MS Delas

Search
Close this search box.
22°C

A Geração Z está perdendo uma habilidade que a humanidade possui há 5.500 anos

A linguagem sempre foi uma característica presente em diversas espécies, mas o que realmente nos distingue como seres humanos é nossa capacidade de comunicação verbal.

A linguista Maggie Tallerman, em sua participação no programa World of Mouth da BBC 4, explica que a linguagem tem uma história que remonta a mais de 50.000 anos, com algumas estimativas indicando que ela pode ser ainda mais antiga, com registros que sugerem a presença de linguagem verbal há até meio milhão de anos.

Esse longo processo evolutivo demonstra a importância da comunicação para a formação das sociedades e para a perpetuação da cultura humana.

O surgimento da escrita

O caminho da comunicação humana não se limitou à fala. Inicialmente, nossa capacidade de se comunicar estava atrelada a gestos, expressões corporais e sinais. Contudo, à medida que as civilizações se desenvolveram, a fala se transformou em escrita, uma revolução que permitiu o armazenamento e a transmissão de conhecimento ao longo do tempo.

Com isso, os seres humanos deram início àquilo que poderíamos chamar de “escrita registrada”, que permitiu a criação de culturas, histórias e sistemas complexos. A escrita tornou-se um dos pilares das sociedades humanas, transmitindo desde os mais simples relatos até as mais complexas teorias científicas.

Contudo, à medida que o mundo avança para uma era digital, a forma tradicional de escrita enfrenta novos desafios, especialmente entre as gerações mais jovens.

Impacto da tecnologia na escrita

Com o advento das novas tecnologias, especialmente o uso de dispositivos móveis e computadores, a escrita tradicional tem sofrido uma transformação significativa. De acordo com a professora Nedret Kiliceri, da Universidade de Istambul, muitos alunos universitários estão enfrentando dificuldades com as habilidades básicas de escrita devido à crescente dependência do mundo digital.

Kiliceri destaca que a caligrafia, por exemplo, tem sido afetada pela ausência de prática com ferramentas tradicionais, como papel e lápis. Em vez disso, as crianças de hoje estão cada vez mais imersas em telas, teclados e dispositivos móveis, que tornam a escrita manual uma habilidade secundária.

A mudança para um mundo digital tem suas vantagens, como a agilidade e a facilidade na comunicação, mas também apresenta desafios que não podem ser ignorados. A habilidade de escrever à mão, tão essencial em nossa formação e comunicação, está sendo gradualmente deixada de lado.

Desafios da geração Z

A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1997 e 2012, tem enfrentado grandes desafios quando se trata da preservação de habilidades tradicionais de comunicação. Um estudo de 2019 revelou que um número significativo de estudantes universitários apresenta dificuldades em elaborar textos longos ou complexos, preferindo construções de frases mais curtas e objetivas. Essa tendência é muitas vezes impulsionada pelo consumo rápido de informações nas redes sociais, onde as pessoas se acostumam a interagir com postagens curtas e diretas.

Esse estilo de comunicação pode, com o tempo, reduzir a capacidade de pensar criticamente e articular ideias de maneira clara e profunda. Em muitas situações, os jovens têm mostrado dificuldade em desenvolver argumentos complexos em suas redações, uma habilidade que costumava ser treinada de forma intensiva nas escolas e universidades.

O desejo de simplificação e a velocidade na transmissão de informações nas plataformas digitais contribuem para esse fenômeno. A falta de uma reflexão mais profunda nas mensagens que circulam online pode comprometer o entendimento mais abrangente dos assuntos, algo que pode refletir diretamente na capacidade de escrita dos jovens.

Adaptação à escrita digital

A adaptação à escrita digital traz consigo uma série de impactos físicos e cognitivos. Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de California mostrou que cerca de 40% dos alunos perdem a habilidade de escrever à mão de forma legível após um ano de foco exclusivo na escrita digital.

Além disso, muitos desses estudantes relataram desconforto físico ao escrever manualmente, como dor nas mãos ou dificuldade em manter a legibilidade da escrita.

Com o uso excessivo de teclados e telas, o hábito de escrever à mão, uma prática fundamental por milênios, começa a se deteriorar. Embora a escrita digital tenha suas vantagens, como a velocidade e a acessibilidade, a escrita manual ainda oferece benefícios cognitivos essenciais. A caligrafia, por exemplo, exige maior concentração e ativação de áreas do cérebro responsáveis pela memorização e pelo processamento de informações.

Desafios na comunicação

Além das dificuldades com a escrita manual, a Geração Z também enfrenta desafios quando se trata de se expressar de maneira clara e coerente. A dependência das redes sociais, onde as postagens muitas vezes se resumem a frases curtas ou até emojis, pode prejudicar a capacidade dos jovens de organizar pensamentos e construir argumentos complexos. A capacidade de argumentação e expressão verbal que foi trabalhada por gerações anteriores está em risco devido à popularização do consumo rápido de conteúdo.

Os jovens estão cada vez mais acostumados com a instantaneidade da comunicação digital, o que pode dificultar a habilidade de refletir e escrever com profundidade. A falta de um treinamento contínuo de escrita manual e a exposição constante a um formato digital pode diminuir as competências linguísticas essenciais para o desenvolvimento intelectual e profissional.

O Segredo

Você também pode gostar...