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A celebração do mistério da fé e da presença real do Corpo de Cristo

Por Olga Cruz

Em meio aos desafios e aos diversos problemas que o mundo atual nos apresenta, o dia de Corpus Christi ressurge a cada ano como um sopro de espiritualidade e contemplação!

Para todos os cristãos, e agora para mim também, essa data não é apenas um feriado religioso, é um momento de profunda reverência à Eucaristia, que é o centro da fé católica, e um convite a renovar a conexão com o sagrado.

O Corpus Christi, expressão em latim que significa “Corpo de Cristo”, é celebrado sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. A escolha desse dia remete à Quinta-feira Santa, quando Jesus instituiu a Eucaristia durante a Última Ceia. Ao contrário da Quinta-feira Santa, em que a Igreja entra no clima da Paixão, do lamento pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz, o Corpus Christi é uma festa marcada pela alegria, pela luz e pela adoração pública.

Sua origem remonta ao século XIII, mais precisamente ao ano de 1246, na Diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa de Santa Juliana de Cornillon, que teve visões místicas nas quais Deus pedia uma festa dedicada ao Santíssimo Sacramento. A devoção se espalhou rapidamente e, em 1264, o Papa Urbano IV instituiu oficialmente a solenidade com a bula Transiturus de hoc mundo. Desde então, Corpus Christi passou a ser celebrado com procissões solenes pelas ruas, marcando a presença real de Jesus Cristo entre seu povo.

A crença na presença real de Cristo na Eucaristia tem base sólida nas Escrituras. Na Última Ceia, Jesus declara de forma clara e direta:

“Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. […] Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós” (São Lucas 22:19-20).

Outro texto essencial está no Evangelho de São João, em que Jesus afirma:

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente. E o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (São João 6:51).

Essas palavras não deixam margem para interpretações simbólicas apenas. Para os católicos, a Eucaristia é, de fato, o corpo e o sangue de Cristo, um mistério que só pode ser acolhido pela fé. Como diz São Paulo:

“O cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?” (1 Coríntios 10:16).

Fé que caminha nas ruas

Um dos aspectos mais belos de Corpus Christi é a procissão com o Santíssimo Sacramento, que percorre ruas enfeitadas por tapetes coloridos. Esses tapetes, feitos com serragem, sal, flores, borras de café, tampinhas de garrafas e outros materiais, são a expressão da fé popular e da criatividade devocional. Eles não apenas embelezam o caminho, mas são verdadeiros atos de adoração pública, levando a fé para além das paredes dos templos.

Essa procissão simboliza que Cristo caminha com o seu povo, está presente no meio da comunidade, e deseja ser adorado também fora do templo. É uma forma de afirmar que a fé não deve se restringir ao privado ou ao íntimo, mas ser vivida, partilhada e testemunhada.

Em um mundo cada vez mais dominado pelo individualismo, pela pressa e pelo consumo, Corpus Christi lembra-nos que o verdadeiro alimento da alma não se encontra nas coisas passageiras, mas naquele que se fez pão por amor. É um chamado à comunhão, à partilha, à escuta de Deus que se faz próximo.

Mais do que uma tradição litúrgica ou uma folga no calendário, Corpus Christi é a celebração do amor que se dá, da presença que permanece e da fé que transforma. Um momento para reorientar a vida à luz da Eucaristia e redescobrir, no mistério do pão e do vinho consagrados, a fonte da verdadeira paz e esperança.

Para mim que estou há pouco mais de um ano frequentando e conhecendo o catolicismo, por meio do meu pároco Padre Marcelo Tenório e da minha paróquia do coração, a Paróquia São Sebastião de Campo Grande (MS), todas essas celebrações católicas têm tido um maior significado em minha vida.

Agora, que há pouco tempo comecei minha jornada de estudos e preparação na catequese, tenho experimentado um despertar espiritual que tem transformado meu olhar sobre o mundo e sobre mim mesma.

Nasci no mundo cristão, tendo vivido a presença de Deus no protestantismo durante 45 anos da minha vida. Em razão de alguns problemas de ordem pessoal, eu me afastei, fiquei até cética por um tempo, e isso foi até janeiro de 2024, quando fui convidada para cobrir, com meu trabalho jornalístico, a Festa de São Sebastião, realizada todos os anos, durante dez dias na paróquia.

E, desde então, a cada encontro, a cada partilha, a cada celebração que tenho visto e vivido na São Sebastião, tem acendido em meu coração uma chama de fé e esperança que nem eu sabia que existia mais.

Nunca imaginei que esse caminho me levaria tão longe e, ao mesmo tempo, tão perto de mim mesma. Estou vivendo cada etapa com gratidão, guiada pelo carinho e amor da Virgem Maria.

Ah… como eu pude ser, por tanto tempo, tão ingrata com a Senhora?! Gratidão por ser acolhida com tanta ternura, minha Mãe tão querida!

Saber que na Páscoa de 2026 serei batizada e receberei a minha Primeira Comunhão é algo que me emociona profundamente. A cada estudo na catequese, a cada missa, a cada gesto de fé, sinto que pertenço, sinto que estou sendo moldada pela graça. E isso é um milagre diário!

Com lágrimas nos olhos de muita alegria eu escrevo que, aos poucos, a cada dia, estou sendo cuidadosamente conduzida pelas mãos de Deus para um lugar de acolhimento, amor e da real verdade, e que na Páscoa do ano que vem, com muita fé e alegria, poderei também partilhar do Corpo de Cristo!

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