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Audiência Pública debate sobre “Educação Especial”

Na segunda-feira a Câmara Municipal realizou a audiência pública que teve  “Educação Especial” como tema do debate. Autoridades, entidades, vereadores, secretários, diretores e professores da comunidade escolar participaram da discussão. O evento foi convocado pela Comissão Permanente de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (presidente), Valdir Gomes (vice), Beto Avelar, Professor Riverton e Ronilço Guerreiro.

Pipo, Luis Felipe, de 19 anos é autista e cursa biologia na UFMS. Ele iniciou o debate dizendo sobre os desafios que passa em sua jornada. “Não foi fácil, vivenciei o poder transformador da educação especial inclusiva, que atendeu e ajudou muito no meu processo. Faltou materiais adaptados no meu ensino, na minha alfabetização e isso me custava desgaste emocional. A escola não estava preparada para me receber. No ensino médio fui acolhido e foi importante para mim, mas tive experiências de escolas que não me queriam pois eu daria trabalho. O esforço pela minha inclusão foi contínuo. A educação especial inclusiva não é responsabilidade somente da escola, mas sim de toda a sociedade. Tenho uma profissional que me auxilia hoje e me ajuda. Contar com uma rede de apoio é ideal. Faço um apelo a todos aqui, ouça a nossa voz e garanta a todos nós nossos direitos. Vamos transformar nossas palavras em ações”, frizou.

O Vereador Valdir Gomes, destacou o problema que envolve o tema atualmente . “Transição unida ao acolhimento. Nós precisamos de pessoas que olhem para a educação com um olhar de acolhimento. Pedimos ao secretário que os professores de educação especial não podem ser transitórios, precisam ser permanentes. O professor se prepara e após 3 anos que ele se familiariza com as crianças, ele é retirado. Tem que ter concurso exclusivo para essa área, assim o profissional fica seguro e da mais ainda gás na função, mais empenho e que o conhecimento que ele colocar não seja invasivo”, disse.

Para o proponente da sessão, vereador Prof. Juari, “Agradeço a oportunidade de estarmos aqui e debater algo tão importante. A minha luta pela educação é antiga. Onde vamos chegar? A educação foi tratada com números, reduzindo gastos. Não podemos trazer prejuízos para a educação. O secretário tem nos ouvido e ajudado muito e enquanto presidente da comissão de educação, trataremos sempre a disposição e com muito prazer ajudar”.

Eliani dos Santos, pedagoga, ressaltou a busca por uma mudança rápida na educação para ajudar as crianças especiais desde pequenos para que ajude no seu desenvolvimento futuro, podendo prevenir pioras. “A educação muda uma escola. Toda criança tem direito ao ensino básico. Por que não melhorar o trabalho da educação inclusiva? Ela necessita incluir realmente. Eu tenho um filho autista e aprendo todos os dias com ele. Se vocês podem fazer algo por essas crianças especiais, façam, invista agora nessas crianças, pois no decorrer da vida, darão sim menos trabalho. Coloquem pessoas capacitadas. Que todo professor de apoio tenha conhecimento ao ABA. Vamos fazer a educação inclusiva acontecer! Será que essas crianças estão sendo incluídas? O autismo é real. O que nós vamos oferecer para essas crianças? Precisamos unir todos, falarmos a mesma língua se não a educação não vai acontecer”.

A representante da Associação de Pais Responsáveis Organizados pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista, Naína Dibo, cobrou a presença de professores de apoio especializado nas escolas da Reme (Rede Municipal de Ensino). “Eu venho aqui há muito tempo falando sobre esses problemas, essa audiência é o começo. A gente sofre, é doído, nós sofremos. Nós conseguimos trazer os problemas das mães para que a secretaria possa resolver. Agradeço pelo comprometimento de vocês, por lutar por essa causa”.

Alexandre Figueiredo, coordenador do Movimento Orgulho Autista Brasil, disse: “hoje temos o censo de 2022, 1792 crianças autistas laudadas em sala de aula. Cada vez mais o profissional precisa ser qualificado e a família também a par de tudo o que há com o filho. Toda a comunidade desenvolver este olhar. A informação é a inclusão. Acolher mais e julgar menos”.

Vários pais de crianças com deficiência estiveram presentes na audiência, solicitando mudanças e melhorias na educação dos filhos e pedindo profissionais de apoio para cada criança de acordo com sua necessidade. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul se colocou à disposição dos pais e caso necessário até alteração de leis em prol das famílias.

Maria Lúcia de Fátima de Oliveira, Presidente do Conselho de Diretores e Diretores-adjuntos da REME participou do debate. “Nós diretores somos solidários nesta causa. Sempre trabalhando com a inclusão necessária. Temos que ter esse concurso para que os profissionais se empenham e ajudem nesse processo de aprendizado da criança”.

O Secretário Municipal de Educação, Lucas Bittencourt, apresentou propostas para ajudar na educação especial. “É um momento oportuno. A secretaria quer caminhar lado a lado com a comunidade, se erramos precisamos corrigir. Assumimos a gestão e já tínhamos um plano, mas adequamos ainda mais para caminhar com os servidores e a comunidade. Precisamos e vamos lutar. Trabalhar políticas publicas para a educação especial. Precisamos avançar, lutar por um concurso público, já lotamos o pessoal e vamos criar uma política pública de educação especial em Campo Grande. Com união seremos referência nacional”, destacou.

Foi feitos mais de 10 encaminhamentos no final da audiência, dentre eles, formação para os profissionais, processo seletivo com profissionais qualificados, recursos e materiais para atender as especificidades educacionais, criação de um centro para atendimento e diagnóstico para os alunos especiais e de acompanhamento, concurso para professores efetivos ainda em 2023 e políticas para o incentivo das escolas particulares para inclusão.

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