Histórias de turistas que se deparam com câmeras ocultas em locais de hospedagem têm se tornado frequentes. Recentemente, um casal em Porto de Galinhas, Ipojuca (PE), encontrou uma câmera escondida na tomada do quarto em um resort que estavam hospedados.
Mesmo quando utilizadas para segurança, filmagens não autorizadas podem ser consideradas criminosas. O Código Penal Brasileiro estipula uma pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa, para quem registra cenas íntimas sem consentimento.
Para hóspedes e locatários, não há método infalível para assegurar que os espaços estejam livres de câmeras escondidas. No entanto, o uso do celular pode ser uma ferramenta útil para reduzir riscos.
Especialistas recomendam que, ao chegar na acomodação, os turistas realizem uma verificação cuidadosa em quartos e banheiros para aumentar a segurança e desfrutar da viagem com mais paz de espírito.
Alexandre Armellini, diretor na Cipher, uma empresa de cibersegurança, sugere uma inspeção em objetos como lâmpadas, tomadas e relógios, buscando dispositivos suspeitos. Qualquer aparelho eletrônico que pareça fora do lugar ou desnecessário deve ser examinado.
Confira as dicas:
1ª – procure reflexos de lentes de câmeras
No quarto escurecido, use a câmera do seu celular com o flash ligado. Ao olhar pela tela, observe se há pequenos reflexos em locais inusitados, como detectores de fumaça ou luminárias. Esses reflexos podem indicar a presença de lentes de câmera.
2ª – busque luzes infravermelhas
Em um ambiente escuro, com a câmera do celular e o flash desligado, procure por uma pequena luz roxa piscando. Essa luz pode sinalizar uma câmera com capacidade de gravação em ambientes com pouca luz.
3ª – confira as tomadas
Utilize um carregador de celular ou outro dispositivo para testar as tomadas do quarto. Se as entradas forem compatíveis com o plugue, mas não for possível conectar, pode ser um indício de alteração na tomada, potencialmente para esconder uma câmera.
4ª – verifique os espelhos
Direcione a lanterna do seu celular para os espelhos, procurando por pontos transparentes. Também toque no vidro para sentir se há um som oco, indicativo de espaço atrás do espelho. Este método é mais relevante para espelhos montados em molduras ou caixas que os afastam da parede, pois requerem espaço para esconder equipamentos de espionagem.
O que fazer além disso?
Ao procurar por câmeras ocultas, é essencial focar em locais onde elas possam realmente estar escondidas. Áreas elevadas e cantos dos quartos são pontos comuns, assim como lugares próximos a tomadas e que possam ser discretamente encobertos pela decoração.
Verificar itens fornecidos pelo estabelecimento, como carregadores de celular, também é crucial. Estes dispositivos podem incluir uma pequena luz indicativa, sob a qual uma câmera pode estar escondida.
Apesar de as câmeras serem feitas para serem discretas, elas não são extremamente pequenas. As lentes podem ser pequenas o suficiente para se esconderem em um buraco de tomada, mas o tamanho geral do dispositivo pode ser comparável ao de uma moeda, segundo Hugo Bernardes, especialista e mestre em engenharia eletrônica do Instituto Mauá de Tecnologia.
Bernardes esclarece que câmeras extremamente pequenas não são comumente acessíveis e tendem a ser caras. Portanto, as câmeras encontradas normalmente são um pouco maiores, acompanhadas de um circuito para alimentação. Existem modelos com bateria, mas a duração destas é geralmente limitada.
Além disso, é possível utilizar ferramentas mais avançadas para detectar dispositivos conectados ao Wi-Fi ou adquirir detectores de radiofrequência para localizar câmeras ocultas. No entanto, esses métodos podem envolver aspectos técnicos complexos, o que pode causar mais confusão do que auxílio na busca.
A eficácia da detecção de emissões de frequência também pode ser comprometida pela presença de outros dispositivos eletrônicos. Bernardes destaca que aparelhos comuns como celulares, notebooks, lâmpadas inteligentes, redes Wi-Fi e rádios já emitem radiofrequência, o que pode interferir na busca.
Apesar das medidas preventivas, é importante não permitir que a preocupação excessiva afete momentos de descanso e lazer. Não é possível garantir 100% de segurança em acomodações ou espaços públicos em geral.
É essencial manter um equilíbrio, como sugere Armellini: “Precisamos ter cuidado para não cair em paranoia. Caso contrário, acabaremos por não viver plenamente”.