Em toda cultura ou civilização sempre houve uma atenção especial dirigida aos mortos, quer essa atenção ou cuidado esteja relacionada a alguma religião, filosofia ou não. Observam-se ao longo da história diversos ritos de sepultamentos, como a cremação, a mumificação, o enterro em covas e em urnas de cerâmica ou de pedra, bem como a deposição do corpo dos mortos em mausoléus.
Grandes monumentos como as pirâmides de Gizé e o Taj Mahal foram erguidos para acomodar os restos mortais de pessoas ilustres. No mundo ocidental, o dia 02 de novembro é dedicado à memória dos mortos.
O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram.
A ação de Odilo resgata um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.
No estado de purgação, as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus Filho, Jesus Cristo.
Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na Europa, ficando conhecida pela alcunha de “Dia de todas as Almas”. Essa prática remonta ao período do cristianismo primitivo, já no século I D.C., onde a prática comum naquela época era ir às catacumbas, visitar os mortos e deu continuidade nos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos peloImpério Romano enterravam e rezam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.
Com a descoberta da América e o processo de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular. Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.
A vida é finita e o corpo perece. É da finitude da vida que vem o termo “finado”, que significa terminado, concluído. Morto. Por isso, o Dia dos Mortos ou Dia de Finados foi criado para homenagear aqueles que já se foram.
Aqui no Brasil, quando se visita as Igrejas mais antigas e tradicionais, de vários estados, os guias costumam lembrar que o piso da maioria delas é alto do chão porque embaixo eram enterrados os nobres e bispos que se dedicavam à vida religiosa ou que faziam grandes doações e benefícios para a comunidade cristã.
Até dizem como curiosidade que o incenso era muito usado e em grande quantidade para minorar o cheiro que exalava do chão durante os dias quentes e durante as celebrações.
No Brasil o dia 02 de novembro foi incluído como feriado nacional pela lei nº. 662 de 06 de abril de 1949, pelo então Presidente Eurico Gaspar Dutra, mas essa data é celebrada em todo o mundo ocidental desde a idade média.
Algumas frases de celebridades que compartilho com vocês pela expressão em relação á morte, para reflexão nesta data de saudade e que todos teremos que alcançar um dia. E na minha crença, respeitando quem pensa diversamente, para que possamos caminhar juntos na eterna glória do Senhor.
Cicero já dizia que a “vida dos mortos, é colocada na memória dos vivos”.
Anne Frank: “Os mortos recebem mais flores que os vivos, porque o remorso é mais forte que a gratidão”.
Auguste Conte: “os vivos são sempre, e cada vez mais, governados pelos mortos; tal é a lei fundamental da ordem humana.”
George Santayana: “E os pobres coitados acham que estão a salvo. Eles acham que a guerra acabou! Apenas os mortos viram o fim da guerra.”
Joaquim Cesário de Mello: “Meus mortos não morrem, eles apenas mudam de lado”
Autor desconhecido: “A saudade eterniza a presença de quem se foi. Com o tempo esta dor se aquieta, se transforma em silêncio que espera, pela alegria de um abraço e um dia reencontrar”.
E que continuemos cultivando as doces lembranças de nossos amados que se foram, na esperança de um reencontro alegre na glória do Pai, sem medo de ser feliz!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres





