“Não tem nada que me impeça de ser feliz”. É essa a frase que Ana Lúcia Serpa, 49 anos, solta em meio à folia. No primeiro dia de bloquinho, o “Nada sobre nós sem nós” foi o momento dela de mostrar que toda pessoa com deficiência tem sua fala e espaço no Carnaval.
“Nosso grupo carnavalesco vem mostrar que ninguém vai falar por nós. Quem falar pela gente, tem que estar com a gente. Carnaval é para todos, e pular é só mais um degrau”, completa a aposentada.
Na sexta-feira (9), o teatro de arena do Horto Florestal foi palco para uma festa na qual o protagonismo era a acessibilidade. Para a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Telma Nantes de Matos, no Carnaval a marchinha deve ser acessibilidade, inclusão e igualdade.
“Isso é cidadania, é sair e foliar como as demais pessoas. Eu gosto de curtir, apoiar e precisamos proporcionar esse momento às pessoas. Cultura é inclusão, Carnaval é inclusão e as pessoas com deficiência merecem ter essas possibilidades”, ressalta.
Criador do bloco, Damião Zacarias da Silva, de 48 anos, é corumbaense de nascença e tem o Carnaval no coração. “Sou folião desde pequeno”, brinca. A ideia do bloco surgiu em 2018, e o primeiro cortejo foi realizado no Carnaval do ano seguinte. “Pensamos no bloco pra gente se reunir e mostrar para as pessoas, para a sociedade e para nós mesmos que a gente é capaz de ir e vir e ter nosso direito de brincar o Carnaval também”, acrescenta.
Ainda na sexta, durante o bloco Farofolia, que abriu a programação da Esplanada Ferroviária, o Centro Estadual de Cidadania LGBTQIA+ levou conscientização e informação para o Carnaval. Foram 300 pessoas orientadas e que receberam o kit contendo preservativo, além de testes rápidos de HIV. A ação teve apoio da Subsecretaria de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+, Secretaria de Estado de Saúde e ONG Águia Morena.
“A festa mais popular do País também é a oportunidade de levar ações de promoção de saúde e prevenção de doenças às ruas, além de reforçar a necessidade de não negligenciar certos comportamentos que podem oferecer risco à saúde individual e coletiva da população”, explica a coordenadora do Centro, Gaby Antonietta.
Colaborador da ONG Águia Morena, Kedney Araújo esteve na ação ao lado do CEC LGBTQIA+ falando exatamente sobre redução de danos no Carnaval. “Este é um dos momentos onde existe maior concentração do uso de substância, principalmente de álcool, então estamos aqui levando informação, prevenção e orientação”, completa.
Boas atitudes fazem um bom Carnaval
A campanha do Governo do Estado para o Carnaval 2024 bate na tecla de que “boas atitudes fazem um bom Carnaval”, e reforçando as regrinhas do rolê, entre elas o “não é não” para combater o assédio contra as mulheres.
Os materiais foram entregues aos municípios do interior do Estado e, na Capital, a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa, foi às ruas junto ao Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, presidido pela secretária-adjunta do Governo, Ana Nardes, a DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Só no sábado (10), pelo menos mil cartazes e folders foram distribuídos.
“Viemos lembrar que boas atitudes, importantes comportamentos e principalmente consciência, responsabilidade e acima de tudo respeito, são fundamentais para que o Carnaval seja divertido e fraterno. Vamos brincar, nos divertir e, acima de tudo, respeitar as nossas diferenças”, enfatizou Manuela..
Preservativos e testes rápidos foram entregues pelo Centro Estadual de Cidadania LGBTQIA+ no 1º dia de bloquinho na Esplanada
Como denunciar
Tanto a Polícia Civil quanto a Militar estarão atuando com suas equipes nas festividades de Carnaval. Reforçando que a DEAM, que já funciona 24h, estará com todos os integrantes da rede de proteção à mulher, da Casa da Mulher Brasileira, preparada para atender e fazer o acolhimento dessas mulheres.
Para denunciar qualquer tipo de assédio ou importunação sexual ligue para a Central de Atendimento à Mulher 180. A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul também está à disposição da população por meio do número 190, que deverá ser acionado quando a violência estiver acontecendo.
As vítimas também podem procurar diretamente as demais Delegacias, para registro do Boletim de Ocorrência.
Vale ressaltar que no site www.naosecale.ms.gov.brestão disponíveis todos os canais de denúncia.