No último dia 2 de julho realizamos pela BPW-Associação Internacional de Mulheres de Negócios e Profissionais, o evento Café com Política que já faz parte do calendário anual, na Associação Comercial de Campo Grande.
Recebemos as pré candidatas associadas da BPW, bem como, inúmeras empresárias e profissionais de nossa capital, para ouvir a Diretora Adjunta da Escola Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral, Drª. Silmara Domingues Araujo Amarilla, que abrilhantou a noite com seu conhecimento e simpatia.
E isto nos fez trazer para reflexão o tema, uma vez que estamos em ano eleitoral para disputa dos cargos de prefeita e de vereadoras na nossa capital, que embora conte com uma mulher à frente da Prefeitura, apenas uma vereadora, numa Câmara Municipal com 29 cadeiras.
E o que se constata é que as mulheres constituem a maioria tanto na população (51,1%) como no eleitorado (52,62%), no entanto, os filiados aos partidos políticos são predominantemente do gênero masculino e somente 18,2% do total de candidaturas eleitas são femininas, apesar de 46,2% de filiados a partidos serem mulheres de acordo com informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dos filiados, 8.493.990 são homens, representando 53,8% do total, enquanto 7.284.431 são mulheres (46,2%). Nas Eleições Gerais de 2022 das 9.891 mulheres que se candidataram, apenas 311 delas foram eleitas, correspondendo a apenas 18,2% do total de eleitos.
Conforme dados do Observatório Nacional da Mulher na Política, elaborado pela Câmara dos Deputados, a proporção de mulheres eleitas para cargos proporcionais nos legislativos estadual, distrital e nacional nunca ultrapassou os 18,52%, a maior já registrada.
Como na maioria das vezes os dirigentes dos partidos são homens, e a gente sabe que homens costumam escolher homens para demandas de confiança, isso faz com que as candidaturas das mulheres sejam mais frágeis do que as dos homens uma vez que recebem menos apoio, inclusive o primordial apoio financeiro.
O machismo estrutural influencia, significativamente a relutância de muitas mulheres em seguir carreira política ou participar ativamente na esfera política, uma vez que esse ambiente predominantemente masculino desestimula a participação das mulheres, além do acúmulo de responsabilidades e de cuidados que tradicionalmente recai sobre elas.
Pois além de suas atividades profissionais, na maioria dos casos são responsáveis pelo cuidado da família e do lar, portanto, tempo livre mais escasso em comparação com os homens.
A disparidade na divisão das obrigações domésticas e de cuidado cria desafios adicionais para a participação política das mulheres, dificultando sua disponibilidade e dedicação a atividades políticas.
E temos visto a divulgação nas mídias de problemas com candidatas fantasmas ou “laranja” que só entram para preencher a cota mínima de 30% (trinta por cento) de mulheres ou para desviar recursos garantindo aos partidos o mínimo previsto na legislação.
E se a mulher tem dificuldades para se candidatar ou ter igualdade de oportunidades com os homens imaginem a mulher indígena, negra ou com deficiência.
A estatística divulgada pelo TSE não traz essas transversalidades, contudo traz esse recorte nos dados das candidaturas sendo que 48,19% dos candidatos da última eleição são brancos, 36,15% são pardos, 14,12% são pretos e apenas 0,64% são indígenas.
E para finalizar essas reflexões e estatísticas temos previsão da ONU que levaremos ainda 143 anos para alcançar a paridade, mas penso que se contarmos com mais candidatas mulheres e votarmos nelas por certo aumentaremos o número de cadeiras nos espaços de poder eletivos e por consequência reduziremos esse tempo previsto.
Aliás, por isso é que digo que na luta pela paridade e diretos de oportunidades para as mulheres estamos plantando tâmaras, mas um dia colheremos e serão frutos saborosos, posto que as sementes semeadas são boas.
Que as próximas eleições os partidos saiam dos discursos eleitoreiros e tenham consciência da importância dessa equidade, que tragam mais mulheres para a disputa, e que elas possam alcançar seus objetivos e preencher cadeiras no legislativo e executivo, sem medo de ser feliz!
Dra. Iacita Azamor Pionti
Advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres