Especialistas explicam causas, efeitos e caminhos para lidar com esse sentimento que afeta tantos casais

Por trás de muitas discussões, ciúmes excessivos ou silêncios desconfortáveis entre casais, há um sentimento que costuma passar despercebido: a insegurança. Embora seja comum em qualquer relação afetiva, quando não identificada e trabalhada, ela pode comprometer o equilíbrio emocional e até a continuidade do relacionamento.

“A insegurança geralmente nasce de experiências passadas mal resolvidas, baixa autoestima ou falta de comunicação entre o casal. É como um alarme interno que dispara toda vez que a pessoa sente que pode perder o outro, mesmo sem motivos concretos”, explica a psicóloga e terapeuta de casais Camila Soares.

Segundo um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE), 68% das pessoas afirmam já ter se sentido inseguras em um relacionamento amoroso. O número reforça que essa é uma experiência mais comum do que se imagina — e, ao contrário do que muitos pensam, não atinge apenas pessoas tímidas ou com histórico de traições.

“Mesmo quem está em um relacionamento estável pode sentir medo de não ser suficiente, de não corresponder às expectativas do outro ou de ser comparado com experiências anteriores. A insegurança é, na verdade, um pedido de cuidado emocional”, avalia o psiquiatra Luiz Henrique Moraes, especialista em saúde mental de casais.

Sinais de alerta

Sentir uma ponta de dúvida de vez em quando é normal. Mas quando a insegurança passa a interferir nas decisões do casal, pode ser sinal de que algo mais profundo precisa ser revisto. Entre os sinais mais comuns estão:

• Necessidade constante de reafirmação do parceiro;
• Ciúmes exagerado ou vigilância nas redes sociais;
• Medo intenso de ser abandonado;
• Evitar conversas difíceis por medo de rejeição.

“Quando uma pessoa começa a moldar suas atitudes para não desagradar o outro, ou quando vive sob a expectativa de ser deixada, isso deixa de ser apenas uma sensação passageira e passa a ser um padrão emocional prejudicial”, alerta Camila Soares.

Como lidar com a insegurança

A boa notícia é que a insegurança pode ser trabalhada. O primeiro passo, segundo os especialistas, é reconhecer o sentimento e não se culpar por ele.

“Admitir que está inseguro é um ato de coragem. Isso abre espaço para a vulnerabilidade saudável dentro da relação”, diz Luiz Henrique Moraes. Ele recomenda que, sempre que possível, o casal converse abertamente sobre os desconfortos: “Transparência emocional é mais importante do que perfeição comportamental.”

Buscar apoio profissional também é uma alternativa eficaz, especialmente quando a insegurança está relacionada a traumas anteriores ou à autoestima. A psicoterapia individual ou em casal pode ajudar a ressignificar experiências e criar vínculos mais seguros.

Construindo relações mais seguras

A construção de um relacionamento seguro não depende apenas do outro, mas de um trabalho interno de cada indivíduo. Fortalecer a autoconfiança, reconhecer o próprio valor e praticar o diálogo aberto são passos essenciais nesse processo.

“Relacionamentos saudáveis são construídos com base em confiança, respeito mútuo e liberdade emocional. Não é sobre estar no controle o tempo todo, mas sim sobre se sentir confortável para ser quem se é, com falhas e tudo”, finaliza a psicóloga Camila Soares.

Olga Cruz