A síndrome da taquicardia postural ortostática (da sigla PoTS, em inglês) é uma condição rara caracterizada por um aumento significativo da frequência cardíaca ao mudar da posição deitada para vertical (como ao ficarmos em pé). Dessa forma, há um aumento dos batimentos cardíacos e uma diminuição da pressão arterial, provocando sintomas que dão a sensação de desmaio.
“É uma doença que tem uma prevalência relativamente baixa nos países desenvolvidos, chegando a 1% [da população]. Atinge pessoas com idade entre 15 e 50 anos e é mais comum no sexo feminino. Costuma ser subdiagnosticada, uma vez que pode ser tratada como transtorno de ansiedade”, explica Cláudio Nazareno Prazer da Conceição, coordenador médico do pronto-socorro do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo.
O especialista destaca que, apesar de ser uma condição benigna, pode ser incapacitante devido à queda de pressão, impossibilitando os exercícios físicos ou atividades diárias. Isso porque a pessoa não consegue se manter em pé (posição ortostática).
Causas da síndrome da taquicardia postural ortostática
As causas específicas ainda não foram completamente esclarecidas. No entanto, trata-se de um distúrbio do sistema nervoso autônomo, responsável pela regulação das funções corporais que são automáticas, como pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura do organismo.
Além disso, o baixo volume sanguíneo e anormalidades na função vascular podem causar a condição.
A literatura médica também já associou a síndrome a níveis elevados do hormônio norepinefrina, que entra em ação em momentos de estresse. E também a danos causados nas fibras nervosas, que regulam a constrição dos vasos sanguíneos nos membros e no abdômen.
Ainda há evidências que sugerem que a PoTS é uma doença autoimune, ou seja, surge quando o sistema imunológico começa a atacar equivocadamente as células, tecidos e órgãos saudáveis do próprio organismo.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas da síndrome são:
- Aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e palpitações;
- Tonturas;
- Fraqueza;
- Sudorese;
- Sensação de formigamento nas extremidades;
- Visão turva;
- Dificuldade de concentração;
- Dor torácica.
Fatores de risco
A síndrome da taquicardia postural ortostática acontece em qualquer idade, mas é mais comum em mulheres jovens. Além disso, alguns fatores de risco foram identificados. Entre eles, estão:
- Indivíduos com disautonomia prévia (doença que afeta o sistema nervoso autônomo);
- Desidratação;
- Consumo de álcool;
- Estresse;
- Histórico de infecções virais;
- Traumatismo craniano;
- Predisposição genética;
- Exposição ao calor excessivo;
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico é clínico, ou seja, o especialista identifica a síndrome após o relato de sintomas, a história clínica e ao realizar um exame físico.
Além disso, pode ser solicitado o Tilt Test, que é um exame utilizado para avaliar as causas de tonturas e desmaios recorrentes.
Também é necessário fazer exames cardiológicos complementares, como o ecocardiograma ou o holter para descartar outros problemas de saúde.
Tratamento e melhora da qualidade de vida
O tratamento da síndrome, muitas vezes, inclui uma abordagem multidisciplinar. O objetivo é aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e ajudar na gestão das atividades diárias.
Vale destacar que um dos maiores riscos da condição são as quedas devido aos desmaios.
De forma geral, o indivíduo é orientado a ingerir mais água, evitar mudanças posturais muito bruscas e ambientes com temperatura extremamente elevada. Além de reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e realizar exercício físico com acompanhamento, pois o condicionamento cardíaco é essencial para a melhora nos sintomas.
“As abordagens individualizadas são frequentemente necessárias. Cada caso é diferente. Pacientes com PoTS podem ver os sintomas irem e virem ao longo dos anos. Na maioria dos casos, com ajustes na dieta, medicamentos e atividade física, esses indivíduos terão uma melhora na qualidade de vida”, complementa Vanessa Guimarães, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, também na capital paulista.
Os especialistas reforçam que é fundamental manter o check-up cardiológico em dia para diagnosticar o mais rápido possível a síndrome. Lembrando que a PoTS pode impactar significativamente a rotina, pois leva a limitações nas atividades diárias devido aos sintomas persistentes.
Redação





