou até a leitura de ficção erótica para estimular o desejo.
Casamento Sem Sexo: Quanto Tempo Pode Durar Essa Relação?
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Uma análise aprofundada do casamento sem sexo revela que sua longevidade não depende do tempo, mas sim da presença ou ausência de consenso. Um “casamento branco”, onde a ausência de sexo é uma escolha mútua e satisfatória, pode ser estável, amoroso e duradouro. Em contrapartida, a falta de intimidade não consensual configura um estado de crise, elevando os riscos de sofrimento e colapso da relação.

A resposta para “quanto tempo pode durar?” é condicional: a relação subsiste enquanto os pilares não-sexuais — como amizade, apoio mútuo, respeito e projetos em comum — forem suficientemente fortes para que ambos sintam que as vantagens de permanecer juntos superam os custos da ausência de intimidade sexual.

Quando a balança pende para o lado negativo para um dos parceiros, o desfecho tende a ser o término, como demonstram as altas taxas de divórcio associadas ao fenômeno.

Em última análise, o casamento sem sexo desafia as narrativas tradicionais sobre amor e compromisso, exigindo uma compreensão mais sofisticada e multidimensional da intimidade.

Embora o sexo seja, para muitos, uma forma vital de conexão, a resiliência final do vínculo conjugal reside na capacidade de se apoiar em múltiplos pilares, na qualidade da comunicação, nos valores compartilhados e, sobretudo, no compromisso de enfrentar os desafios — inclusive os do quarto — juntos.

Fonte: O Segredo

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