Novos dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforçam uma tendência já observada no país: a redução na duração média dos casamentos e a elevação da idade em que homens e mulheres estão se divorciando.
As informações mais recentes, referentes a 2024, revelam um retrato dinâmico das relações conjugais no Brasil, impactado por mudanças culturais, sociais e pela simplificação dos processos de divórcio.
Quanto Tempo Dura um Casamento no Brasil?
A duração média de um casamento no Brasil tem diminuído consistentemente ao longo dos anos. Em 2024, o tempo médio entre a data do casamento e a sentença ou escritura do divórcio foi de 13,8 anos.
Essa média é significativamente menor do que a registrada em décadas passadas, indicando uma maior agilidade na dissolução das uniões:
- Há cerca de 20 anos: a média era de aproximadamente 17,1 anos.
- Em 2010: era de cerca de 16,0 anos.
- Em 2014: caiu para 14,7 anos.
- Em 2024: atingiu 13,8 anos (mantendo o mesmo patamar de 2023).
Além disso, os dados mostram que quase metade dos divórcios (cerca de 49,5%) ocorre antes de o casal completar dez anos de união, reforçando o encurtamento da vida conjugal formal.
A Idade Média do Divórcio por Gênero
Os dados do IBGE também apontam a idade em que homens e mulheres se separam, e, em média, os homens se divorciam em idades mais avançadas do que as mulheres.
| Gênero | Idade Média no Momento do Divórcio (2024) |
| Homens | 44,5 anos |
| Mulheres | 41,6 anos |
Essa diferença de idade reflete, em parte, o fato de que os homens, historicamente, se casam em idades mais tardias. A tendência geral é a postergação do início da vida conjugal, com a idade média ao casar-se também em elevação: 31 anos para os homens e 29,1 anos para as mulheres.
Número de Divórcios
Em 2024, o Brasil registrou um total de 428.301 divórcios, o que representou uma queda de 2,8% em relação ao ano anterior (2023), após um período de alta.
Apesar da queda no número total, o alerta dos técnicos do IBGE é que essa redução não indica, por enquanto, uma mudança consistente na tendência de dissolução das uniões.
Outros dados relevantes sobre divórcios em 2024:
- Arranjo Familiar: A maior proporção de dissoluções (45,8%) ocorreu entre casais que possuíam apenas filhos menores de idade. Casais sem filhos vieram em seguida, com 30,4%.
- Taxa de Divórcio: A taxa de divórcio em 2024 foi de 45,7 divórcios para cada 100 casamentos registrados entre pessoas de sexos diferentes (uma queda em relação a 47,4 em 2023).
Por Trás dos Números
Especialistas apontam que a redução na duração média dos casamentos e a elevação da idade do divórcio refletem uma profunda transformação social:
- Maior Autonomia Individual: As pessoas buscam relacionamentos que satisfaçam suas expectativas de forma mais completa, estando mais dispostas a dissolver a união quando a relação deixa de atender a esses propósitos.
- Facilidade Processual: A possibilidade de realizar o divórcio extrajudicial (em cartório, em casos sem litígio e sem filhos menores ou incapazes) tornou o processo mais rápido e menos burocrático.
- Mudança de Valores: A sociedade valoriza cada vez mais as carreiras individuais, a liberdade pessoal e a busca por felicidade, reconfigurando o papel tradicional do casamento.
Esses números mostram que o casamento, no Brasil, está se adaptando às exigências da sociedade contemporânea, com relações mais flexíveis e uma visão mais realista sobre a vida a dois. A redução na duração média não é apenas uma métrica, mas o reflexo de escolhas mais conscientes e de uma maior disposição em encerrar ciclos quando a relação não cumpre o seu propósito de prover felicidade e satisfação mútua. As uniões terminam mais cedo porque a expectativa sobre a qualidade do relacionamento é cada vez mais alta.
Olga Cruz
*Com informações do IBGE





