Desde 1995, Renata Capucci empresta a voz e a presença marcante aos telejornais da Globo. Habituada a apresentar o “Jornal Hoje”, aos fins de semana, ela se surpreendeu quando percebeu a perna esquerda tremer embaixo da bancada.
“Achei que estivesse boba depois de tanto tempo de jornalismo, ficando nervosa”, contou ela no “Mais Você”, na manhã de sexta-feira (28).
Ela ainda não sabia, mas eram os primeiros sintomas da doença de Parkinson.
“Não falem mal de Parkinson, porque não temos mal, mas uma doença. Já é uma palavra com carga negativa suficiente”, explicou a jornalista, que, de maneira muito transparente, falou sobre o diagnóstico e também como a vida dela mudou com a doença em um café da manhã cheio de emoção na companhia de Ana Maria Braga.
A descoberta
Renata foi diagnosticada em 2018, três dias depois de cozinhar no matinal com Ana Maria. Parkinson é uma doença degenerativa, crônica e progressiva do sistema nervoso central, que acontece devido à degeneração das células do cérebro, que produzem a dopamina. A falta ou diminuição dela provoca sintomas motores, que incluem tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e também não-motores, como depressão, ansiedade e distúrbios cognitivos.
“Parece que cai uma bigorna na cabeça. Lembro que gritava no carro, junto com meu marido. É um choque receber esse diagnóstico, principalmente aos 45 anos”, relembrou ela.
A revelação
Somente em 2022, a jornalista se sentiu preparada para falar não só para o público, mas também para a filha Diana, de 10 anos, sobre o Parkinson. O desejo surgiu enquanto gravava um dos episódios de “Isso É Fantástico”, podcast do jornalístico dominical, com Guta Stresser sobre a vida da atriz após o diagnóstico de esclerose múltipla.
“Ao fim dessa gravação me senti encorajada, porque era parte daquilo ali, porque seria falsa se não fizesse isso. Eu me emocionei e foi um momento de catarse. Demorou cinco anos entre altos e baixos, com momentos muito tristes em que você se desespera, da falta de controle que você tem em relação à doença.”
A aceitação
Embora mostre uma visão otimista da vida, Renata fez questão de salientar que não estava romantizando a doença. Porém, ela pontuou que há apenas duas coisas a serem feitas diante do Parkinson: ficar na cama chorando ou se movimentar, literalmente, porque se exercitar é uma das formas mais bem aceitas de retardar os efeitos da doença.
“É muito difícil! Primeiro que cada um tem seu Parkinson, cada um com seus sintomas. O primeiro que tive foi a perda do olfato, muito antes da Covid, dificuldade de ir ao banheiro, insônia… são os movimentos que começam a ficar mais dificultados, e começam antes dos sintomas motores”, contou ela.
O tratamento
Consciente do privilégio que tem por contar com equipe multidisciplinar, que inclui personal trainer, psicóloga e médicos, a jornalista aconselhou que quem passe pelo mesmo problema e não conte com esses auxílios, se exercite da forma que conseguir, subindo escadas, andando na pracinha, o importante é se manter em movimento. Mas antes de tudo é fundamental procurar um neurologista.
“O diagnóstico clínico é muito importante. Cada um tem seu tratamento, por isso não se deve ficar olhando o outro. Pareço bem, acho que ainda está leve, mas não quer dizer que amanhã vai continuar assim”, pontua Renata.
“Tem tratamento, cirurgia, algumas pessoas são elegíveis para colocar um marcapasso cerebral e certamente farei se algum dia precisar”.
O relato sincero, honesto e delicado da jornalista, que completou 50 anos em abril, emocionou Ana Maria Braga. “Não são só flores, passamos ao longo do tempo por poucas e boas e precisa enxergar como é e saber seu tamanho diante do que você tem e o que pode fazer com esse momento que Deus te deu”, disse a apresentadora com a voz embargada, levando Renata às lágrimas, emoção que transbordou para as redes sociais. *Gshow.
Redação