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No Dia da Pesca conheça a história da pescadora e servidora pública aposentada, dona Antônia 

A pesca, modalidade originariamente um meio de subsistência, ao longo dos tempos foi evoluindo para modalidade esportiva. Praticada em grande parte pelo público masculino, e que hoje, não é mais exclusiva dos homens, já que vem conquistando cada vez mais o público feminino. E hoje, 29 de junho, data em que é comemorado o Dia do Pescador, as homenagens do MS DELAS são para elas, mulheres que pescam, como a servidora pública aposentada, Antônia Maria Carneiro, mais conhecida como a dona Antônia.

Com 69 anos, dona Antônia é viúva e “separada de outro”, como ela mesma diz, é mãe de 3 filhos e avó de 7 netos. A vovó multifacetada que faz de tudo um pouco para viver, declara que duas coisas ela realmente ama: pescar e fazer doce caseiro. “Essas duas coisas me dão muito prazer, tanto que a parte maior da minha casa que tem mais espaço é a cozinha, até um marido que tive japonês falava que eu era Bombril – Mil e uma utilidades”.

Dona Antônia nos recebeu em sua casa com seus maravilhosos doces caseiros.

Faxineira, copeira, auxiliar administrativa, depois aprovada no concurso em 1989 como técnica de auditoria, dona Antônia soma 32 anos de trabalho como servidora pública no Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, ainda no primeiro endereço localizado na Rua Ricardo Franco, na Vila Sobrinho em Campo Grande.  

“Eu falo que só não fui inspetora e nem conselheira porque de tudo eu fiz no Tribunal de Contas. E mesmo trabalhando lá, nunca deixei de fazer outras coisas, primeiro porque eu gosto de trabalhar e segundo para poder complementar minha renda. Fiz muita pamonha, e doces com frutas da época para vender”.  

Ela conta que depois que ficou viúva e ter se separado do segundo casamento, sua vida deu uma reviravolta. “Fiz vestibular e para conseguir me formar em Gestão Ambiental, levava coxinhas para vender todos os dias. Com isso, consegui pagar minha faculdade. Eu nunca reclamei de nada, sempre saí a  luta para fazer tudo o que já consegui na vida, sempre complementei com tudo o que sei fazer, faço crochê, faço doces, torresmo, banha, nunca tive preguiça e nem medo de trabalhar”, declara dona Antônia.

Pescaria

Já o gosto pela pesca, dona Antônia conta que surgiu ainda na década de 70, quando recém casada, seu marido viajava para pescar. “Uma vez eu até reclamei para ele, você sempre vai pescar e nunca traz peixe, só traz roupa suja?! Então um dia ele me falou, cadê suas amigas, chama elas para irem pescar também. E foi assim que comecei a ir junto com ele, até a primeira vez que fui pescar tinha mais ou menos 50 homens e apenas dois casais, fiquei com vergonha no início, mas com o passar dos anos foi ficando normal e mais mulheres começaram a pescar também”, lembra. 

Dona Antônia diz que ao longo da vida passou por momentos de discriminação, ou por ter se separado e criado os filhos sozinha, ou na pesca, já que ela foi uma das mulheres pioneiras em Mato Grosso do Sul na modalidade. Ela ainda faz questão de frisar que sempre foi muito respeitada, porque também nunca baixou a cabeça para ninguém.

“Eu viajava em grupo de pesca com mais homens, e não é porque eu era mulher que eu iria ficar na cozinha. Falei que cada vez era uma dupla que iria cozinhar. Falei para eles, aqui sou igual a vocês. Não é porque sou mulher que eu tive que baixar minha cabeça, nunca fiz isso. Uma vez meu marido japonês me disse que no Japão a mulher anda atrás do marido, e eu respondi que aqui no Brasil, é o japonês que anda atrás da mulher. Minha frase no meu WhatsApp é: sou igual vara verde, eu envergo mas não quebro”, conta dando muitas risadas. 

Dona Antônia revela que ama tanto pescar, que quando não consegue viajar para pescar em rios, ela vai em “pesque e solte”. E foi dessa forma que ela acabou treinando e participando de diversos campeonatos, conquistou muitas medalhas. 

“Até que conquistei o último campeonato no ano passado, em 2022, em que participei pela primeira vez das Olimpíadas dos Tribunais de Contas  no Rio Grande do Norte. Consegui trazer a medalha de prata, e só não consegui o ouro porque a outra mulher pescou um peixe um pouquinho maior que o meu no último segundo. Para mim foi uma experiência incrível, a primeira vez que participo e volto com a prata para o TCE de Mato Grosso do Sul.

Hoje, 29 de junho, é o Dia da Pesca ou do Pescador, por ser o Dia de São Pedro, o apóstolo pescador e que também é padroeiro dos pescadores, por isso, a data foi escolhida para comemorar o dia do pescador.


E, nada mais justo que prestarmos nossas homenagens para essa servidora pública aposentada, que é mãe, avó, cozinheira de mão cheia e que para viver com dignidade, não lamenta, mas se reinventa todos os dias. 

A dona Antônia que de posse de suas sacolas, chega de ônibus ao Parque dos Poderes, e com um brilhante sorriso ela vai ao órgãos públicos entregar as encomendas. Sacolas recheadas com seus deliciosos doces caseiros, crocantes torresmos, banha, biscoitos, molho de pimenta e por aí vai… a dona Antônia que também é pescadora, é um exemplo de mulher que faz de Mato Grosso do Sul um lugar bem melhor para se viver. Por isso hoje, o MS é DELA!

Olga Mongenot 

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