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Barbie moderna, conectada aos movimentos sociais e aos diversos padrões de beleza

A Barbie está diferente, concorda? Assim como você, que brincava com a boneca mais desejada do mundo e sonhava com seu mundo cor-de-rosa, as crianças continuam amando a Barbie, mas ela precisou “furar a bolha” para manter a representatividade, acompanhar as demandas sociais e a tecnologia que passou a fazer parte do dia a dia, inclusive das brincadeiras infantis.

Na questão que envolve o crescimento dos movimentos sociais, vale ressaltar que eles sempre existiram na história da humanidade. Desde a era primitiva, o ser humano prioriza os relacionamentos e a vida em comunidade em prol do interesse de seu grupo. Mesmo com a evolução da espécie, esses dois pontos nunca desapareceram, pelo contrário.

Se antes essas lutas levavam muito tempo para surtir algum resultado na sociedade, a internet sem dúvida é a responsável por dar voz às mais diversas iniciativas, além de viabilizar e articular mudanças na estrutura social. As mulheres, por exemplo, têm conseguido expor de forma mais ampla e contundente a necessidade de equiparação dos direitos sociais, políticos e jurídicos, além de questionar comportamentos pré-estabelecidos, a condição histórica de submissão do corpo feminino e pressões pelo o que é imposto como “perfeito”.

Um dos resultados desse movimento feminino por equidade e representatividade é a mudança de um dos símbolos do que já foi considerado a “mulher ideal”, a Barbie loira, de cabelo liso, corpo alto, magro e esguio. 

A Mattel, fabricante da boneca, tem criado versões próximas da realidade reais, e atualmente o portfólio conta com mais de 35 tons de pele, 90 penteados e 9 tipos de corpo diferentes. Além disso, edições limitadas e colecionáveis com, por exemplo, um modelo da atriz e apresentadora americana Laverne Cox, e das brasileiras Maya Gabeira, surfista, a biomédica Jaqueline Goes, a cantora IZA e a professora Doani Emanuela Bertani, fazem parte da estratégia da empresa para que a Barbie continue sendo a boneca mais vendida no mundo, além de inclusiva e diversificada.

Mais recentemente, ainda, a fabricante está homenageando Tina Tuner, cantora negra e norte-americana, devido ao aniversário de 40 anos do hit ‘What’s love got to do with it’. A boneca usa um vestido preto e uma jaqueta jeans, roupas inspiradas no look utilizado no videoclipe da música.

“Todas essas mulheres representadas na Barbie quebraram barreiras em seus campos de trabalho e em suas comunidades. Buscamos promover iniciativas que refletem um mundo melhor para as crianças, por isso a Barbie passou por várias evoluções. A intenção também é promover a normalização da deficiência física, etnia e mostrar para meninas e meninos o mundo ao seu redor”, explica Miguel Ángel Torreblanca, Diretor Sênior e Head de Marketing na Mattel América Latina.

Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo Cultura e Pesquisas Brincar da PUC-SP, concorda que houve uma evolução, já que a Barbie original era fora dos padrões brasileiros, tinha um corpo diferente, era mais esguia, quadril maior e ainda destaca a questão das etnias: “A mudança na sociedade influenciou muito nesses desenvolvimentos e a partir daí começaram a surgir Barbies diferentes, como as negras e de outras culturas”, diz a estudiosa.

E claro que a Barbie não poderia mudar apenas na questão física. Se as propagandas e filmes mais antigos da personagem mantinham o estilo mais frágil e ingênuo, as produções mais recentes prometem trazer uma mudança comportamental da boneca. 

Um dos filmes mais aguardados de 2023 é justamente o dela. Já o canal Barbie no YouTube, que na versão em português tem 1,6 milhão de seguidores, também tem investido em produções de histórias empoderadoras, em linguagem simplificada e amigável para crianças. 

Simultaneamente, os filmes mais recentes da boneca, como o “Barbie Big City, Big Dreams” (2021) marca a expansão do universo Barbie ao abordar temas como amizade, diversidade e inclusão. “Este é o primeiro conteúdo da Barbie a apresentar uma co-estrela feminina etnicamente diversa em outro esforço para impulsionar a inclusão”, explica o diretor da Mattel. E não para por aí.

Em contrapartida, a professora da PUC, explica que as crianças estão atentas a conteúdos em computador, celular, tablet e que, de certa forma, estão sendo usados em uma medida muito exagerada para as etapas de desenvolvimento da criança. “Não que negue esses brinquedos ou conteúdos, mas os eletrônicos têm que ser controlados.” Para ela, o “brincar de boneca” nunca vai deixar de existir e a indústria pode mudar as características físicas ou o material, mas a representação não muda. “Os primeiros registros de bonecas são de 10 mil anos atrás. Na minha concepção, brincar de boneca vai continuar, pode mudar o objeto, o material, a forma em si do brincar, mas a existência dessas figuras não muda porque é a representação do ser humano”, finaliza Barbato. (Dicas de Mulher).

*Lembro-me bem das minhas bonecas Barbies quando criança. Sonhava em ter aquele corpo “perfeito” das minhas bonecas, já que eu era “roliça” com pernas grossas e bumbum avantajado. Nada padrão para os corpos esguios das minhas Barbies. 

Hoje, com 48 anos, vejo que o padrão Barbie nunca existiu verdadeiramente e sinto um alívio pelas meninas de agora poderem ter a oportunidade de brincar com Barbies que sejam mais próximas da realidade, dos diversos corpos femininos que existem.  

*Olga Mongenot

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