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Mulher agredida por músico denuncia anos de violência em novo depoimento

A jornalista vítima de agressões pelo músico Philipe Calazans prestou novo depoimento na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) nesta quinta-feira (13). Desta vez, a vítima apresentou novas provas e laudos psicológicos que comprovam que as agressões verbais e morais ocorreram ao longo de quatro anos de relacionamento.

Philipe Calazans, cantor que agrediu namorada jornalista (Foto: Reprodução/Redes sociais)

No primeiro depoimento, a vítima relatou apenas os acontecimentos do dia da agressão. Agora, com mais clareza e amparada por laudos psicológicos e o depoimento de sua filha mais velha, que presenciou diversos episódios de violência, ela busca demonstrar que os abusos foram progressivos.

“Hoje, com a cabeça um pouco mais no lugar, consigo fazer um compilado de tudo o que aconteceu nesses quatro anos e que resultou nessa agressão violenta que sofri. Tenho uma fratura no nariz, uma cicatriz na testa e hematomas pelo corpo. Mas o que acontece todos os dias é a agressão psicológica”, declarou a vítima.

Ela também criticou a decisão judicial que concedeu liberdade ao agressor e destacou a falta de segurança que sente mesmo após a concessão de medidas protetivas.

A vítima ressaltou que a medida protetiva que estabelece um raio de 200 metros de distância entre ela e o agressor não é suficiente para garantir a segurança.

“A medida protetiva que foi expedida preconiza que ele fique distante a 200m do raio da minha casa. Isso não comporta nem o mercado do meu bairro. Sem contar que em 200 m, ele decidindo invadir, quebrar essa medida, ninguém vai ter tempo hábil para me socorrer”, relata.

Outro ponto questionado pela jornalista é o direito concedido ao músico de visitar a filha, mesmo após a violência cometida na frente da criança.

“Minha filha estava no meu colo quando fui agredida. A gente vai lutar para que ele não tenha mais acesso a minha filha, tampouco a nós, a mim e as minhas outras filhas.”, questionou.

Violência psicológica

A vítima descreveu a escalada da violência, explicando como a agressão psicológica antecede a física e mantém a vítima presa ao ciclo de abuso.

“As violências são sutis, por isso que ele consegue conduzir um relacionamento por muito tempo. Elas acontecem, por exemplo, com aquela coisa do ‘bate assopra’ e a vítima fica nessa incógnita de quem que é a pessoa e do que que está acontecendo ali”, declarou.

Ela também revelou episódios de perseguição e coação, características comuns em perfis de agressores.

“Se a gente permite que seja escalonado, pode chegar a morte, como aconteceu com a minha amiga Vanessa, como poderia ter acontecido comigo.”

Decisão judicial

O advogado da vítima, Luiz Kevin Barbosa, criticou a justificativa do desembargador Fernando Paes de Campos, que considerou o caso um “fato isolado” e concedeu liberdade ao agressor com medidas cautelares.

“A decisão desconsiderou o histórico de violência. O agressor não precisa reincidir para ser preso. No primeiro delito, muitas vezes a mulher já morre”.

Ele também elogiou o trabalho da polícia, ressaltando que a falha ocorreu na instância judicial.

“As delegadas fizeram tudo certo, pediram a prisão do agressor e estavam cogitando uma nova solicitação. Mas o desembargador não tinha acesso a todo o material. Agora, com novas provas anexadas ao processo, esperamos que essa decisão seja revista”.

Fonte: Primeira Página

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