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A QUARESMA 

A Quaresma é como conhecemos o período de preparação para a celebração da Páscoa que é marcado por práticas de penitência, como jejuns e obras de caridade. Tradicionalmente, aceita pelo cristianismo, entende-se a Quaresma como um período de 40 dias, mas ela tem atualmente a extensão de 44 dias. Essa prática surgiu no século IV d.C., quando foi estabelecida a data da Páscoa.

A data da Páscoa é móvel, e os critérios para a definição do dia de Páscoa foram estabelecidos no primeiro Concílio de Niceia. Por meio da data da Páscoa é definido o dia da Terça-feira de Carnaval, sendo o dia seguinte, Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma.

A página da internet “Vaticano News” traz parte de texto do Papa Francisco que inicia com um versículo do Livro do Êxodo: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão». “Assim inicia o Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai”, escreve o Papa, acrescentando que “quando o nosso Deus se revela, comunica liberdade”.

A seguir, Francisco recorda que “a Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor. Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte para a vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a si e sussurra ao nosso coração palavras de amor”.

Segundo o Pontífice, “o êxodo pode ser interrompido: não se explicaria de outro modo porque é que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos”.

“Deus não se cansou de nós. A Quaresma é tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido”, escreve ainda Francisco, ressaltando que “isto comporta uma luta: assim nos dizem claramente o livro do Êxodo e as tentações de Jesus no deserto”.

De acordo com Francisco, “mais temíveis que o Faraó são os ídolos: poderíamos considerá-los como a voz do inimigo dentro de nós. Poder tudo, ser louvado por todos, levar a melhor sobre todos: todo o ser humano sente dentro de si a sedução desta mentira. É uma velha estrada. Assim podemos apegar-nos ao dinheiro, a certos projetos, ideias, objetivos, à nossa posição, a uma tradição, até mesmo a algumas pessoas. Em vez de nos pôr em movimento, nos paralisam. Em vez de nos fazer encontrar, nos dividem”.

“É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano na presença do irmão ferido”, sublinha o Papa. Segundo ele, “a oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará”.

Tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é excluído, enxergar o irmão menos privilegiado, acolher o oprimido.

Na atualidade os sacrifícios antes normais hoje muito mais difíceis para serem executados com a vida agitada, por isso o jejum de comida pode ser jejum de atitudes, evitar difamação, injúria, Fake News, a discriminação, violências morais, patrimoniais e outras atitudes que prejudicam o próximo.

Dar um pedaço de pão a quem tem fome, indicar uma vaga de emprego, auxiliar um irmão a fazer um currículo, doar roupas ou sapatos, emprestar seu ombro ou seu ouvido, ou quem sabe apenas um abraço.  

O que se espera é que possamos preparar nosso coração para a semana santa, além de lembrar e praticar os ensinamentos de amor recebidos de Cristo, amar uns aos outros como eu vos amei, deixando a escuridão das desigualdades, egoísmos e conflitos, sem medo de ser feliz!

Dra. Iacita Azamor Pionti

Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres

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