“Escondida” dentro do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, no Centro de Campo Grande, a capela impressiona pela arquitetura religiosa impecável, pintura em alto-relevo e diferentes santos no altar. Com 81 anos de existência, o santuário é o sonho de muitas noivas.
Em 1931, o internato foi inaugurado somente para meninas, os meninos estudavam no colégio Dom Bosco. Anos depois, no mesmo endereço, teve início a construção da capela. A pintura, toda em alto-relevo, foi feita pelo italiano Mariscalch e sua equipe. Instalados na própria escola, começaram o trabalho em 1942, finalizando dois anos depois.
“A capela inaugurou no dia 24 de maio de 1944. Éramos 54 alunas e ainda tem gente viva por aí, igual eu. Até hoje me emociono ao entrar na igreja e lembrar da primeira eucaristia. Sempre digo que ali foi o desabrochar mais forte da minha vocação. Mas antes, quando estavam construindo e eu era aluna, via os andaimes altos e ninguém podia entrar. Só ficava vendo um pouco a pintura contemporânea, feita pelo profissional de Firenze, com inspirações direto da Itália”, afirmou a irmã Maria Nilda Cavalcante Rangel, de 88 anos.
Segundo Nilda, a colônia italiana tinha um forte vínculo, além de ser muito unida. Com isso, foram várias as referências para a construção da capela. “Dom Bosco mandou missionários para cuidar do senhor Mariscalch e a equipe dele. Na época, ele residia em Araraquara, no interior de São Paulo. Depois, a pintura foi tombada e só se permitiu a restauração, feita recentemente por um artista restaurador, que é o senhor Furlan”, conta.
Quem entra na igreja, que tem capacidade máxima de 170 pessoas, vê que uma das portas dá acesso a um jardim, que passará por reforma em breve. “Temos também um acesso direto para a entrada da noiva e dos convidados. Os casamentos foram liberados há pouco tempo e as noivas amam, principalmente quando fica tudo decorado. A capela tem muitos detalhes, com arcos, frases em latim e muito mais”, explicou a coordenadora educativa, Heloísa Nascimento, de 44 anos.
No dia a dia, a rotina é outra, já que as portas da capela se abrem às 6h e ocorrem missas antes das aulas começarem. Quando os alunos chegam para escola, as portas permanecem abertas, já que a intenção é que o estudante, espontaneamente, entre no local se tiver vontade.
Em datas especiais, como comemoração do Dia das Mães, por exemplo, a capela também é espaço para homenagens.
“A capela fica ali perto do pátio, de uma das quadras de esportes, justamente para as crianças terem acesso. Ali as irmãs também participam das missas, tudo antes das aulas. No altar, quando chegam, encontram uma aluna salesiana assim como eles, a Laura Vicuña, que faleceu aos 13 anos e se tornou beata, além de Dom Bosco e Madre Mazzarelo, fundadores da missão salesiana, e São José e Nossa Senhora Auxiliadora”, pontuou a coordenadora.
Após mais de meio século, a capela passou por restauração. Desta vez, outro artista restaurador, também de origem italiana, passou a atuar no local. Da construção à reforma, a irmã Nilda é quem presenciou muitos momentos na capela. A história dela se confunde com a da escola, deixando saudade, tanto como estudante, diretora e exemplo de ser humano. Aliás, ela até comentou que, quando está em Campo Grande, muitos amigos vão ao local para “matar as saudades”.
“Eu nasci no Rio Grande do Norte e entrei no colégio, aos 8 anos. Fiquei lá de 1943 a 1950, quando eu pedi para minha mãe para ser freira e ela falou que não. Me levaram para Ribeirão Preto e lá estudei por mais dois anos. Voltei para o Auxiliadora em 1952, então, fiquei no internato do 4º ano ao magistério, entrei na congregação e voltei na década de 90 como diretora, que fez todo o ensino primário, ginásio e magistério nesta escola”, ressaltou.
Anos depois, a irmã Nilda se formou pedagoga, estudando no interior de São Paulo e, mais tarde, fez especialização na Itália. “Eu cresci e acompanhei muita coisa aqui. E a capela é uma delas. É realmente um lugar lindo e especial. Agora, com a permissão para os casamentos, muita gente está interessada”, finalizou. (fonte- Portal Midia Max).
Redação