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Solidão e Solitude

Na complexidade das experiências humanas, o real sentido da solidão e da solitude frequentemente são confundidas. Embora, ambas estejam relacionadas ao estar só, carregam significados e sentimentos bem distintos. Compreender essa diferença pode mudar nossa forma de encarar o tempo que passamos sozinhos, transformando-o em uma oportunidade de crescimento e autoconhecimento.

Solidão – A experiência do vazio

A solidão está intimamente ligada ao sentimento de abandono e isolamento. Quando uma pessoa experimenta a solidão, ela sente a ausência de vínculos significativos, mesmo que esteja rodeada por outras pessoas. Esse sentimento cria um vazio interno que pode ser, na maioria das vezes,  doloroso, alimentado pelo desejo de estar próximo de alguém que, por algum motivo, está distante. A solidão é a experiência emocional de falta de pertencimento e afeto. Ela é, de fato, uma expressão de carência emocional e pode levar a sintomas como tristeza, ansiedade e até a depressão.

Segundo o psicólogo e pesquisador Julianne Holt-Lunstad, “a solidão tem um impacto severo na saúde mental e física”, e pode ser tão prejudicial quanto o tabagismo, uma vez que aumenta o risco de mortalidade prematura. Esse sentimento, quando prolongado, está associado ao aumento do cortisol, o hormônio do estresse, que pode prejudicar o sistema imunológico e cardiovascular.

Embora alguns momentos de solidão possam ser passageiros, sua persistência representa um sinal de que algo precisa ser ajustado. Muitas vezes, é uma chamada interna para buscar apoio, construir novas conexões ou até reatar laços perdidos. É importante lembrar que a solidão não depende necessariamente da presença física de pessoas ao redor, mas de uma sensação mais profunda de se sentir desconectado do mundo ao seu redor. A psicóloga Amy Sullivan ressalta que “o ser humano é uma espécie social, então, quando se sente isolado, seu bem-estar é afetado, pois é privado de uma necessidade essencial”.

Solitude: O poder de estar só

Por outro lado, a solitude não representa um vazio, mas sim uma presença. A solitude é o estado de estar sozinho sem sentir-se só. É a escolha de passar um tempo consigo mesmo, o que pode proporcionar uma experiência de autocontemplação e tranquilidade. 

A solitude envolve um ato de liberdade em que a pessoa se permite focar em seus próprios pensamentos, explorando suas emoções e entendendo melhor a si mesma. Para alguns, é uma prática necessária, uma oportunidade para recarregar energias e refletir.

A solitude permite que uma pessoa se desligue do ruído externo e reconecte-se consigo mesma. Ela é um estado de aceitação e paz, diferente da solidão, que geralmente desperta angústia. 

Por meio da solitude, é possível redescobrir interesses pessoais, criar novos objetivos e fortalecer a relação consigo mesmo. Ela não exige a presença de outros para validar ou preencher o momento, mas, ao contrário, valoriza o espaço interno e a serenidade.

A escolha de estar só e a liberdade da solitude

Enquanto a solidão surge como uma ausência indesejada de companhia, a solitude representa uma presença consciente consigo mesmo. Pessoas que abraçam a solitude não evitam o contato social, mas escolhem momentos para ficar em sua própria companhia. A psicoterapeuta Ester Buchholz afirma que “a solitude permite que indivíduos explorem seus mundos interiores, construindo autoconfiança e autonomia emocional.”

Essa escolha oferece um benefício importante – uma sensação de liberdade emocional. Nesses momentos, é possível desenvolver um relacionamento mais profundo consigo mesmo, reconhecer necessidades e até superar medos internos. Vale lembrar que o psicólogo Carl Jung também defendeu o valor da solitude, afirmando que “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.”

A diferença entre solidão e solitude está no olhar que se lança ao ato de estar sozinho. A solidão é uma dor silenciosa que ecoa o vazio da falta de conexão, enquanto a solitude é a aceitação tranquila de que, em alguns momentos, somos nossa melhor companhia. A compreensão dessa distinção pode nos ajudar a lidar com esses sentimentos de forma mais saudável e a transformar a experiência de estar só em uma oportunidade de autodescoberta e crescimento.

Olga Cruz 

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