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A dor de ter perdido o filho para a COVID, ela transforma em amor aos mais necessitados 

Nesta Sexta-feira Santa (7), dia em que os cristãos lembram e refletem sobre o sacrifício do Filho de Deus pela humanidade, a história de Marina Wirtti vem para nos ajudar a pensar, e vermos que as diferenças e problemas diários da vida, nada, nada são diante da dor que é ter que dar “adeus”, ou melhor, “até um dia” a um filho. 

O dia 19 de agosto de 2021 não foi mais o mesmo para a servidora pública Marina. Seu filho mais velho, Bruno Wirtti, na época com 22 anos e prestes a se formar em engenharia, partiu acometido pela COVID-19. 


Ao MS DELAS, ela conta sua história e como tem transformado a dor em amor pelo próximo. Em uma conversa marcada pela emoção, a mãe de Bruno e Guilherme, compartilha como tem sido sua luta diária de superação. 

“O Bruno sempre foi muito amor. Toda vez que eu escrevia sobre ele quando ainda estava aqui, dizia sempre que na família o papel era invertido porque era ele quem cuidava, quem protegia, era ele quem dava conta de tudo, a bondade e o coração grande era dele. Ele nos ensinava sobre o amor, como ser melhor a cada dia. E como é possível, com tão pouco, a gente ajudar. Como é possível a gente ser amor. Ele deixava muitas vezes as vontades dele de lado para socorrer não só as pessoas próximas que amava mas também as pessoas que lhe pediam. Ele nunca mediu nenhum tipo de esforço para ajudar”, relata emocionada.  

Após quase dois anos da partida, Marina não cansa de dizer que a passagem de Bruno aqui foi para ensinar sobre o que é o amor e a bondade.

“Vejo que meu filho não precisou de muito tempo aqui. A passagem dele foi curta mas foi o suficiente para nos mostrar o quão bom a gente pode ser para o próximo. Dói demais, às vezes a dor toma conta de mim, mas eu sinto a sua presença de alguma forma. Não consigo vê-lo, tocá-lo, queria poder ouvir e tocar nele novamente, mas aos poucos com muita dor, vou compreendendo essa separação tão precoce. Por mais que eu tenha beijado e abraçado muito, eu penso que poderia ter feito mais. Se eu soubesse que o nosso tempo era tão pequenininho eu teria parado minha vida inteira para ficar abraçada nele”. 


Além de Bruno, Marina também é mãe de Guilherme, seu filho caçula, e diz que três motivos a tem sustentado para superar o dia a dia. 

“Em 1º lugar o agir de Deus, e depois o meu filho Guilherme, que sempre está ao meu lado. Que também como eu, sofre por ter perdido o irmão, a dor de estar sozinho comigo agora, me dando o seu abraço e me protegendo, do jeito dele, da forma dele e que eu amo demais. O Guilherme tem sido fundamental na minha vida, o amor que sinto pelo meu filho é o que me sustenta e me ajuda a vencer diariamente a dor de não termos mais o Bruno presente em nosso meio. Meu filho Guilherme é o presente que Deus me honrou para ser a mãe. Te amo muito meu filho, obrigada por tudo e por ser sua mãe!”. 


Engenheiros do Amor

O projeto, é outro motivo que tem ajudado Marina e sua família. O grupo foi fundado 15 dias após a partida de Bruno. 

“O nome do projeto foi inspirado no sonho de Bruno, que estava prestes a se formar engenheiro. Ele acreditava que tínhamos apenas uma chance nesta vida e, por isso, nós nos dedicamos a honrar sua visão de mundo. Enfrentando a profunda tristeza que nos consumia, sabíamos que precisávamos agir e honrar o legado que ele nos deixou: o amor pelo próximo e o compromisso em ajudar aqueles que mais necessitam. Decidimos transformar nossa dor em amor e criar um projeto que perpetuasse a sua memória”, revela.


Marina ressalta que contribuir com a ação social tem sido uma experiência enriquecedora. Conhecer de perto a realidade de tantas pessoas carentes e ver a gratidão nos olhos daqueles que recebem a ajuda do projeto emociona e os motiva a continuar lutando por um mundo mais justo e solidário.

“Através dessa ação social, pudemos entender que as necessidades das pessoas vão além de suprir as suas carências materiais, mas também de proporcionar a elas momentos de felicidade, de afeto e de companhia. Participar dessa transformação tem nos inspirado a continuar colaborando para tornar o mundo um lugar melhor, com mais amor e mais igualdade”. 


Há 1 ano e 7 meses, o Engenheiros do Amor realizou 18 ações em benefício de até 300 crianças. Entre elas, destacam-se duas ações no Natal, e duas no Dia das Crianças. Atualmente, o grupo está promovendo a segunda ação de Páscoa, para levar um pouco de alegria e carinho às crianças que tanto precisam.

“Com tão pouco a gente tem conseguido fazer tanto. Dói muito compartilhar nossa história, mas ao mesmo tempo me ajuda a ter forças para superar e a dar forças a outras famílias e pessoas que de alguma forma não têm mais a presença de um ente querido. Muito obrigada pela oportunidade de contar nossa história”, finalizou Marina Virtti. 


*Sabemos que recordar, muitas vezes, é sofrer novamente. Por isso, nós é que somos gratos Marina, por compartilhar sua história e podermos publicá-la nesta Sexta-feira que tem um significado diferente para todos. Com certeza, fará muitas pessoas refletir sobre o que realmente importa nessa vida, que é tão passageira. Nessa vida que muitos levam sem pensar no amanhã, e como sua história nos ensina, é que podemos sim fazer o bem sem olhar a quem, sem barganhas, e sem esperar algo em troca.

Sua história nos faz refletir, que nossas vontades não são o centro do universo e que os problemas diários , são tão ínfimos, ou melhor, são NADA, NADA perto do que podemos proporcionar ao outro com um simples e verdadeiro gesto, um abraço, um sorriso, e que com pouco é possível sim ajudar, basta querer…  Gratidão 🙏🏼.

Olga Mongenot

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