Você já se perguntou o que acontece com nossa consciência quando nos aproximamos da morte? Como a mente humana lida com a transição entre a vida e o desconhecido? Estas são questões complexas que intrigam cientistas e filósofos há séculos, e que ganham uma nova perspectiva através dos relatos de quem já esteve à beira do fim.
O psiquiatra Peter Fenwick, com uma carreira dedicada ao estudo de fenômenos de quase morte, dedicou-se a entender essas experiências fascinantes. Ao longo de sua trajetória, ele reuniu histórias de pessoas que vivenciaram momentos extraordinários, muitas vezes além da compreensão humana.
Em seu livro The Truth in the Light, publicado em 1995, Fenwick compilou relatos de mais de 300 pessoas que viveram experiências de quase morte. Essas histórias não apenas revelam uma nova dimensão da percepção humana, mas também levantam questões sobre o que realmente acontece com nossa consciência durante situações extremas.
Fenwick documentou desde sensações de flutuar fora do corpo, até encontros com parentes falecidos e a visão de uma luz intensa no fim de um túnel. Para o psiquiatra, esses fenômenos oferecem uma janela para o desconhecido e uma oportunidade de explorar a natureza da vida e da morte de uma maneira única.
Fenwick não era apenas um pesquisador; ele era também alguém profundamente interessado no que esses relatos poderiam revelar sobre a mente humana. Seus estudos não visavam apenas coletar histórias, mas entender o impacto psicológico dessas experiências.
Ao estudar os fenômenos, ele procurava trazer uma nova compreensão sobre como o ser humano percebe a vida, a morte e as transições entre os dois estados. Seu trabalho, que desafiava a ciência tradicional, ajudou a dar voz a algo até então marginalizado — a experiência subjetiva de quem esteve, de alguma forma, entre a vida e a morte.
A seguir, trazemos trechos dessas histórias emocionantes que foram reunidas por Fenwick, as quais nos convidam a refletir sobre a fragilidade da vida e os mistérios da morte.
A morte de Peter Fenwick e suas descobertas
O psiquiatra escreveu o livro The Truth in the Light (1995) ao lado de sua esposa, Elizabeth. A obra reúne relatos de mais de 300 pessoas que passaram por experiências de quase morte, categorizando-as em diferentes tipos, como “experiências fora do corpo”, “aproximando-se da luz”, “encontro com parentes” e “revisão da vida”.
O encontro com parentes
Dawn Gillott estava em um hospital na Inglaterra em 1987, se recuperando de uma cirurgia de emergência, quando de repente sentiu-se flutuando acima de seu corpo e atravessando um túnel. Ao chegar a um campo aberto, encontrou seu avô, que havia falecido sete anos antes.
“Havia um banco à direita onde meu avô estava sentado. Sentei-me ao lado dele. Ele me perguntou como estava minha família e eu disse que estávamos bem. Mas ele se mostrou preocupado com meu filho, dizendo que ele precisava da mãe. Fiquei tentada a ficar com ele, mas ele insistiu que eu voltasse para cuidar dos meus filhos. Quando perguntei se ele viria me buscar quando chegasse minha hora, ele respondeu: ‘Sim, estarei de volta em quatro…’ e foi quando meu corpo saltou. Eu percebi que havia retornado à UTI”.
Em 1986, Avon Pailthorpe estava dirigindo sob chuva forte quando seu carro aquaplanou e ela foi lançada para dentro de um túnel.
“Quando o túnel clareou, senti a presença de seres, não os vi, mas sentia suas mentes. Eles discutiam se eu deveria voltar ou não. Isso me deu uma sensação de segurança, pois sabia que não era minha responsabilidade decidir. Não pude influenciar a decisão deles, mas sabia que fosse qual fosse, seria a certa”.
A revisão da vida
Allan Pring passou por uma cirurgia em 1979 e perdeu a consciência devido à anestesia. Durante esse período, teve uma revisão de sua vida, incluindo momentos da infância que ele já havia esquecido.
“Minha vida passou diante de mim como um flash. Eu revivi ocorrências das quais nem me lembrava, algumas das quais me causaram vergonha, mas também houve momentos que me fizeram sentir orgulho. No geral, percebi que minha vida poderia ter sido melhor, mas também poderia ter sido muito pior”.
As histórias de Fenwick, junto com minha própria vivência, revelam como as experiências de quase morte podem alterar a percepção das pessoas sobre a vida, a morte e a fragilidade do corpo humano.
A exploração dessas vivências, assim como as reflexões sobre a natureza da nossa existência, continuam a fascinar e inspirar aqueles que buscam entender o mistério da vida após a morte.
O Segredo