Quando o(a)  Filho(a) não vem com manual de instruções e tampouco são iguais, seja fisicamente ou internamente e nos cabe moldar esse ser humano dotado de inteligência e com personalidade, que traz um DNA também único. 

Qual mãe já ouviu ao menos uma vez o filho a chamar de “chata” ?? … todas levantam a mão…

Crianças e adolescentes não gostam de regras, mas as mães sabem que são esses limites que formam um adulto maduro e responsável e insistem em serem chatas.

Um estudo feito na Universidade de Essex, na Inglaterra, mostrou que filhos de mães rígidas são mais bem-sucedidos profissionalmente. 

Essas mães preparam seus filhos para serem mais humildes, dedicados, respeitadores, agradecidos, equilibrados e por consequência, serão melhor preparados para o mundo e suas adversidades.

Eles estudaram 15.500 meninas por seis anos entre idades de 13 e 14 anos. O estudo mostrou que “mães chatas” tinham mais chances de ter filhas que frequentaram uma faculdade e então tinham mais chances de ganhar salários mais altos. Outro ponto importante foi que as filhas de “mães chatas” também tiveram menos chances de engravidar na adolescência. 

Você se acha uma mãe boa ou ruim? Todas em algum momento da vida fizemos ou faremos essa pergunta.  

No meu caso, e divido com vocês nessa oportunidade, divorciada com filhas ainda pequenas, fiquei apreensiva de como seria criar três filhas sem a presença masculina que se espera ser o esteio financeiro e de bons exemplos.  Contudo, criei meu próprio sistema de educação, apoiado no sistema mais europeu do que americano.

A maioria dos europeus educa seus filhos até 7 e 9 anos com disciplina e regras rígidas e inegociáveis e somente após essa idade começa a conversar com eles, os americanos “tentam” conversar com os pequenos como se eles entendessem as regras e na adolescência esquecem de conversar com seus filhos (as) que tem dificuldade de cumprir regras e aceitar não.

E assim passei a criar regras inegociáveis punidas com castigo e a cada 15 a 20 dias fazíamos uma reunião para analisar erros e rever punições, e ,principalmente, falar sobre princípios e valores importantes para a vida, que vejo elas reproduzirem com meus netos e que me enchem de orgulho.

Não quero lhes dizer que fui assertiva ou que descobri o caminho, mas apenas quero compartilhar minha vivência.

Mães chatas ensinam princípios que são levados pela vida toda e algumas regras que parecem banais, mas que dão suporte e equilíbrio para uma vida  adulta saudável  e mais feliz.

Algumas regras que ouvimos de nossas mães “chatas” e ainda adotamos para os nossos próprios filhos(as):

1 – Responsabilidade – ao proibir algumas festas ou saídas que poderão ser prejudiciais, além de não permitir voltar muito tarde, principalmente se tiver algo importante no dia seguinte, como aula ou trabalho. 

2 – Bem estar e saúde – proíbe doces e refrigerantes durante a semana, ensina a ter um hábito alimentar saudável e a fazer exercícios físico, por certo, esses hábitos mudarão sua vida adulta.

3 – Sexualidade – conversa sobre sexo e ensina tudo o que deve saber, evitando assim que ele(a) aprenda sobre sexo e intimidade fora de casa. Além disso, compartilha informações que no futuro evitarão uma gravidez indesejada, doenças contagiosas e sérias.

4 – Organização – ela não arruma a bagunça que fez no quarto ou com seus brinquedos, muito pelo contrário, em idade tenra auxilia e demonstra como deve ser feito após parar de brincar, e quando já tem idade suficiente insiste que arrume seu quarto e brinquedos todos os dias.

5 – Limites e Horários – estabelece horário para dormir, pois sabe que uma boa noite de sono é essencial para a saúde e bom humor. quer conhecer e saber quem são seus amigos, preservando a veracidade do ditado “diga-me com quem tu andas que eu lhe direi quem tu és”.

6. Educação e Civilidade – repreende quando seu filho(a) é mal-educado (a) com alguém, independente de quem essa pessoa seja. 

7 – Valor das coisas – não presenteia seu filho fora de datas especiais e ensina a guardar o que ganha e ter gratidão por isso.

8 – Espiritualidade – Ensina que existe um Deus acima de qualquer coisa e que vive em todas as coisas, que merece respeito e gratidão, e que sua vida é um presente diário a ser vivido com fé, esperança e amor ao próximo.

9 – Auto gerenciamento – lhe dá um despertador de presente pois quer que aprenda a ser responsável e tome conta de sua vida o melhor que puder,aprendendo a controlar seu próprio tempo.

10 – Controle in vigilando –  controla o que assiste na televisão e na internet, uma vez que muitos ensinamentos ruins podem vir da mídia, portanto, fica de olho no que assiste, até porque a responsabilidade também é sua até que o filho alcance a maioridade.

11 – Humildade – a humildade é um ponto essencial para a vida adulta por isso, ela faz com que seu filho se desculpe por seus erros e o faz enfrentar as consequências de seus atos.

12 – Divisão de Tarefas – Todos devem dividir as tarefas do lar, homens e mulheres em igualdade de condições. Todos devem ajudar a limpar e arrumar a casa, definindo tarefas específicas para cada um e não paga dinheiro por isso, já que as tarefas de casa são responsabilidade de todos.

13 – Persistência e determinação – ela não irá mexer os pauzinhos ou usar de algum jeitinho para te livrar de algo que fez ou tem que fazer, mesmo que fracasse em algo que fez sozinho, estará ensinando a ser persistente e ter determinação.

14 – Respeito – respeita os mais velhos e os deficientes e reconhece que seu exemplo é uma das maiores armas de ensino, portanto, faz e exige respeito a seus pais assim como exige que seu filho a respeite.

15 – Amor e Carinho – apesar de ser rigorosa nas horas devidas, ela sabe demonstrar amor, afeto e carinho.

Que o mundo tenha muitas mães “chatas” para aumentar o número de crianças e adolescentes nas escolas e diminuir o número de prisões, para reduzir o número de pessoas com ansiedade e depressão e aumentar o número de pessoas saudáveis, diminuir a estatística dos suicídios e aumentar o percentual de bem estar, reduzir a violência e aumentar o respeito, reduzir o pensamento do egoísmo e do “eu” primeiro e aumentar a gratidão, com gerações que valorizem o ser humano, o amor ao próximo, a igualdade e a equidade, com justiça e equilíbrio, sem medo de ser feliz!

Dra. Iacita Azamor Pionti

Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres